UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA
DISCIPLINA INTRODUÇÃO À METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – IMTC
PROF. BERNARDO MELGAÇO DA SILVA
COLETA DE DADOS – “RESUMÃO” (APOSTILAS A8, A9 e A10)
A CONSTRUÇÃO DO FATO CIENTÍFICO (FATO, JUÍZO E VALOR)
“A realidade científica não é, pois, a realidade espontânea e passivamente observada. É uma realidade construída. Um fato só tem significado científico quando é transposto de maneira a poder oferecer-nos características objetivas, mensuráveis. A construção científica do fato geralmente consiste em imaginar uma série de artifícios técnicos, a fim de transpor a observação para o campo visual e espacial. Por exemplo: a sensação muscular do peso, subjetiva e imprecisa, é substituída pela apreciação visual da posição da agulha da balança. A “força” é medida pelo alongamento comunicado a uma mola. A ciência da eletricidade só se desenvolveu em virtude de técnicas que empregam a eletricidade na produção de efeitos mensuráveis no espaço ( o deslocamento da agulha do amperímetro, do galvanômetro, os produtos da eletrólise medidos por meio da balança). A temperatura torna-se um fato científico quando não é mais sentida pela epiderme, mais lida no termômetro. Mesmo partindo de um exemplo tão simples, podemos apreciar toda a distância que separa o “vivido” imediato do “conhecido” científico.
...A ciência substitui o mundo percebido pelo mundo construído. E esta construção é simultaneamente conceitual e técnica. Ela vai desde as técnicas mais abstratas do matemático às manipulações concretas do experimentador. Quanto mais a ciência progride, mais o fato científico se distancia do fato bruto, isto é, do fato tal como é dado à percepção vulgar. Assim é que, por exemplo, as imagens fornecidas pelos telescópios são registradas por câmaras. O mínimo ponto luminoso por eles captado é submetido às técnicas sempre mais complexas da espectografia. O olhar profano [leigo] não compreenderia coisa alguma do espectro produzido pela decomposição da luz originária dos corpos siderais.
....O universo da ciência ampliou de maneira prodigiosa o universo da percepção. O diâmetro de um átomo possui alguns dez milionésimos de milímetro, ao passo que o de nossa galáxia atinge cem mil anos-luz (o ano-luz é a distância percorrida pela luz no decorrer de um ano, com a velocidade de trezentos mil quilômetros por segundo). Desse modo, o mundo científico, objetivo é um mundo transposto e reconstruído através de toda uma rede de manipulações técnicas e operações intelectuais. É quase como se o fato fosse construído pelo sábio” (HUISMAN & VERGEZ, 1968 , pp.122-125).
2. O REALISMO INGÊNUO
A mudança de natureza da sensibilidade e a conseqüente leitura de novos princípios superiores proporcionará ao homem a construção qualitativa de imagens reais do mundo como resultado do melhoramento das imagens reais de nós mesmos. Vejamos o que diz Bertrand Russell (apud EINSTEIN, 1981):
"Começamos todos com o realismo ingênuo, quer dizer, com a doutrina de que os objetos são assim como parecem ser. Admitimos que a erva é verde, que a neve é fria e que as pedras são duras. Mas a física nos assegura que o verde das ervas, o frio da neve e a dureza das pedras não são o mesmo verde, o mesmo frio e a mesma dureza que conhecemos por experiência, mas algo totalmente diferente. O observador que pretende observar uma pedra, na realidade observa, se quisermos acreditar na física, as impressões das pedras sobre ele próprio. Por isto a ciência parece estar em contradição consigo mesma; quando se considera extremamente objetiva, mergulha contra a vontade na subjetividade. O realismo ingênuo conduz à física, e a física mostra, por seu lado, que este realismo ingênuo, na medida em que é conseqüente, é falso. Logicamente falso, portanto falso" (p.46).
DESCARTES (1935) era consciente dessa relação (entre sensibilidade e valor). Assim ele diz:
"Era meu constante desejo aprender a distinguir o verdadeiro do falso, para ver claro nas minhas ações e proceder com segurança nesse sentido.
[...] Mas , depois de ter empregado alguns anos em estudar dessa forma no livro do mundo, em procurar adquirir um pouco de experiência, tomei um dia a resolução de estudar em mim mesmo e de empregar todas as forças da minha mente em escolher o caminho a seguir: e me saí melhor, parece, do que se nunca me tivesse afastado do meu país e dos meus livros" (p.18).
Continuemos a analisar o pensamento de Descartes:
"Minha terceira máxima consistia em procurar sempre vencer antes a mim do que a fortuna, em mudar antes os meus desejos do que a ordem do mundo e, de um modo geral, em habituar-me a acreditar que não há nada que esteja tanto em nosso poder como os nossos pensamentos, de maneira que, depois de têrmos feito todo o possível no que diz respeito às coisas que nos são exteriores, tudo o mais que não conseguimos, a nosso respeito, é absolutamente impossível" (p. 36).
A consciência do homem está relacionada aos princípios intrínsecos de desenvolvimento da percepção física e metafísica. O movimento e a evolução desses princípios acarretam uma mudança de percepção, fazendo com que a percepção se volte sobre si mesma. Esse "giro" de percepção pode engendrar um novo estado de sensibilidade ou um novo ângulo de visão em nosso estado psicológico.
"É no exercício da mente que está o nó da questão. A mente humana é aparentemente um instrumento que pode ser empregado em duas direções. Uma é para o exterior: A mente, ao funcionar neste modo, registra os nossos contactos com o mundo físico e o mundo mental em que vivemos, e reconhece as condições emotivas e sensoriais. É o registrador e o que correlaciona as nossas sensações, reações e tudo o que lhe é transmitido por intermédio dos cinco sentidos e do cérebro. É um campo de conhecimento que foi largamente estudado e os psicólogos fizeram grandes avanços na compreensão dos processos de mentalização. "Pensar", diz-nos o Dr.Jung, "é uma das quatro funções psicológicas básicas. É esta função psicológica que, de acordo com as suas próprias leis, modela as representações dadas em suas conexões conceituais. É uma atividade perceptiva, tanto passiva como ativa. O pensamento ativo é um ato de vontade, o pensamento passivo uma ocorrência".
Como veremos mais tarde, é o aparelho do pensamento que está envolvido na meditação e que deve ser treinado para acrescentar a esta primeira função da mente a capacidade de se voltar para outra direção, e de registrar com igual facilidade o mundo interno e intangível. Esta habilidade para reorientar-se permitirá à mente registrar o mundo das realidades subjetivas, das percepções intuitivas e das idéias abstratas.
O problema que hoje se põe para a família humana, no domínio da ciência e da religião, resulta do fato que o seguidor de uma e de outra descobre se encontrar no limiar dum mundo metafísico" (BAILEY, 1984, pp.14-15).
Em cada período histórico específico a ciência avança e assim modifica sua maneira de ser. Ela altera a:
a) Percepção;
b) Linguagem
c) Atitude.
O mundo teórico e conceitual interage com a realidade empírica surgindo, portanto, novas teorias refinadas e novas técnicas de captação de dados da realidade.
