porque convergimos e integramos com AMOR, VERDADE, RETIDÃO, PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA

dedicamos este espaço a todos que estão na busca de agregar idéias sobre a condição humana no mundo contemporâneo, através de uma perspectiva holística, cujos saberes oriundos da filosofia, ciência e espiritualidade nunca são divergentes; pelo contrário exige-nos uma postura convergente àquilo que nos move ao conhecimento do homem e das coisas.
Acredito que quanto mais profundos estivermos em nossas buscas de respostas da consciência melhor será para alcançarmos níveis de entendimento de quem somos nós e qual o propósito que precisaremos dar as nossas consciências e energias objetivas e sutis para se cumprir o projeto de realização holística, feliz, transcendente, consciente e Amorosa.

"Trata-se do sentido da unidade das coisas: homem e natureza, consciência e matéria, interioridade e exterioridade, sujeito e objeto; em suma, a percepção de que tudo isso pode ser reconciliado. Na verdade, nunca aceitei sua separatividade, e minha vida - particular e profissional - foi dedicada a explorar sua unidade numa odisseia espiritual". Renée Weber

PORTANTO, CONVERGIR E INTEGRAR TUDO - TUDO MESMO! NAS TRÊS DIMENSÕES:ESPIRITUAL-SOCIAL-ECOLÓGICO

O cientista (psicólogo e reitor da Universidade Holística - UNIPAZ) PIERRE WEIL (1989) aponta os seguintes elementos para a falta de convergência e integração da consciência humana em geral: "A filosofia afastou-se da tradição, a ciência abandonou a filosofia; nesse movimento, a sabedoria dissociou-se do amor e a razão deixou a sabedoria, divorciando-se do coração que ela já não escuta. A ciência tornou-se tecnologia fria, sem nenhuma ética. É essa a mentalidade que rege nossas escolas e universidades"(p.35).

"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo" Albert Einstein

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

TUDO QUE NECESSITAMOS É AMOR: MINHAS EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS ENTRE 1988 E 1992



TUDO QUE NECESSITAMOS É AMOR: MINHAS EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS ENTRE 1988 E 1992


(número 6... CAP.3 parte I A NATUREZA DA CONSCIÊNCIA HUMANA: O CONFLITO EXISTENCIAL ENTRE O SER E O DEVIR   ....obs.: Prezados leitores quem quiser continuar acompanhar a série TUDO QUE NECESSITAMOS É AMOR: MINHAS EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS INEXPLICÁVEIS E EXTRAORDINÁRIAS....por favor visite o site no  link  http://bernardomelgaco.blogspot.com.br/  .ou o site Educação Para o Terceiro Milênio  ver link... https://www.facebook.com/EducacaoParaOTerceiroMilenio
Obrigado... Namastê!
“Senhor, eu sei que Tu me Sondas...”
“Conhece-te a ti mesmo” – Sócrates (ver link...carta encíclica ”fé e razão” do Papa João Paulo II.. http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_15101998_fides-et-ratio_po.html)
“All you need is love” (Lennon/MaCartney)
"o problema humano é o mesmo do problema divino quando se consegue responder um então conseguimos responder o outro" Bernardo Melgaço da Silva
“O Humano e Deus são os dois lados da mesma moeda” Bernardo Melgaço da Silva

A NATUREZA DA CONSCIÊNCIA HUMANA
            Assim como existe a fronteira entre a ignorância e o conhecimento também existe a fronteira entre o conhecimento e o autoconhecimento. Pode o ignorante compreender o universo de um cientista e intelectual? Da mesma forma, pode um intelectual compreender o universo do santo e místico? Certamente não. As fronteiras que delimitam estes universos, separam realidades distintas, ainda que os ignorantes , cientistas e santos estejam aparentemente no mesmo "plano de existência". A fronteira que delimita o ignorante do cientista chamaremos de CONHECIMENTO, e a fronteira que delimita o cientista do santo chamaremos de SENSIBILIDADE.
            A realidade não é somente aquilo que percebemos. Aquilo que não percebemos não deixa, apenas por esta razão, de existir. Assim, o cientista não percebe diretamente o elétron, apenas indiretamente, por seus efeitos, o que não o impede de afirmar-lhe a existência. O que percebemos está inserido dentro de uma faixa ou cone de percepção. A medida que aumentamos a sensibilidade do cone de percepção novas sinalizações de fenômenos são captadas do mundo "irreal".                                      
"No dizer de Héyoan, cada um de nós tem um cone de percepção através do qual percebemos a realidade. Podemos usar a metáfora da freqüência para explicar esse conceito, significando o que cada um de nós é capaz de perceber dentro de certa faixa de freqüência.
 Como humanos, tendemos a definir a realidade pelo que podemos perceber. Essa percepção inclui não somente todas as percepções humanas normais mas também suas extensões através dos instrumentos que construimos, como o microscópio e o telescópio. Aceitamos como real tudo o que está dentro do nosso cone de percepção, e como irreal tudo o que está fora dele. Se não podemos perceber alguma coisa, a razão é que ela não existe.
Toda vez que construimos um novo instrumento, aumentamos o cone de percepção e mais coisas são percebidas, de modo que elas se tornam reais" (BRENNAN,1990,p.242).

