A qualidade de vida que todos nós buscamos, consciente ou inconscientemente, se consagra no testemunho e vivência de um fenômeno notável: o Amor. Amor - expressão de um fenômeno sem dimensão. Amor - palavra que não liga diretamente o significado real às nossas experiências de mundo. Amor - mistério que oculta a passagem de nossa existência por esse plano nesse pedaço de Terra e de cosmos.
De modo que, passamos a vida inteira acreditando que amamos e que somos amados pelos outros. Até que, a vida reclama da morte e num último suspiro de ignorância morremos e nascemos banhados pela energia cósmica formidável. E aí não somos mais os mesmos. Mudamos profundamente. Nossa visão dá um giro de cento e oitenta graus, e a partir desse novo ponto ou ângulo vemos o que até então, nos era oculto, irreal, imponderável. Escutamos o som inaudível do silêncio interior. Tateamos a energia sutil da antimatéria invisível. Viajamos pelo espaço infinito da imaginação. Rompemos finalmente a barreira racional limitadora do ser individual. E nessa reviravolta existencial, uma nova consciência surge. Doce e Bela. Inteligente e sutil. Sensível e bondosa. Amiga e fraterna.
O mistério se torna presente. E o presente passa ser um belo mistério. O mistério em nós mesmos. E nesse mistério morremos para uma outra vida. Deixamos a vida agitada, apressada, desequilibrada e desarmoniosa. Abandonamos o caminho da infância adulterada. E assim compreendemos que raras vezes paramos para sequer argumentar porque seguimos os passos automáticos de uma sociedade agonizante. Onde as guerras se sucedem. Onde a violência explode em cada esquina, em cada lar, em cada indivíduo. Onde a neurose transforma nossas fábricas em manicômios produtivos. Onde os próprios homens são sutilmente transformados: homens-robôs, homens-máquinas, homens-automáticos, homens-insensíveis. Eficiência, produtividade, lucro, competitividade. Essas são as leis que regem o fluxo sangüíneo em nossas veias egoístas. O cérebro apenas automatiza a pressão sangüínea.
Mas, a Vida verdadeira real reclama e nos “cobra” um equilíbrio dinâmico, consciente e cósmico: “decifra-me ou te devoro”. Somente a compreensão pode fazer com que retornemos a trilha da verdadeira vida, da verdadeira sabedoria e do verdadeiro amor. O mestre Freud havia nos alertado desses dois caminhos: o pulsão da vida e o pulsão da morte. Jesus Cristo, também, nos alertou a respeito do caminho do escriba e do iluminado. Vários personagens da história procuraram deixar “pistas” desses dois caminhos, Mas, esses esforços se não foram em vão, pouco puderam fazer para mudar a nossa visão e transformar a nossa imensa insensibilidade. A lei natural da conquista evolutiva já havia estabelecido os critérios: “cada um terá que descobrir por si mesmo e amar o outro como se fosse a si próprio”. O grande sábio Sócrates deixou sua “pista” na célebre frase: “conhece-te a ti mesmo”.
A qualidade de vida total - Amor é o caminho do Autoconhecimento na tarefa suprema de se realizar a grande conquista da consciência de si. O mundo de mazelas e iniqüidades que construímos é o reflexo da visão limitada de uma sociedade carente e inconsciente de suas enormes potencialidades individuais. A miséria externa é reflexo de uma riqueza interna fantástica ainda não conquistada. Da mesma forma, a poluição externa é reflexo de um ambiente interno escuro e contaminado. Nesse contexto, o homem é o princípio de todo processo de qualidade, luz e, portanto, realização. Tudo surge a partir do homem em direção ao próprio homem. O homem é a escuridão e a raiz de todos os problemas humanos. E paradoxalmente é também a luz e a solução final de qualquer crise existencial ou social.
Assim sendo, não conseguiremos melhorar a qualidade de vida do mundo em que vivemos, sem uma melhoria na visão que formou ou criou a atual ideologia individualista e egoísta do mundo moderno. E o melhoramento da visão tem por base o desenvolvimento ou a sutilização da sensibilidade. A sensibilidade se apoia na diferença dos pólos ou naturezas de energias: entre o positivo (+) e o negativo (-), o inferior e o superior, o escuro e o claro, o ruidoso e o harmonioso, a morte e a vida. Mas, o próprio fenômeno da vida se manifesta de forma simétrica: no fóton temos partícula e onda simultaneamente. É a lei da complementaridade: a harmonia se complementa no equilíbrio. E o equilíbrio se complementa no reequilibro. A diferença entre esses dois momentum existencial é a evolução do ser. Nesse contexto, a evolução é a transformação dos momentum, de existências: do instintivo para o racional, do racional para o intuitivo, do intuitivo para o amoroso. A educação da sensibilidade intuitiva (não-econômica, ou seja, Ética) será o grande desafio desse novo milênio. A racionalidade instrumental, utilitária e econômica pouco poderá fazer de transcendental para a ascensão (salto) da consciência humana.
Nesse percurso existencial de experiências e realizações sensíveis, o homem se completará em si mesmo. Tornando-se uno e cósmico num único momentum de realização e ascensão ontológica (a transformação do homem num novo Homem a Serviço de Deus): o momentum do Amor Cósmico Transcendental.
Obrigado Meu Deus - Meu Senhor!
Bernardo Melgaço da Silva - bernardomelgaco@hotmail.com
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