3.1 MEIOS & INSTRUMENTOS
3.1.1 MEIOS
“”Meios” são vias de ação que têm, pelo menos, alguma eficácia para o alcance do objetivo. Uma via de ação pode implicar no uso de objetos; por exemplo, o uso de uma régua para medir o comprimento de uma prancha. Objetos utilizados dessa forma são instrumentos. Uma régua é um instrumento, mas o uso de uma régua é um meio. É importante lembrar que meios são padrões de comportamento utilizáveis na obtenção de objetivos” (ACKOFF, 1967, p. 19).
3.1.2 INSTRUMENTOS
“Instrumentos, por outro lado, não são, necessariamente, objetos; podem ser conceitos ou idéias. Por exemplo, uma fórmula matemática, uma definição científica, uma linguagem e imagens mentais são instrumentos. Um instrumento é qualquer objeto, conceito, idéia, ou imagem que possa ser eficientemente adotado na perseguição de um objetivo” (ACKOFF, 1967, p. 19).
3.2 PROCESSOS
3.2.1 PROCESSO COMUNICATIVO
“Cientistas sociais têm mostrado interesse pelo processo, do ponto de vista das interações entre indivíduos e ambientes; em outras palavras, inclinaram-se [incialmente] em conceituar a investigação como um processo comunicativo.
...Há quatro elementos que se comunicam: (1) o interessado na pesquisa; (2) o cientista; (3) o observador; e (4) o observado. Não se trata necessariamente, de quatro indivíduos distintos; os elementos representam papéis na comunicação. Muitos ou todos esses papéis podem ser desempenhados por uma só pessoa. Por exemplo, o cientista é, frenqüentemente, seu próprio observador; pode ser também o interessado na pesquisa. De outra parte, cada papel pode ser representado por um grupo social. Por exemplo, o grupo dirigente de uma agremiação cívica pode patrocinar pesquisa levada a efeito por uma instituição a propósito de alguma característica da população de uma cidade. O importante é notar que, sem consideração do número de pessoas em causa, seja uma ou sejam milhões, esses papéis de comunciação surgem em todas as investigações.
As operações de comunicação abrangem (1) transmissão do problema; (2) treino e supervisão dos observadores; (3) estímulo do observado; (4) resposta do observado; (5) registro e veiculação das respostas; e (6) relatório a propósito da solução recomendada para o problema. Na pesquisa social, o “observado”é, geralmente, um ser animado, capaz de comunicação e chamado sujeito ou entrevistado [ou “agente social”]” (ACKOFF, 1967, p.12).
MÉTODOS E TÉCNICAS
“As técnicas em uma ciência são os meios corretos de executar as operações de interesse de tal ciência. O treinamento científico reside, em grande parte no domínio destas técnicas.
Ocorre, entretanto, que certas técnicas são utilizadas por inúmeras ciências ou, ainda, por todas elas.
O conjunto destas técnicas gerais constitui o método. Métodos são, portanto, técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências ou a todas as ciências.
Existe, pois, um método fundamentalmente idêntico para todas as ciências. Compreende um certo número de procedimentos ou operações científicas levadas a efeito, em qualquer tipo de pesquisa. Os procedimentos (...) podem ser resumidos da seguinte maneira:
a) formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;
b) efetuar observações e medidas;
c) registrar tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados com o intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;
d) elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes;
e) generalizar, isto é, estender as conclusões, obtidas a todos os casos que envolvem condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução;
f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que surjam certas relações.
O método se adapta, entretanto, às diversas ciências, na medida em que a investigação de seu objeto impõe ao pesquisador lançar mão de técnicas especializadas. ” (CERVO & BERVIAN, 1977, pp.39-40).
AS TÉCNICAS DE COLETA
“Coleta dos Dados - Etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos.
É tarefa cansativa e toma, quase sempre, mais tempo do que se espera. Exige do pesquisador paciência, perseverança e esforço pessoal, além do cuidadoso registro dos dados e de um bom preparo anterior.
...São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados, que variam de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em linhas gerais, as técnicas de pesquisa são:
1. Coleta Documental.
2. Observação.
3. Entrevista.
4. Questionário.
5. Formulário.
6. Medidas de Opiniões e de Atitudes.
7. Técnicas Mercadológicas.
8. Testes.
9. Sociometria.
10. Análise de Conteúdo.
11. História de Vida” (MARCONI & LAKATOS, 1986, p.30).
“A coleta de dados apóia-se numa gama de técnicas cada uma das quais satisfazendo a regras próprias de utilização. Várias técnicas podem e devem freqüentemente ser empregadas numa mesma pesquisa para reunir um feixe de dados ao mesmo tempo disponíveis, acessíveis e conformes a seu objeto de investigação.
A escolha das informações a serem colhidas e a organização de sua coleta, inscrevendo-se na abordagem global da pesquisa, pressupõem de algum modo os elementos de interpretação e de explicação possíveis dos fatos que elas constituirão. Por conseguinte, um dado nunca é “verdadeiro” em si e só tem utilidade ou pertinência em relação com uma problemática, com uma teoria e com uma técnica, em suma, com uma pesquisa.
...Independentemente das regras específicas a cada procedimento, a coleta de dados obedece essencialmente a critérios de fidelidade e de validade, além de critérios de qualidade (exatidão, precisão de dados) e de eficiência (custo da informação). Sua validade levanta questões de natureza epistemológica sobre o valor dos processos de coleta e dos próprios dados; ela remete às transformações técnicas da informação; ela pode ser controlada de um ponto de vista puramente técnico pela colocação em correspondência dos resultados obtidos com aqueles fornecidos por outros processos experimentados. A fidelidade da coleta significa rigor no emprego do processo. O “coeficiente de fidelidade”de uma técnica será determinado, por exemplo, “estabelecendo uma correlação entre duas séries de medidas tomadas com o mesmo instrumento sobre uma mesma amostra, ou colocando em correlação duas séries de medidas feitas sobre os mesmos sujeitos por observadores diferentes”. Em suma, testa-se a exatidão dos instrumentos utilizados, sua invariância.
Três modos de coleta serão descritos, sucintamente com seus principais usos e as características mais importantes de seu emprego: as pesquisas por entrevista e questionário, as observações direta e participante, as análises documentais” (BRUYNE & HERMAN & SCHOUTHEETE, 1977, pp.209-210).
A ENTRADA NO CAMPO
Vários são os obstáculos que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar essa etapa da pesquisa. Sobre isso, faremos algumas considerações. Em primeiro lugar, devemos buscar uma aproximação com as pessoas da área selecionada para o estudo. Essa aproximação pode ser facilmente facilitada através do conhecimento de moradores ou daqueles que mantém sólidos laços de intercâmbio com os sujeitos a serem estudados. De preferência, deve ser uma aproximação gradual, onde cada dia de trabalho seja refletido e avaliado, com base nos objetivos preestabelecidos. É fundamental consolidarmos uma relação de respeito efetivo pelas pessoas e pelas suas manifestações no interior da comunidade pesquisada.