            Mas será que podemos compreender algo sem que, para tanto, tenhamos que empregar esforço mental ou emocional? Acredito que não, pelo menos para o nível "normal" de consciência humana.
            Podemos afinal efetivamente estudar o ser humano, ou mais precisamente, a consciência humana? A resposta positiva para essa pergunta tem por obstáculo fundamental o fato de se tratar de um estudo em que o "objeto" é ao mesmo tempo sujeito. Como pode um observador caracterizar um "objeto" se elementos como orgulho, pretensão, ansiedade, tensão, carência afetiva, auto-afirmação, insegurança, falta de confiança no outro ou em si mesmo,etc.- afetam a observação e interferem no "objeto" estudado? A "ciência oficial" estuda, no homem, o produto das descobertas mas não o "metaproduto" das descobertas. Um produto por exemplo seria a equação de Einstein -E = mc2-, enquanto que o metaproduto seria o trabalho de "sutilização da sensibilidade" que Einstein executou em si mesmo para chegar a esta descoberta. O conhecimento da natureza do produto e do "metaproduto" não é idêntico, mas complementar. Em se tratando do ser humano o produto é a sua percepção OBJETIVA e o "metaproduto" sua consciência de si NãO-OBJETIVA. Segundo JUNG (1991):
 "O ideal e objetivo da ciência não consistem em dar uma descrição, a mais exata possível, dos fatos - a ciência não pode competir com a câmara fotográfica ou com o gravador de som - mas em estabelecer a lei que nada mais é do que a expressão abreviada de processos múltiplos que, no entanto, mantêm certa unidade. Este objetivo se sobrepõe, por intermédio da concepção, ao puramente empírico, mas será sempre, apesar de sua validade geral e comprovada, um produto da constelação psicológica subjetiva do pesquisador. Na elaboração     de teorias e conceitos científicos há muita coisa de sorte pessoal. Há também uma equação pessoal psicológica e não apenas psicofísica. Enxergamos cores, mas não o comprimento das ondas. Esta realidade bem conhecida deve ser levada em conta na psicologia, mais do que em qualquer outro campo. O efeito dessa equação pessoal já começa na observação. Vemos aquilo que melhor podemos ver a partir de nós mesmos. Assim, vemos, em primeiro lugar, o cisco no olho do irmão. Sem dúvida o cisco está lá, mas a trave está no nosso olho - e perturbará de certa forma o ato de ver. Desconfio do princípio da "pura observação" na assim chamada psicologia objetiva, a não ser que nos limitemos á lente do cronoscópio, taquistoscópio e outros aparelhos "psicológicos". Assim nos garantimos também contra uma demasia exploração dos fatos psicológicos da experiência. Esta equação pessoal psicológica aparece mais ainda guando se trata de expor ou comunicar o que se observou, sem falar da concepção e abstração do material experimental. Em parte alguma, como no campo da psicologia, é exigência absolutamente básica que o observador e pesquisador sejam adequados a seu objeto, no sentido de serem capazes de ver uma e outra coisa. Exigir que só se olhe objetivamente nem entra em cogitação, pois isto é demais. O fato de a observação e a interpretação subjetivas concordarem com os fatos objetivos prova a verdade da concepção apenas na medida em que esta última não pretenda ser válida em geral, mas tão-somente para aquela área do objeto que está sendo considerada. Nesse sentido, é exatamente a trave no nosso próprio olho que nos possibilita ver o cisco no olho do irmão. E nesse caso a trave no nosso olho não prova que o irmão não tenha um cisco no seu olho, como ficou dito. Mas a pertubação de nossa visão leva facilmente a uma teoria geral de que todos os ciscos são traves. Reconhecer e levar em consideração o condicionamento subjetivo dos conhecimentos em geral e dos conhecimentos psicológicos em particular é a condição essencial e correta de uma psique diferente da do sujeito que observa. Esta condição só será satisfeita quando o observador estiver suficientemente informado sobre a extensão e a natureza de sua própria personalidade. E só poderá estar suficientemente informado quando se tiver libertado da influência niveladora das opiniões coletivas e, assim, tiver chegado a uma concepção clara de sua própria individualidade" (pp.25-27).   

            A consciência do homem está relacionada aos princípios intrínsecos de desenvolvimento da percepção física e metafísica. O movimento e a evolução desses princípios acarretam uma mudança de percepção, fazendo com que a percepção se volte sobre si mesma. Esse "giro" de percepção pode engendrar um novo estado de sensibilidade ou um novo ângulo de visão em nosso estado psicológico.
"É no exercício da mente que está o nó da questão. A mente humana é aparentemente um instrumento que pode ser empregado em duas direções. Uma é para o exterior: A mente, ao funcionar neste modo, registra os nossos contactos com o mundo físico e o mundo mental em que vivemos, e reconhece as condições emotivas e sensoriais. É o registrador e o que correlaciona as nossas sensações, reações e tudo o que lhe é transmitido por intermédio dos cinco sentidos e do cérebro. É um campo de conhecimento que foi largamente estudado e os psicólogos fizeram grandes avanços na compreensão dos processos de mentalização. "Pensar", diz-nos o Dr.Jung, "é uma das quatro funções psicológicas básicas. É esta função psicológica que, de acordo com as suas próprias leis, modela as representações dadas em suas conexões conceituais. É uma atividade perceptiva, tanto passiva como ativa. O pensamento ativo é um ato de vontade , o pensamento passivo uma ocorrência".
 Como veremos mais tarde, é o aparelho do pensamento que está envolvido na meditação e que deve ser treinado para acrescentar a esta primeira função da mente a capacidade de se voltar para outra direção, e de registrar com igual facilidade o mundo interno e intangível. Esta habilidade para reorientar-se permitirá à mente registrar o mundo das realidades subjetivas, das percepções intuitivas e das idéias abstratas.
 O problema que hoje se põe para a família humana, no domínio da ciência e da religião, resulta do fato que o seguidor de uma e de outra descobre se encontrar no limiar dum mundo metafísico" (BAILEY, 1984, pp.14-15).

            É através desse novo estado de percepção que percebemos uma realidade mais sutil e interdependente. Ao elevarmos nosso nível de sensibilidade operamos como uma "subida" para um ponto mais alto da "pirâmide-realidade", que é grande e diversificada em sua base, e é una e sem diversificação no ápice. O homem se encontra em algum lugar entre a base e o ápice. Quanto mais próximos da base mais dependentes estamos dos nossos cincos sentidos imediatos, ao passo que quanto mais nos aproximamos do ápice mais deles independentes ficamos.

3.1  O CONFLITO EXISTENCIAL ENTRE O SER E O DEVIR  
            O dilema se coloca: como perceber algo que está transformando nossa realidade, mas se encontra num plano superior da nossa existência? O mais elevado é um devir da nossa existência. Sua compreensão só se torna possível quando nos habilitamos a alcançá-lo, fazendo com que nossas afirmações a seu respeito possam ser fundadas em conhecimentos por nós experienciados. Seremos tanto mais fiéis em nossas interpretações, quanto mais nossas experiências forem mais profundas em nossa própria estrutura físico-psíquico-espiritual. Parece, assim, estar a nós reservada a tarefa mais díficil: o autodescobrimento. Só quem se predispõe a penetrar no interior da consciência pode avaliar o quanto é árdua a tarefa de auto-conhecimento. Essa penetração pode ser comparada à entrada na atmosfera terrestre de uma nave espacial que retorna à sua base física. É uma tarefa a ser realizada com prudência e discernimento, pois há sempre o risco de a nave ser destruída ou seriamente danificada. RICHARD BACH (1970) aborda esse assunto, no livro "A História de Fernão Capelo Gaivota", da seguinte forma:                   
        
 "O truque, Chico, é que devemos tentar ultrapassar as nossas limitações progressiva e pacientemente. Voar através de rochas já faz parte de um programa mais avançado" (p.140).    
                     