Em segundo lugar, destacamos como importante a apresentação da proposta de estudo aos grupos envolvidos. Trata-se de estabelecermos uma situação de troca. Os grupos devem ser esclarecidos sobre aquilo que pretendemos investigar e as possíveis repercussões favoráveis advindas do processo investigativo. É preciso termos em mente que a busca das informações que pretendemos obter está inserida num jogo cooperativo, onde cada momento é uma conquista baseada no diálogo e que foge à obrigatoriedade. Com isso, queremos afirmar que os grupos envolvidos não são obrigados a uma colaboração sob pressão. Se o procedimento se dá dentro dessa forma, trata-se de um processo de coerção que não permite a realização de uma efetiva interação.
A relação com os atores no campo, como observa Zaluar (1985), implica no ato de cultivarmos em envolvimento compreensivo, com uma participação marcante em seus dramas diários. A autora citada diferencia essa posição de uma ação paternalista e não respeitosa para com as pessoas envolvidas no estudo.
Outro aspecto por nós destacado se refere à postura do pesquisador em relação à problemática a ser estudada. Às vezes o pesquisador entra em campo considerando que tudo que vai encontrar serve para confirmar o que ele considera já saber, ao invés de compreender o campo como possibilidade de novas revelações. Esse comportamento pode dificultar o diálogo com os elementos envolvidos no estudo na medida em que permite posicionamentos de superioridade e de inferioridade frente ao saber que se busca entender. Além disso, esse procedimento também gera constrangimentos entre pesquisador e grupos envolvidos, podendo implicar no surgimento de falsos depoimentos e propiciando uma posição de defesa das idéias e valores desses grupos.
Por último, somos da opinião que a opção pelo trabalho de campo pressupõe um cuidado teórico-metodológico com a temática a ser explorada, considerando que o mesmo não se explica por si só. Afirmamos isso por acreditarmos que a atividade de pesquisa não se restringe ao uso de técnicas refinadas para obtenção de dados. Assim, sublinhamos a idéia de que a teoria informa o significado dinâmico daquilo que ocorre e que buscamos captar no espaço em estudo.
Para conseguirmos um bom trabalho de campo, há necessidade de se ter uma programação bem definida de suas fases exploratórias e de trabalho de campo propriamente dito. É no processo desse trabalho que são criados e fortalecidos os laços de amizade, bem como os compromissos firmados entre o investigador e a população investigada, propiciando o retorno dos resultados alcançados para essa população e a viabilidade de futuras pesquisas.
CONSOLIDANDO O TRABALHO DE CAMPO
A plena realização de um trabalho de campo requer, como vimos anteriormente, várias articulações que devem ser estabelecidas pelo investigador. Uma dessas diz respeito à relação entre a fundamentação teórica do objeto a ser pesquisado e o campo que se pretende explorar. A compreensão desse espaço da pesquisa não se resolve apenas por meio de um domínio técnico. É preciso que tenhamos uma base teórica para podermos olhar os dados dentro de um quadro de referências que nos permite ir além do que simplesmente nos está sendo mostrado.
Concordamos com Cardoso (1986) sobre a relevância que deve ser dada ao trabalho de campo e sobre o respeito pelo dado empírico. Na visão da autora citada, por melhor que seja a captação da realidade vivida, faz-se necessário um compromisso teórico-metodológico. A ênfase que devemos dar à dimensão teórico-metodológica nos permite fugir do que podemos denominar mito da técnica.
Nesse sentido, uma pesquisa não se restringe à utilização de instrumentos apurados de coleta de informações para dar conta de seus objetivos. Para além dos dados acumulados, o processo de campo nos leva à reformulação dos caminhos da pesquisa, através das descobertas de novas pistas. Nessa dinâmica investigativa, podemos nos tornar agentes de mediação entre a análise e a produção de informações, entendidas como elos fundamentais. Essa mediação pode reduzir um possível desencontro entre as bases teóricas e a apresentação do mateiral de pesquisa.
Outra articulação necessária se refere à interação entre o pesquisador e os atores envolvidos no trabalho. Nesse processo, mesmo partindo de planos desiguais, ambas as partes buscam uma compreensão mútua. O objetivo prioritário do pesquisador não é ser considerado um igual, mas ser aceito na convivência. Esse interagir entre pesquisador e pesquisados, que não se limita às entrevistas e conversas informais, aponta para a compreensão da fala dos sujeitos em sua ação.
Por meio dessa compreensão somos capazes de entender melhor os aspectos rotineiros, as relevâncias, os conflitos, os rituais, bem como a delimitação dos espaços público e privado. Essas considerações baseiam-se no pressuposto de que os entrevistados não são ingênuos espectadores, nem subjetividades ao acaso ou atores não-críticos.
Paralelamente às articulações a serem observadas, surge como necessário, para nossa ação de pesquisa, o delineamento de algumas estratégias. Sobre o registro das falas dos atores sociais que participam da investigação, observamos que é possível trabalharmos com um sistema de anotação simultânea da comunicação ou fazermos uso de gravações.
Fotografias e filmagens se apresentam também como recursos de registro aos quais podemos recorrer. Esse registro visual amplia o conhecimento do estudo porque nos proporciona documentar momentos ou situações que ilustram o cotidiano vivenciado.
O uso da filmagem nos permite reter vários aspectos do universo pesquisado, tais como: as pessoas, as moradias, as festas e as reuniões. Essa técnica de documentação, que lida com os planos da imagem e da comunicação, vem sendo cada vez mais difundida. Com isso, não estamos dizendo que um bom trabalho de pesquisa deva ficar limitado ao registro visual, mas afirmamos que esse registro assume um papel complementar ao projeto como um todo. Porém, nada substitui o olhar atento de um pesquisador de campo ao evasivo próprio da realidade das relações sociais.
Dentro da idéia de registro dos dados, destacamos o uso do diário de campo. Como o próprio nome já diz, esse diário é um instrumento ao qual recorremos em qualquer momento da rotina do trabalho que estamos realizando. Ele, na verdade, é um "amigo silencioso"que não pode ser subestimado quanto à sua importância. Nele diariamente podemos colocar nossas percepções, angústias, questionamentos e informações que não são obtidas através da utilização de outras técnicas.
O diário de campo é pessoal e intransferível. Sobre ele o pesquisador se debruça no intuito de construir detalhes que no seu somatório vai congregar os diferentes momentos da pesquisa. Demanda um uso sistemático que se estende desde o primeiro momento da ida ao campo até a fase final da investigação. Quanto mais rico for em anotações esse diário, maior será o auxílio que oferecerá à descrição e à análise do objeto estudado.
O trabalho de campo, em síntese, é fruto de um momento relacional e prático: as inquietações que nos levam ao desenvolvimento de uma pesquisa nascem no universo do cotidiano. O que atrai na produção do conhecimento é a existência do desconhecido, é o sentido da novidade e o confronto com o que nos é estranho. Essa produção, por sua vez, requer sucessivas aproximações em direção ao que se quer conhecer. E o pesquisador, ao se empenhar em gerar conhecimentos, não pode reduzir a pesquisa à denüncia, nem substituir os frupos estudados em suas tarefas político-sociais"1. (CRUZ NETO, 1994, pp. 51-648).