  E continuando a abordagem de BACH (1970) temos:  
"Oh! Vamos, Chico, pense. Se você está falando comigo neste momento é porque, como é óbvio, não morreu, não acha? O que você conseguiu fazer foi modificar o seu nível de consciência de modo um pouco brusco" (p.142).
            Vejamos o que diz GANDHI (apud CLARET,1985):
 "Para aquele que está em grau de controlar o próprio pensamento, tudo o resto se torna simples jogo de criança" (p.49)     

            A distinção entre as sensibilidades física e metafísica pode ser distorcida quando se pretende explicar o nível mais elevado a partir do menos elevado, o mais complexo a partir do menos complexo, numa atitude reducionista. Isso se expressa no grande número de definições do homem, que buscam classificá-lo ora como um animal extraordinariamente inteligente, ora como um ser com um cérebro excepcionalmente grande, ora como um animal fabricante de utensílios, ora como um animal político, ou ainda, simplesmente, como um macaco nu. O que a perspectiva reducionista não consegue ver é que essencialmente somos um devir, ansiosos para sermos o ser que não somos ainda. Uma ansiedade que pode até mesmo criar um bloqueio de percepção daquilo que genuinamente já somos. Vejamos o que diz MARTINS (1966):
 "Nada é tão parecido com o homem como Deus. Somo-lhes semelhantes e dessemelhantes, segundo S.Agostinho. Por isso, ao mesmo tempo. Ele nos inflama e nos apavora. Não podia ser de outro modo, se o homem é a mais perfeita imagem de Deus. 
 O encontro do homem é necessariamente o encontro d'Ele. Mas a plenitude da Sua presença pode parecer muitas vezes, aos nossos olhos de carne, uma ausência" (p.19)
                       
            Analisemos um pouco mais o pensamento desse autor:
   "Há em nós uma contradição . Queremos ser e, em vez de ser, estamos sobre o ser, estamos a pensar o ser.   
 Pensar também é ser: cogito, ergo sum. Mas há ser e ser, como há vida e vida.
 Temos de pôr de lado o pensamento, e ser em realidade, em vez de pensar, se há uma opção a fazer entre eles, e o pensamento se não identifica com a forma de existir" (p.15).

  O paradoxo existencial da percepção humana pode ser exemplificado pela relação fé x trabalho. Para adquirirmos fé necessitamos trabalhar, ou seja, exercitar-nos espiritualmente em meio às inúmeras experiências de nossas vidas. Por outro lado, para adquirirmos vontade suficiente para esse trabalho, necessitamos ter um certo grau de fé naquilo que nos propusermos a realizar. A fé fortalece a vontade de trabalhar. O trabalho realimenta a fé. A experiência humana depende de uma relação entre o objeto e o sujeito: o homem e a paisagem, o homem e outro homem. A experiência não existe por si mesma, mas se realiza na relação comunicativa e na intencionalidade, numa situação determinada. É no interior desse contexto que o homem pode encontrar sentido para o seu viver. O desenvolvimento das sensibilidades física e metafísica está intimamente relacionado aos sistemas e níveis de percepção biológico e metabiológico do homem. Para explicitar essa necessária diferenciação, adotarei como convenção a expressão "percepção (y)" para me referir àquela associada aos sistemas biológicos, e a expressão "percepção (z)" para me referir àquela associada aos sistemas metabiológicos.
            A partir dessa perspectiva, o trabalho humano necessitará ser re-conceituado. Não podemos apenas identificá-lo com o emprego submisso aos paradigmas de progresso, produtividade e eficiência, hegemônicos na civilização da modernidade. Existe uma percepção (z) do trabalho. Ela expressa o trabalho de abertura e expansão da consciência humana ao Espírito. Nessa abertura o trabalho é primordialmente um "exercício espiritual" uma busca de Deus em todas as coisas do mundo.
            Um estudante de matemática ao se concentrar nos exercícios, de cálculo, por exemplo, está praticando um trabalho de "percepção (y)". Dependendo da intensidade de seu trabalho, o estudante formará um campo de percepção mental que tem, como resultado, diversas aplicações em várias áreas do conhecimento. Estas aplicações pertencem ao domínio da "percepção (y) do trabalho". O desenvolvimento de um "trabalho de percepção (y)" está, portanto, associado a uma "percepção (y) de trabalho", de modo que há uma retroalimentação.      
            Um exercício espiritual é um trabalho de "percepção (z)". Ele pode se apoiar sobre um aprimoramento da sensibilidade física, e portanto sobre trabalhos de "percepção (y)", na busca por melhor compreender as relações "externas" da natureza no processo de edificação e manutenção da vida. Mas um trabalho de "percepção (z)" visa fundamentalmente ao aprimoramento da sensibilidade metafísica, e a abertura da vida à espiritualidade. Essa abertura se realiza num percurso ascensional entre os diversos níveis existenciais de consciência ("estados da alma"), onde os trabalhos de "percepção (y)" são produtos e o trabalho de "percepção (z)" é o metaproduto.
 "O treinamento, porém, transforma a natureza das nossas experiências espirituais. No devido tempo, o contato com um poema obscuramente belo, uma elaborada peça de contraponto ou um raciocínio matemático, levam-nos a sentir diretas intuições de beleza e significado. Acontece o mesmo no mundo moral. Um homem que se tenha treinado na bondade vem a adquirir certas intuições diretas quanto ao caráter, quanto às relações entre os seres humanos, quanto à sua própria posição no mundo - intuições que são inteiramente diferentes das que poderia ter em média um homem sensualista. O conhecimento está sempre em função do ser. O que percebemos e compreendemos depende do que somos; e o que somos depende, parcialmente, das circunstâncias, e parcialmente e de modo mais profundo da natureza dos esforços para realizar o nosso ideal e da natureza do ideal que havemos tentado realizar" (HUXLEY,1975,pp.270-271).

            Há um sentido exteriorizante e indireto, característico da "percepção (y)", e um sentido interiorizante e direto, característico da "percepção (z)". Existe ainda uma relação entre percepção do trabalho e trabalho de percepção. Para percebermos os níveis mais sutis e profundos das relações de trabalho precisamos desenvolver um trabalho de "percepção (z)". Conseguimos perceber o trabalho de "percepção (y)" através da "percepção (z)" porque os dois elementos -percepção (y) e trabalho - estão no mesmo nível existencial de consciência, enquanto a percepção (z) está em nível que lhes é superior.
            Criamos nossos "modelos de vida" acreditando assim superar conflitos íntimos, e nos apegando a um sentido externo e indireto da realidade, formulado tanto por nossa educação quanto por nossos condicionamentos. Nos defrontamos assim com sujeitos que, através de um sistema de percepção e de trabalho incompleto e distorcido pretendem, explicar a verdade dos objetos do mundo real. Com relação a isto GUÉNON (1977) nos alerta :  
 "Ai de vós, guias cegos", diz-se no Evangelho; hoje, efetivamente, só se vêem por toda a parte cegos que conduzem outros cegos e que, se não forem detidos a tempo, os conduzirão fatalmente ao abismo, onde cairão com eles"(p.110).  
            E segundo JUNG (1984):
 "A impressão que a mente ingênua tem é a de que qualquer interioridade invisível se torna exterioridade visível, e que todo valor se fundamenta exclusivamente sobre a pretensa realidade dos fatos" (p.284).

            O sofrimento humano advém do que ele resiste em seguir a voz da consciência, como se, esquecendo-a, solucionasse os problemas e os conflitos diários. Em relação a esta questão de seguir a voz da consciência - a voz interior - analisemos a carta que Einstein escreveu à Born no final de 1926 (apud,PAGELS, 1982):
 "A mecânica quântica está sem dúvida a impor-se. Mas uma voz interior diz-me que ainda não é a verdadeira imagem da realidade. A teoria diz muito, mas não nos traz mais perto do segredo do "velho"" (p.98).
            Analisemos o que diz PAGELS (1982):
 "O jovem Einstein era um boêmio e um rebelde que se identificava com o mais elevado e o melhor do pensamento humano. Durante o seu período de intensa criatividade, de 1905 a 1925, ele parecia estar em comunicação direta com o "Velho" - o seu termo para o Criador ou Inteligência da natureza. Possuía o dom especial de atingir o centro dos problemas com argumentos simples e convincentes" (p.45).

            Podemos ver nas afirmações de Einstein a vontade dele de seguir a voz interior da consciência. A mesma situação poderemos encontrar nas afirmações de DESCARTES (1935):
 "...haver conservado juntamente com as verdades da fé, que tiveram sempre o primeiro lugar em minhas crenças, achei que poderia abandonar livremente as minhas outras opiniões" (p.39).

            Analisemos mais um pouco o que diz Descartes:
 "tornando a examinar a ideia que fazia de um ser perfeito, achei que a sua existência estava nele compreendida do mesmo modo que, na de um triângulo, está que os seus três ângulos são iguais a dois retos, ou, na de uma esfera, que todos os seus pontos são eqüidistantes do centro, ou com evidência ainda maior. Portanto, é pelo menos tão certo que Deus, esse ser perfeito, é ou existe, quanto o pode ser qualquer demonstração geométrica.
 Mas, o que faz com que sejam tantos os que se convencem da dificuldade em conhecê-lo e em conhecer também o que é alma, é o fato de não elevarem nunca o pensamento acima das coisas sensíveis, e estarem de tal forma habituados a só considerar as coisas por meio de imagens, o que é um modo de pensar peculiar às coisas materiais, que tudo o que não pode ser assim representado lhes parece ininteligível" (pp.48-49).