UNIVERSO E AMOSTRA
AMOSTRAGEM
“Quando se deseja colher informações sobre um ou mais aspectos de um grupo grande ou numeroso, verifica-se, muitas vezes, ser praticamente impossível fazer um levantamento do todo. Daí a necessidade de investigar apenas uma parte dessa população ou universo. O problema da amostragem é, portanto, escolher uma parte (ou amostra), de tal forma que ela seja a mais representativa possível do todo e, a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte, poder inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total, se esta fosse verificada.
Conceituando:
a) Universo ou população: é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum. Sendo N o número total de elementos do universo ou população, o mesmo pode ser representado pela letra latina maiúscula X, tal que XN = X1; X2; ...; Xn.
b) Amostra: é uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo. Sendo n o número de elementos da amostra, a mesma pode ser representada pela letra latina minúscula x, tal que xn = x1; x2; ...; xn onde xn XN e n N.
O universo ou população de uma pesquisa depende do assunto a ser investigado, e a amostra, porção ou parcela do universo, que realmente será submetida à verificação, é obtida ou determinada por uma técnica específica de amostragem.
Há duas grandes divisões no processo de amostragem (determinação da amostra a ser pesquisada): a probabilista e a não-probabilista.
AMOSTRAGEM PROBABILISTA
[5.1.1]...Aleatória Simples
[5.1.2]...Sistemática
[5.1.3]...Aleatória de Múltiplo Estágio
[5.1.4]...Por área
[5.1.5]...Por conglomerados ou Grupos
[5.1.6]...De Vários Degraus ou Estágios Múltiplos
[5.1.7]...De Fases Múltiplas, Multifásicas ou em Várias Etapas
[5.1.8]...Estratificada
[5.1.9]...Amostra-tipo, Amostra Principal, Amostra “a priori”ou Amostra-padrão
AMOSTRAGEM NÃO-PROBABILISTA
[5.2.1]...Intencional
[5.2.2]...Por “Juris”
[5.2.3]...Por Tipicidade
[5.2.4]...Por Quotas” (MARCONI & LAKATOS, 1986, pp. 37-48).
“Trata-se de definir toda a população amostral. Entenda-se aqui por população não o número de habitantes de um local, como é largamente conhecido o termo, mas um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo), que possuem as características que serão objeto de estudo. População amostral ou amostra é uma parte do universo (população), escolhida segundo algum critério de representatividade.
Existem dois tipos de amostra: probabilística, baseada em procedimentos estatísticos, e não probabilística. Da amostra probabilística são aqui destacadas a aleatória simples, a estratificada e a por conglomerado. Da amostra não probabilística, destacam-se aqui aquelas selecionadas por acessibilidade e por tipicidade. Eis como podemos entendê-las:
a . aleatória simples: cada elemento da população tem uma chance determinada de ser selecionado. Em geral, atribui-se a cada elemento da população um número e depois faz-se a seleção aleatoriamente, casualmente:
b. estratificada: seleciona uma amostra de cada grupo da população, por exemplo, em termos de sexo, idade, profissão e outras variáveis. A amostragem estratificada pode ser proporcional ou não. A amostra proporcional define para a amostragem a mesma proporção observada na população, com referência a uma propriedade. Por exemplo: suponhamos que, na população global de mestrandos, 65% tenham 21 e 34 anos e 35% tenham entre 35 e 45 anos. A amostra deverá obedecer a essa proporção no que se refere à idade dos mestrandos;
c. por conglomerados: seleciona conglomerados, entendidos esses como empresas, edifícios, famílias, quarteirões, universidades e outros elementos. É indicada quando a identificação dos elementos da amostra é muito difícil, quando a lista de tais elementos é pouco prática;
d. por acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles;
e. por tipicidade: constituída pela seleção de elementos que o pesquisador considere representativos da população-alvo, o que requer profundo conhecimento dessa população.
Existem outros tipos de amostra e facilmente você poderá descobri-los. Aqui, destaco os exemplos fornecidos por Flávio Murilo Oliveira de Gouvêa e por Vera Lúcia de Almeida Corrêa, respectivamente:
· Título do projeto:
Adoção de propriedades municipais por empresas - o caso da Praia de Copacabana
Universo e amostra:
O universo da pesquisa estará referido aos grupos diretamente envolvidos na formulação, implementação e análise da adoção de propriedades municipais por empresas, além de usuários. Com relação a estes, o tipo de amostragem utilizada será a estratificada não proporcional, que parece ser a mais adequada no presente caso.
· Título do projeto
Sistema alternativo e sistema convencional de ensino: uma análise de custo-eficiência
Universo e amostra:
No Município de Porto Alegre, no período 1985/1988, foram implantados 19 Centros Integrados de Educação Municipal - CIEMS - sendo cinco especiais, isto é, dedicados ao atendimento escolar de crianças excepcionais. Dos 14 restantes, três estão localizados em Vila Restinga, onde é alta a concentração da população de baixa renda. Para compor a amostra aleatória simples da pesquisa, selecionou-se o CIEM Larry José Ribeiro Alves, localizado naquela Vila.
No Município do Rio de Janeiro, a proposta de construção de 500 Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs - não foi alcançada. Segundo dados da Unicamp (1989), há 124 CIEPs em funcionamento. Desses, somente o do bairro do Catete permanece com a proposta original. Assim, ele foi selecionado para compor a amostra.
Para a comparação com as escolas convencionais, buscaram-se aquelas que apresentassem alguma proposta em comum com os CIEPs/CIEMs. No Rio de Janeiro, existem três dessas escolas, a saber: Lúcia Miguel Pereira, em São Conrado, Golda Meir, na Barra da Tijuca, e Edmundo Bittencourt, em São Cristóvão. Escolheu-se esta última, que atende à população do conjunto habitacional Mendes de Morais, para também compor a amostra.
Por inexistir proposta semelhante no Município de Porto Alegre, optou-se por investigar, também no Rio de Janeiro, a Escola Municipal Lúcia Miguel Pereira, que atende a alunos da Favela da Rocinha.
Cabe aqui justificar o tamanho da amostra, com a opinião de Castro (1980, p.93)
(...) em uma rede escolar governamental, padronizada, com níveis fixos de salários e construções feitas segundo os mesmos módulos, a mera amostragem de uma ou duas escolas pode produzir estimativas de custos que tenham um grau suficiente de representatividade para esse tipo de escola”
(VERGARA, 1997, pp.48-50).
SELEÇÃO DOS SUJEITOS
“Sujeitos da pesquisa são as pessoas que fornecerão os dados de que você necessita. Às vezes, confunde-se com “universo e amostra”, quando estes estão relacionados com pessoas. Veja os exemplos de Denize Alves e de Andrea Ferraris Pignataro:
· Título:
Cultura da qualidade e qualidade de vida: as percepções dos trabalhadores inseridos em programas de qualidade
Seleção dos sujeitos:
“Os sujeitos da pesquisa serão os trabalhadores participantes de programas de qualidade, bem como assistentes sociais que trabalham em empresas que possuem programas de qualidade há mais de dois anos. Este tempo é relevante porque, de acordo com Falconi (1992), a cultura da qualidade, que insere novas técnicas de padronização e rotina de trabalho, no prazo máximo de dois a três anos pode oferecer à empresa excelentes resultados. Como as mudanças vão ocorrendo à medida que novos valores são disseminados, é necessário certo tempo para tal disseminação e absorção. Não é por outra razão que os sujeitos da pesquisa deverão estar vinculados a uma mesma empresa, no mínimo, há um ano.
· Título:
Informação Computadorizada: resistência, recuperação e disseminação
Seleção dos sujeitos:
Os sujeitos da pesquisa serão os técnicos em informática e funcionários não especialistas em informática, pertencentes à Diretoria de Administração e ao Centro de Informação Científica e Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz” (VERGARA, 1997, pp.50-51).
ENTREVISTA E QUESTIONÁRIO
[4.1] “Entrevista
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.
Para Goode e Hatt (1969:237), a entrevista “consiste no desenvolvimento de precisão, fidedignidade e validade de um certo ato social como a conversação”.
Trata-se, pois, de uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistado, verbalmente, a informação necessária.
Alguns autores consideram a entrevista como o instrumento por excelência da investigação social. Quando realizado por um investigador exeriente, “é muitas vezes superior a outros sistemas, de obtenção de dados”, afirma Best (1972: 120).
A entrevista é importante instrumento de trabalho nos vários campos das ciências sociais ou de outros setores de atividades, como da Sociologia; da Antropologia, da Psicologia Social, da Política, do Serviço Social, do Jornalismo, das Relações Públicas, da Pesquisa de Mercado e outros.
...OBJETIVOS
A entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema.
Quanto ao conteúdo, Selltiz (1965:286-95) apresenta seis tipos de objetivos:
a) Averiguação de “fatos. Descobrir se as pessoas que estão de posse de certas informações são capazez de compreendê-las.
b) Determinação das opiniões sobre os “fatos”. Conhecer o que as pessoas pensam ou acreditam que os fatos sejam.
c) Determinação de sentimentos. Compreender a conduta de alguém através de seus sentimentos e anseios.
d) Descoberta de planos de ação. Descobrir, por meio das definições individuais dadas, qual a conduta adequada em determinadas situações, a fim de prever qual seria a sua.
As definições adequadas da ação apresentam em geral dois componenetes: os padrões éticos do que deveria ter sido feito e considerações práticas do que é possível fazer.
e) Conduta atual ou do passado. Inferir que conduta a pessoa terá no futuro, conhecendo a maneira pela qual ela se comportou no passado ou se comporta no presente, em determinadas situações.
f) Motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sentimentos, sistemas ou condutas. Descobrir quais fatores podem influenciar as opiniões, sentimentos e conduta e por quê.
...TIPOS DE ENTREVISTAS
Há diferentes tipos de entrevistas, que variam de acordo com o propósito do entrevistador:
a) Padronizada ou Estruturada. É aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um formulário (ver mais adiante) elaborado e é efetuada de preferência com pessoas selecionadas de acordo com um plano.
O motivo da padronização é obter, dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo “que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de perguntas, e que as diferenças devem refletir diferenças entre os respondentes e não diferenças nas perguntas”(Lodi, 1974:16).
O pesquisador não é livre para adaptar suas perguntas a determinada situação, de alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras perguntas.
b) Despadronizada ou não estruturada. O entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversação informal.
Esse tipo de entrevista, segundo Ander-Egg (1978: 110), apresenta três modalidades:
Entrevista focalizada. Há um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dá esclarecimentos, não obedecendo, a rigor, a uma estrutura formal. Para isso, são necessários habilidade e perspicácia por parte do entrevistador. Em geral, é utilizada em estudos de situações de mudança de conduta.
Entrevista clínica. Trata-se de estudar os motivos, os sentimentos, a conduta das pessoas. Para esse tipo de entrevista pode ser organizada uma série de perguntas específicas.
Não dirigida. Há liberdade total por parte do entrevistado, que poderá expressar suas opiniões e sentimentos. A função do entrevistador é de incentivo, levando o informante a falar sobre determinado assunto, sem, entretanto, forçá-lo a responder.
Painel. Consiste na repetição de perguntas, de tempo em tempo, às mesmas pessoas, a fim de estudar a evolução das opiniões em períodos curtos. As perguntas devem ser formuladas de maneira diversa, para que o entrevistado não distorça as respostas com essas repetições.
...DIRETRIZES DA ENTREVISTA
A entrevista, que visa obter respostas válidas e informações pertinentes, é uma verdadeira arte, que se aprimora com o tempo, com treino e com experiência. Exige habilidade e sensibilidade; não é tarefa fácil, mas é básica.
Quando o entrevistador consegue estabelecer certa relação de confiança com o entrevistado, pode obter informações que de outra maneira talvez não fossem possíveis.
Para maior êxito da entrevista, devem-se observar algumas normas:
a) Contato inicial. O pesquisador deve entrar em contato com o informante e estabelecer, desde o primeiro momento, uma conversação amistosa, explicando a finalidade da pesquisa, seu objeto, relevância e ressaltar necessidade de sua colaboração. É importante obter e manter a confiança do entrevistado, assegurando-lhe o caráter confidencial de suas informações. Criar um ambiente que estimule e que leve o entrevistado a ficar à vontade e a falar espontânea e naturalmente, sem tolhimentos de qualquer ordem. A conversa deve ser mantida numa atmosfera de cordialidade e de amizade (rapport).
Mediante a técnica da entrevista, o pesquisador pode levar o entrevistado a uma penetração maior em sua própria experiência, explorando áreas importantes, mas não previstas no roteiro de perguntas.
O entrevistado pode falar, mas principalmente deve ouvir, procurando sempre manter o controle da entrevista.
b) Formulação de Perguntas. As perguntas devem ser feitas de acordo com o tipo da entrevista: padronizadas, obedecendo ao roteiro ou formulário preestabelecido; não padronizadas, deixando o informante falar à vontade e, depois, ajudá-lo com outras perguntas, entrando em maiores detalhes.
Para não confundir o entrevistado, deve-se fazer uma pergunta de cada vez e, primeiro, as que não tenham probabilidade de ser recusadas. Deve-se permitir ao informante restringir ou limitar suas informações. Toda pergunta que sugira resposta deve ser evitada.
c) Registro de Respostas. As respostas, se possível, devem ser anotadas no momento da entrevista, para maior fidelidade e veracidade das informações. O uso do gravador é ideal, se o informante concordar com a sua utilização.
Anotação posterior apresenta duas incoveniências: falha de memória e/ou distorção do fato, quando não se guardam todos os elementos.
O registro deve ser feito com as mesmas palavras que o entrevistado usar, evitando-se resumi-las. Outra preocupação é o manter o entrevistador atento em relação aos erros, devendo-se conferir as respostas, sempre que puder. Se possível, anotar gestos, atitudes e inflexões de voz. Ter em mãos todo o material necessário para registrar as informações.
d) Término da Entrevista. A entrevista deve terminar como começou, isto é, em ambiente de cordialidade, para que o pesquisador, se necessario, possa voltar e obter novos dados, sem que o informante se oponha a isso.