   O que Descartes queria dizer com "elevarem nunca o pensamento acima das coisas sensíveis"? E GANDHI (apud ATTENBOROUGH, 1982) assim se referia a voz interior:
 "O único tirano que aceito neste mundo é a voz interior, suave e serena" (p.20).

  A "ciência oficial" não percebe que hoje há alguma coisa incompleta e distorcida no processo, de "desenvolvimento" e "progresso". Seus cientistas e tecnólogos evitam sistematicamente trabalhar a "percepção (z)" de suas consciências. Provavelmente alegarão que a ansiedade e angústia existiram ao longo de toda história do homem, e apontarão uma série de benefícios médicos e psicológicos contemporâneos, desconhecidos de outras épocas. Fica inócua qualquer tentativa de convencer-lhes do erro que estamos cometendo. Vejamos o que disse EINSTEIN (1981):
 "O engenho dos homens nos ofereceu, nos últimos cem anos, tanta coisa que teria podido facilitar uma vida livre e feliz, se o progresso entre os homens se efetuasse ao mesmo tempo que os progressos sobre as coisas. Ora, o laborioso resultado se assemelha, para nossa geração, ao que seria uma navalha para uma criança de três anos. A conquista de fabulosos meios de produção não trouxe a liberdade, mas as angústias e a fome.
 Pior ainda, os progressos técnicos fornecem os meios de aniquilar a vida humana e tudo o que foi duramente criado pelo homem" (p.78).
            As pesquisas da Física apontam para a ordem subjacente ao caos. Porque estaríamos nós fora do governo destas leis? Temos uma compulsividade em colocar ordem no caos. Utilizamos a percepção incompleta da sensibilidade física para se estabelecer a ordem. Em nossa percepção incompleta e distorcida, o que é caos aceitamos como ordem e o que é ordem vemos como caos. Interferimos no que não deve ser alterado, e não movemos uma palha para efetivar modificações necessárias e urgentes. Queremos colocar ordem nos outros, quando o caos está presente em nós mesmos. O homem precisa urgentemente descobrir a relação entre matéria, vida e consciência para saber o significado da palavra VERDADE. Significado esse que é ao mesmo tempo uma exigência de disponibilidade para com as palavras do Evangelho do Cristo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Construiremos uma nova realidade quando soubermos trabalhar a matéria, a vida e a consciência. Para cada plano de existência, precisamos ter um trabalho de transformação da matéria, uma mobilidade de vida e um nível apropriado de consciência. Segundo GANDHI (apud CLARET,1985):
 "Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros" (p.63). 

            E ainda segundo GANDHI (ATTENBOROUGH,1982):
 "É porque no momento todos estão reivindicando o direito da livre consciência, sem se submeter a qualquer disciplina, que há tanta inverdade sendo apresentada a um mundo aturdido" (p.13).

            A Física e a Biologia buscam compreender através do raciocínio científico a matéria e a vida. Seus trabalhos, no entanto, permanecem incompletos sem a sensibilidade metafísica. Certamente poderemos descobrir uma infinidade de leis e manifestações da matéria e da vida. O problema não é só descobrir, mas ter sensibilidade suficiente para utilizar as nossas descobertas de forma equilibrada. Descobrir sistemas inteligentes na área de informática certamente pode ser útil para o aprimoramento da humanidade, mas sem um trabalho na sensibilidade metafísica essas descobertas podem ser utilizadas contra o próprio homem, e os sistemas de produção cada vez mais sofisticados poderão escravizar o homem à máquina. Vejamos esta matéria publicada no Jornal do Brasil (BAKER,1991):
 "O professor de negócios Shoshana Zuboff, da Universidade de Havard, pediu a um grupo de escriturários cuja atividade havia sido recentemente computadorizada que se retratassem no trabalho através de desenhos. Eles desenharam pessoas presas a mesas, vestidas com roupas de presidiários, fechadas dentro de quatro paredes, privadas da luz do sol e de comida, cercadas por frascos de aspirinas, com pálpebras inchadas e olhos vermelhos. Essas figuras falam alto e bom som das mudanças que a computarização está levando aos escritórios - transformações potencialmente destrutivas da natureza do trabalho"(p.12)