Uma condição para o êxito da entrevista é que mereça aprovação por parte do informante.
e) Requisitos Importantes. As respostas de uma entrevista devem atender aos seguintes requisitos, apontados por Lodi (12:9): validade, relevância, especificidade e clareza, cobertura de área, profundidade e extensão.
Validade. Comparação com a fonte externa, com a de outro entrevistador, observando as dúvidas, incertezas e hesitações demonstradas pelo entrevistado.
Relevância. Importância em relação aos objetivos da pesquisa.
Especificidade e Clareza. Referência a dados, data, nomes, lugares, quantidade, percentagem, prazos etc., com objetividade. A clareza dos termos colabora na especificidade.
Profundidade. Está relacionada com os sentimentos, pensamentos e lembranças do entrevistado, sua intensidade e intimidade.
Extensão. Amplitude da resposta.
...Questionário
Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo.
Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável.
Em média, os questionários expedidos pelo pesquisador alcançam 25% de devolução.
Selltiz (1965:281) aponta alguns fatores que exercem influência no retorno dos questionários: “O patrocinador, a forma atraente, a extensão, o tipo de carta que o acompanha, solicitando colaboração; as facilidades para seu preenchimento e sua devolução pelo correio; motivos apresentados para a resposta e tipo de classe de pessoas a quem é enviado o questionário”.
...PROCESSO DE ELABORAÇÃO
A elaboração de um questionário requer a observância de normas precisas, a fim de aumentar sua eficácia e validade. Em sua organização, devem-se levar em conta os tipos, a ordem, os grupos de perguntas, a formulação das mesmas e também “tudo aquilo que se sabe sobre percepção, esteriótipos, mecanismos de defesa, liderança etc.”(Augras, 1974: 143).
O pesquisador deve conhecer bem o assunto para poder dividi-lo, organizando uma lista de 10 a 12 temas [assuntos], e, de cada um deles, extrair duas ou três perguntas.
O processo de elaboração é longo e complexo: exige cuidado na seleção das questões, levando em consideração a sua importância, isto é, se oferece condições para a obtenção de informações válidas. Os temas escolhidos devem estar de acordo com os objetivos geral específico.
O questionário deve ser limitado em extensão e em finalidade. Se for muito longo, causa fadiga e desinteresse; se curto demais, corre o risco de não oferecer suficientes informações.
...Identificadas as questões, estas devem ser codificadas, a fim de facilitar, mais tarde, a tabulação.
Outro aspecto importante do questionário é a indicação da entidade ou organização patrocinadora da pesquisa. Por exemplo: CNPq.
Deve estar acompanhado por instruções definidas e notas explicativas, para que o informante tome ciência do que se deseja dele.
O aspecto material e a estética também devem ser observados: tamanho, facilidade de manipulação, espaço suficiente para as respostas, a disposição dos itens, de forma a facilitar a computação dos dados.
...O PRÉ-TESTE
Depois de redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua utilização definitiva, aplicando-se alguns exemplares em uma pequena população escolhida.
A análise dos dados, após a tabulação, evidenciará possíveis falhas existentes: inconsistência ou complexidade das questões; ambigüidade ou linguagem inacessível; perguntas supérfluas ou que causam embaraço ao informante; se as questões obedecem a determinada ordem ou se são muito numerosas etc.
Verificadas as falhas, deve-se reformular o questionário, conservando, modificando, ampliando ou eliminando itens; explicitando melhor alguns ou modificando a redação de outros. Perguntas abertas podem ser transformadas em fechadas se não houver variabilidade de respostas.
O pré-teste pode ser aplicado mais de uma vez, tendo em vista o seu aprimoramento e o aumento de sua validez. Deve ser aplicado em populações com características semelhantes, mas nunca naquela que será alvo de estudo.
O pré-teste serve também para verificar se o questionário apresenta três importantes elementos:
a) Fidedignidade. Qualquer pessoa que o aplique obterá sempre os mesmos resultados.
b) Validade. Os dados recolhidos são necessários à pesquisa.
c) Operacionalidade. Vocabulário acessível e significado claro.
O pré-teste permite também a obtenção de uma estimativa sobre os futuros resultados.
...CLASSIFICAÇÃO DAS PERGUNTAS
Quanto à forma, as perguntas, em geral, são classificadas em três categorias: abertas, fechadas e de múltipla escolha.
a) Perguntas abertas. Também chamadas livres ou não limitadas, são as que permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões.
Possibilita investigações mais profundas e precisas; entretanto, apresenta alguns incovenientes: dificulta a resposta ao próprio informante, que deverá redigi-la, o processo de tabulação, o tratamento estatístico e a interpretação. A análise é difícil, complexa, cansativa e demorada.
Exemplos:
1) Qual é sua opinião sobre a legislação do aborto?
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2) Em sua opinião, quais são as principais causas da delinqüência no Brasil?
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
b) Perguntas fechadas ou dicotômicas. Também denominadas limitadas ou de alternativas fixas, são aquelas que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não.
Exemplos:
1) Os sindicatos devem ou não formar um partido político?
1. Sim ( )
2. Não ( )
2) Você é favorável ou contrário ao celibato dos padres?
1. favorável ( )
2. contrário ( )
Este tipo de pergunta, embora restrinja a liberdade das respostas, facilita o trabalho do pesquisador e também a tabulação: as respostas são mais objetivas.
Há duas formas de fazer perguntas dicotômicas: a primeira seria indicar uma das alternativas, ficando implícita a outra; a segunda, apresentar as duas alternativas para escolha. A maior deficiência desta segunda forma está diretamente relacionada a dois aspectos: em primeiro lugar, não induzir a resposta e, em segundo, ao fato de uma pergunta enunciada de forma negativa receber, geralmente, uma percentagem menor de respostas do que a de forma positiva (Boyle e Westfall, 1978: 296-7).
Russ apresenta os resultados de experiências realizadas para testar os efeitos de perguntas com apenas uma alternativa expressa de forma positiva e de forma negativa.
Forma A. Você acha que os Estados Unidos deveriam permitir discursos públicos contra a democracia?
Forma B. Você acha que os Estados Unidos deveriam proibir discursos públicos contra a democracia?
Os resultados obtidos foram os seguintes:
Forma A Forma B
Deveriam permitir 21% Não deveriam proibir 39%
Não deveriam permitir 62% Deveriam proibir 46%
Não deram opinião 17% Não deram opinião 15%
Em conclusão, pode-se dizer que a fórmula que engloba as duas alternativas, na própria pergunta, é a mais aconselhável, pois, sendo neutra, não induz a resposta:
- Você acha que os Estados Unidos deveriam permitir ou proibir discursos públiocs contra a democracia?
Quando é acrescentado mais um item, “não sei”, a pergunta denomina-se tricotômica.
Exemplos:
1) Você acha que deveria ser permitido aos divorciados mais de um casamento?
1. Sim ( )
2. Não ( )
3. Não sei ( )
2) Você é favorável ou contrário à política econômica do governo?
1. Favorável ( )
2. Contrário ( )
3. Não sei ( )
c. Perguntas de múltipla escolha. São perguntas fechadas, mas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto.