            Existe uma relação hierárquica entre crença e fé. Esta relação somente pode ser observada pelos exercícios espirituais. O equilíbrio entre o exercício de crença e a crença nos exercícios espirituais estabelece a condição necessária para se alcançar o estado de consciência da fé. A prática desequilibrada entre exercício e crença pode conduzir as pessoas a comportamentos desequilíbrados de idolatria e/ou de manipulação religiosa de outras pessoas. O domínio e o equilíbrio entre exercício e crença é algo extremamente difícil, de forma que o ditado popular: "falar é fácil, mas fazer é difícil", se aplica também nesse caso. A compreensão do universo de fenômenos relatados pelas ciências da "sutilização da sensibilidade" depende também da prática com total envolvimento nas áreas de atuação do indivíduo. ECO (1984) vê esse envolvimento da seguinte forma:
           
 "Suspeitar que tudo possa ser possível significa não renunciar a nenhuma pista de indagação, aceitando porém ainda a possibilidade de que, se uma pista parecer boa, as demais possam configurar- se como inúteis. Mas dizer que tudo é possível significa dizer que tudo é verdadeiro, e é verdadeiro tudo junto, a ioga como a física nuclear, a elevação dos poderes psíquicos como a sociedade cibernética, a abolição da propriedade privada e a ascese mística. E esse comportamento não mais se chama curiosidade intelectual, mas sincretismo.      
[...] Fique bem claro que, quando Planéte nos recomenda não negligenciar nada daquilo que está acontecendo ao nosso redor, e ficar de olho nos resultados da antropologia, da física, da astronomia, da sociologia ou da teoria da informação, diz coisas santas. Mas ficar de olho não quer dizer juntar e aceitar tudo como válido, como se o trabalho tivesse terminado aí. Quer dizer, ao contrário, começar por esse ponto e ver se, numa nova situação cultural, é de algum modo possível reconstruir de forma crítica uma certa totalidade do saber. A diferença é aquela que existe entre uma soma algébrica e um simples amontoado adicional de elementos heterogêneos: em álgebra (a + b) (a - b) dá (a2 - b2). É uma nova forma construída criticamente e que traduz os dados da primeira. Mas, se eu somar três cavalos, oito conceitos, uma máquina de escrever e uma pílula anticoncepcional, terei sempre três cavalos, oito conceitos, uma máquina de escrever e uma pílula anticoncepcional. De novo não aconteceu nada. Aconteceu apenas que agora acredito ter entendido o mecanismo do real: e ao contrário não o entendi, justamente porque assumi em bloco as coisas como estavam, eu as hipostasiei numa noção fabulosa de "realidade" e não movi um dedo para operar com elas" (pp.106-107).     

            EINSTEIN (apud CLARET,1986) via assim:
 "A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a Teologia. Abrangendo os terrenos material e espiritual, essa religião será baseada num certo sentido religioso procedente da experiência de todas as coisas, naturais e espirituais, como uma unidade expressiva ou como a expressão da Unidade. O budismo corresponde a essa descrição" (p.61).
            E GANDHI (apud ATTENBOROUGH, 1982) assim se refere:
"Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível" (p.19).