Perguntas com mostruário (perguntas leque ou cafeterias). As respostas possíveis estão estruturadas junto à pergunta, devendo o informante assinalar uma ou várias delas. Têm a desvantagem de sugerir respostas. (Explicitar, quando se deseja uma só resposta.)
Exemplos:
1) Qual é, para você, a principal vantagem do trabalho temporário?
(ESCOLHER APENAS UMA RESPOSTA)
1. Maior liberdade no trabalho ( )
2. Maior liberdade em relação ao chefe ( )
3. Variações no serviço ( )
4. Poder escolher um bom emprego para se fixar ( )
5. Desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional ( )
2) Quais são as principais causas da inflação no Brasil?
1. Procura de produtos, maior do que a oferta ( )
2. Correção monetária ( )
3. Aumento dos custos (matéria-prima, salários) ( )
4. Manutenção da margem de lucro por empresas que
têm certo poder monopolístico (indústria de
automóveis ( )
5. Expansão do crédito maior do que o crescimento
das poupanças ( )
6. Aumento correspondente dos salários sem
correspondente aumento da produção ( )
Perguntas de estimação ou avaliação. Consistem em emitir um julgamento através de uma escala com vários graus de intensidade para um mesmo item. As respostas sugeridas são quantitativas e indicam um grau de intensidade crescente ou decrescente.
Exemplos:
1) As relações com seus companheiros de trabalho são, em média:
1. Ótimas ( )
2. Boas ( )
3. Regulares ( )
4. Más ( )
5. Péssimas ( )
2) Você se interessa pela política nacional?
1. Muito ( )
2. Pouco ( )
3. Nada ( )
3) Você assiste a novelas na TV?
1. Sempre ( )
2. Às vezes ( )
3. Raramente ( )
4. Nunca ( )
A técnica da escolha múltipla é facilmente tabulável e proporciona uma exploração em profundidade quase tão boa quanto a de perguntas abertas.
A combinação de respostas de múltipla escolha com as respostas abertas possibilita mais informações sobre o assunto, sem prejudicar a tabulação.
Exemplos:
1) Você escolhe um livro para ler, pelo:
1. Assunto ( )
2. Autor ( )
3. Capa e apresentação ( )
4. Texto da orelha ( )
5. Recomendação de amigos ( )
6. Divulgação pelos meios de
comunicação de massa ( )
7. Outro ( ) Qual? _________________________
______________________________________________________________________
Quanto ao objetivo, as perguntas podem ser:
a) Perguntas de Fato. Dizem respeito a questões concretas, tangíveis, fáceis de precisar; portanto, referem-se a dados objetivos: idade, sexo, profissão, domicílio, estado civil ou conjugal, religião etc. Geralmente, não se fazem perguntas diretas sobre casos em que o informante sofra constrangimento.
Exemplos:
1) Qual é a sua profissão?
__________________________________________________________________________________________
2) Propriedade do domicílio:
1. Própria ( )
2. Alugada ( )
3. Cedida ( )
b) Perguntas de Ação. Referem-se a atitudes ou decisões tomadas pelo indivíduo. São objetivas, às vezes diretas demais, podendo, em alguns casos, despertar certa desconfiança por parte do informante, influindo no seu grau de sinceridade. Devem ser redigidas com bastante cuidado.
Exemplos:
1) Em qual candidato a deputado estadual você votou na última eleição?
___________________________________________________________________________________________
2) O que você fez no último fim de semana?
1. Viajou ( )
2. Ficou em casa ( )
3. Visitou amigos ( )
4. Praticou esportes ( )
5. Assistiu algum espetáculo ( )
6. Outro ( ) Qual? ________________________
_______________________________________________________________________
c) Perguntas de ou sobre Intenção. Tentam averiguar o procedimento do indivíduo em determinadas circunstâncias. Não se pode confiar na sinceridade da resposta; entretanto, os resultados podem ser considerados aproximativos. É um tipo de pergunta empregado em grande escala nas pesquisas pré-eleitorais.
Exemplos:
1) Se houver eleições diretas para governador, em quem você votará?
________________________________________________________________________________
2) Em relação ao seu emprego atual, pretende:
1. Permanecer no mesmo ( )
2. Mudar de empresa ( )
3. Mudar de profissão ( )
d) Perguntas de Opinião. representam a parte básica da pesquisa.
Exemplos:
1) Em sua opinião, deve-se dar a conhecer a um filho adotivo essa condição?
1. Sim ( )
2. Não ( )
3. Não sei ( )
2) Você acha que o cigarro:
1. É prejudicial à saúde ( )
2. Não afeta a saúde ( )
3. Não tem opinião ( )
e) Perguntas-Índice ou Perguntas-Teste. São utilizadas sobre questões que suscitam medo; quando formuladas diretamente, fazem parte daquelas consideradas socialmente inaceitáveis. Mediante este tipo de perguntas, procura-se estudar um fenômeno através de um sistema, ou índice revelador do mesmo. É utilizado no caso em que a pergunta direta é considerado imprópria, indiscreta.
Geralmente é errado perguntar diretamente ao entrevistado quanto ele ganha. A maioria das organizações de pesquisa classificam os entrevistados em categorias sócio-econômicas, através de um sistema de pontuação. Este é obtido por intermédio de uma série de perguntas, englobando, na maioria dos casos, itens de conforto doméstico (aparelhos eletrodomésticos, televisão etc), carro (marca e ano), habitação (própria ou alugada), escolaridade do chefe de família e renda familiar. Para cada resposta é atribuído um valor, e a classificação dos pesquisadores, em nível sócio-econômico, obtém-se através da soma desses pontos.
Normalmente, perguntas relativas a aspectos íntimos ou a vícios (consumo de drogas etc.) são consideradas indiscretas, da mesma forma que aquelas que abordam aspectos relacionados a preconceitos.
Para contornar essa dificuldade, pode-se fazer a pergunta de forma indireta, dando-se ao entrevistado uma série de opções, que, até certo ponto, podem medir o seu grau de preconceito.
Exemplo:
1) Qual a sua opinião sobre casamento inter-racial?
1. Proibiria seus filhos ( )
2. Em geral é contra ( )
3. Em alguns casos é aceitável ( )
4. Não tenho opinião formada ( )
5. É favorável ( )
Alguns autores classificam ainda as perguntas em:
a) Direta ou Pessoal. Quando formuladas em termos pessoais, incluindo a pessoa do informado.
Exemplo:
1) Como você...
b) Indireta ou Impessoal. Quando formuladas visando a outras pessoas.
Exemplo:
1) Deveriam os brasileiros...
...ORDEM DAS PERGUNTAS
Outro aspecto que merece atenção é a regra geral de se iniciar o questionário com perguntas gerais, chegando pouco a pouco às específicas (técnica do funil), e colocar no final questões de fato, para não causar insegurança. No decorrer do questionário, devem-se colocar as perguntas pessoais e impessoais alternadas.