            Nesse contexto é significativo nos lembrarmos que a tradição hindu nos fala de três tipos de austeridade para que se possa  alcançar a consciência de si mesmo: física, verbal e mental, que  são ,por assim dizer, a base do conceito do Dharma[1]. A  austeridade física é a prática de exercicíos de postura com objetivo de manter o corpo físico ativo e bem disposto. A austeridade verbal está relacionada à prática da boa conduta com os nossos semelhantes para manter a saúde do corpo emocional. A austeridade mental diz respeito ao controle necessário para a saúde do corpo mental e o equilíbrio do ser como um todo, através da vigilância constante dos pensamentos.
 "Em vista do fato de que o conhecimento está condicionado à natureza do ser, e que o ser pode ser profundamente modificado pelo treinamento, justifica-se que ignoremos a maioria dos argumentos por meio do qual os não-místicos têm procurado desacreditar a experiência dos místicos. A natureza de um homem daltônico é tal, que lhe falta competência para julgar, apreciar uma pintura. O daltônico não pode ser educado para ver as cores e, quanto a este aspecto, é diferente do músico indiano, que começa por achar as sinfonias européias simplesmente ensudercedoras e desnorteantes, mas que pode ser treinado, se o desejar, para perceber as belezas dessa espécie de música. De modo similar, a essência de uma pessoa não-mística é tal, que não pode compreender a natureza das intuições místicas. Como o músico indiano, porém, tal pessoa é livre, se assim o preferir, para adquirir alguma espécie de experiência direta daquilo que no momento não entende. Este treinamento é o que ela certamente achará extremamente tedioso: porque envolve, antes de mais nada, o comando de uma vida de constante consciência e ininterrupto esforço moral e, em seguida a incansável, firme prática da técnica de meditação, que provavelmente chega a ser tão difícil quanto a técnica a que se submete um violinista. Por mais tedioso que seja, porém, o treinamento pode ser levado a efeito por qualquer pessoa que o deseje. Aqueles que não se submetem ao treinamento não podem conhecer o tipo de experiência que se oferecem aos que a ele se submetem, e são tão pouco justificados em negar a validade daquelas intuições diretas de uma última realidade espiritual - ao mesmo tempo transcendente e imanente - como foram os professores de Pisa quando negaram, a priori, a validade da intuição direta de Galileo (que o telescópio veio a provar) quanto ao fato de que Júpiter possui mais de uma lua" (HUXLEY,1975,pp.271-272).
    Senhor, Eu sei que Tu me Sondas (música religiosa brasileira http://letras.mus.br/padre-marcelo-rossi/66350/ ). Bonita!!!!!!!!!!!!!!!!!
Senhor,
Eu sei que tu me sondas
Sei também que me conheces
Se me assento ou me levanto
Conheces meus pensamentos
Quer deitado ou quer andando
Sabes todos os meus passos
E antes que haja em mim palavras
Sei que em tudo me conheces
Senhor, eu sei que tu me sondas (4 vezes) Refrão
Deus, tu me cercaste em volta
Tuas mãos em mim repousam
Tal ciência, é grandiosa
Não alcanço de tão alta
Se eu subo até o céu
Sei que ali também te encontro
Se no abismo está minh'alma
Sei que aí também me amas
Senhor, eu sei que tu me sondas (4 vezes) Refrão
Senhor, eu sei que tu me amas (4 vezes) Refrão
Sugiro que assistam seis vídeos na Internet: “Quem somos nós? (baseado na física quântica...ver link http://www.youtube.com/watch?v=WDXFRvbe2VY)”, “I AM” (Sobre Tom Shadyac) , “As Sete leis Espirituais do Sucesso – de Deepak Chopra”, “O Ponto de Mutação – baseado no livro de Fritjof Capra ”, “Conversando com Deus” – baseado no livro publicado por Neale Donald Walsch ... Conversando com Deus (título original em inglês: Conversations with God) é uma série de três livros publicada por Neale Donald Walsch, que afirma ter sido inspirado diretamente por Deus em seus escritos. Cada livro é escrito como um diálogo no qual Walsch faz perguntas e "Deus" as responde. Walsch afirma ainda que não se trata de canalizações, mas de inspirações divinas. Em 2006, um filme foi lançado sobre a história do autor e seus livros... Ver link http://pt.wikipedia.org/wiki/Conversando_com_Deus), “A Unidade das Religiões: O Amor Universal – no site da Organização Sri Sathya Sai Baba do Brasil”.
Livros recomendados: “Mãos de Luz – de Barbara Ann Brennan, editora Pensamento”, “Medicina Vibracional – de Richard Gerber, editora Cultrix”, “Seu EU Sagrado – Dr. Wayne Dyer, Editora Nova Era”, “O Fluir do Amor Divino: Prema Vahini – Publicado por: Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil”.
Namastê!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – pensador livre holístico-transcendental: filósofo (praticante), cientista e espiritualista – Professor Universitário Aposentado da URCA (Universidade Regional do Cariri –CE).
Facebook: Bernardo Melgaço da Silva/ Educação Para o Terceiro Milênio
bernardomelgaco.blogspot.com
Nota: Em 1992 e 1998 fiz dois trabalhos científicos: dissertação de mestrado e tese de doutorado respectivamente. E nesses dois trabalhos, que tem uma cópia de cada um na Universidade Federal do Rio de Janeiro (na biblioteca do Cento de Tecnologia –CT  - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Brasil), procurei mostrar (“explicar cientificamente”) o Caminho do Amor Divino que fiz em 1988. E quem desejar uma cópia dos meus trabalhos científicos envie um e-mail (eu tenho eles no formato Word) para mim, pois terei o maior prazer do mundo de compartilhar minhas pesquisas acadêmicas na UFRJ/COPPE. Namastê...obrigado!



[1]"Dharma se refere àquilo que existe constantemente com o objeto particular. Concluímos que há calor e luz juntos com o fogo; sem calor e luz, a palavra fogo não tem sentido. Similarmente, precisamos descobrir a parte essencial do ser vivo, a parte que é sua companheira constante. Esta companheira constante é a sua qualidade eterna, e esta qualidade é sua religião eterna" (PRABHUPADA, A.C. Bhaktivedanta Swami, O Bhagavad-Gitã Como Ele É, 5ª ed., São Paulo, Bhaktivedanta, 1986,pp.xxix).

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