A disposição das perguntas precisa seguir uma “progressão lógica”, afirmam Goode e Hatt (1969: 177), para que o informante:
a) seja conduzido a responder pelo interesse despertado, sendo as perguntas atraentes e não controvertidas.
b) seja a responder, indo dos itens mais fáceis para os mais complexos.
c) não se defronte prematura e subitamente com informações pessoais - questões delicadas devem vir mais no fim;
d) seja levado gradativamente de um quadro de referência a outro - facilitando o entendimento e as respostas.
As primeiras perguntas, de descontração do entrevistado, são chamados de quebra-gelo, porque têm a função de estabelecer contato, colocando-o à vontade.
“Deve-se fugir, o quanto possível, do chamado efeito do contágio, ou seja, à influência da pergunta precedente sobre a seguinte” (Augras, 1974: 156).
Exemplo:
Suponha-se que seja apresentada a seguinte seqüência de perguntas:
Você é católico? (resposta positiva); É praticante? (resposta positiva); Conhece a posição do Vaticano sobre o aborto? (resposta positiva); Tomou conhecimento da declaração do Papa sobre o aborto? (resposta positiva); Você é favorável ou contrário ao aborto?
A tendência será o aumento de respostas “contrário”, mesmo que a pessoa seja favorável: seqüência de perguntas patenteia ao entrevistado sua atitude contraditória, alterando sua resposta.
Para evitar o efeito de contágio, as perguntas relativas ao mesmo tema devem aparecer separadas: primeiro a opinião e, por último, as perguntas de fato. Pode ocorrer, também, o contágio emocional e, para evitá-lo, devem-se alterar as perguntas simples, dicotômicas ou tricotômicas, com as perguntas mais complexas, abertas ou de múltipla escolha.
....Formulário
O formulário é um dos instrumentos essenciais para a investigação social, cujo sistema de coleta de dados consiste em obter informações diretamente do entrevistado.
Nogueira (1968: 129) define formulário como sendo “uma lista formal, catálogo ou inventário destinado à coleta de dados resultantes quer da observação, quer de interrogatório, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador, à medida que faz as observações ou recebe as respostas, ou pelo pesquisado, sob sua orientação”.
Para Selltiz (1965: 172), formulário “é o nome geral usado para designar uma coleção de questões que são perguntadas e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com outra pessoa”.
Portanto, o que caracteriza o formulário é o contato face a face entre pesquisador e informante e ser o roteiro de perguntas preenchido pelo entrevistador, no momento da entrevista.
São três as qualidades essenciais de todo formulário, apontadas por Ander-Egg (1978: 125):
“a) Adaptação ao objeto de investigação.
b) Adaptação aos meios que se possui para realizar o trabalho.
c) Precisão das informações em um grau de exatidão suficiente e satisfatório para o objetivo proposto.”
...VANTAGENS E DESVANTAGENS
O formulário, assim como o questionário, apresenta uma série de vantagens e desvantagens.
Vantagens:
a) Utilizado em quase todo o segmento da população: alfabetizados, analfabetos, populações heterogêneas etc., porque seu preenchimento é feito pelo entrevistador.
b) Oportunidade de estabelecer rapport, devido ao contato pessoal.
c) Presença do pesquisador, que pode explicar os objetivos da pesquisa, orientar o preenchimento do formulário e eleucidar significados de perguntas que não estejam muito claras.
d) Flexibilidade, para adaptar-se às necessidades de cada situação, podendo o entrevistador reformular itens ou ajustar o formulário à compreensão de cada informante.
e) Obtenção de dados mais complexas e úteis.
f) Facilidade na aquisição de um número representativo de informantes, em determinado grupo.
g) Uniformidades dos símbolos utilizados, pois é preenchido pelo próprio pesquisador.
Desvantagens:
a) Menos liberdade nas respostas, em virtude da presença do entrevistador.
b) Risco de distorções, pela influência do aplicador.
c) Menos prazo para responder às perguntas; não havendo tempo para pensar, elas podem ser invalidadas.
d) Mais demorado, por ser aplicado a uma pessoa de cada vez.
e) Insegurança das respostas, por falta do anonimato.
f) Pessoas possuidoras de informações necessárias podem estar em localidades muito distantes, tornando a resposta difícil, demorada e dispendiosa.
...APRESENTAÇÃO DO FORMULÁRIO
A observância de alguns aspectos é necessária na construção do formulário, para facilitar o seu manuseio e sua posterior tabulação.
Deve ser levado em conta o tipo, o tamanho e o formato do papel; a estética e o espaçamento devem ser observados, e cada item deve ter espaço suficiente para a redação das respostas. Os itens e subitens precisam ser indicados com letras ou números e as perguntas ter certa disposição, conservando distância razoável entre si. Deve ser datilografado [ou digitado], mimeografado ou impresso em uma só face do papel. É importante numerar as folhas.
As formas de registro escolhidas para assinalar as respostas - traço, círculo, quadrado ou parêntesis - devem permanecer sempre as mesmas em todo o instrumento.
A redação simples, clara, concisa é ideal. Itens em demasia devem ser evitados. “Causam má impressão questionários ou formulários antiestéticos em termos de papel, disposição das perguntasm, grafia etc.”, afirma Witt (1973: 46)” (MARCONI & LAKATOS, 1986, pp. 70-87).
A ENTREVISTA ENQUANTO TÉCNICA
Entre as diversas formas de abordagem técnica do trabalho de campo, destacamos a entrevista e a observação participante. Por se tratar de importantes componentes da realização da pesquisa qualitativa, tentaremos a seguir sistematizar aspectos relevantes sobre essas técnicas. Esses aspectos que envolvem a coleta de dados qualitativos também podem ser encontrados em Chizotti (1991).
A entrevista é o procedimento mais ususal no trabalho de campo. Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta das fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos-objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada. Suas formas de realização podem ser de natureza individual e/ou coletiva.
Nesse sentido, a entrevista, um termo bastante genérico, está sendo por nós entendida como uma conversa a dois com propósitos bem definidos. Num primeiro nível, essa técnica se caracteriza por uma comunicação verbal que reforça a importância da linguagem e do significado da fala. Já. num outro nível, serve como um meio de coleta de informações sobre um determinado tema científico.
Através desse procedimento, podemos obter dados objetivos e subjetivos. Os primeiros podem ser também obtidos através de fontes secundárias, tais como censos, estatísticas e outras formas de registros. Em contrapartida, o segundo tipo de dados se relaciona aos valores, às atitudes e às opiniões dos sujeitos entrevistados.
Em geral, as entrevistas podem ser estruturadas e não-estruturadas, correspondendo ao fato de serem mais ou menos dirigidas. Assim, torna-se possível trabalhar com a entrevista aberta ou não-estruturada, onde o informante aborda livremente o tema proposto; bem como com as estruturadas que pressupõem perguntas previamente formuladas. Há formas, no entanto, que articulam essas duas modalidades, caracterizando-se como entrevistas semi-estruturadas.
Aprofundando essas modalidades, temos ainda, entre outras, a discussão em grupo e a história de vida. No primeiro caso, sua aplicação se dá em uma ou mais sessões, em pequenos grupos de 6 a 12 componentes, com um animador que faz intervenções no decorrer das discussões. o papel desse animador não se restringe meramente ao aspecto técnico. A relevância de sua atuação está na capacidade de interação com o grupo e de coordenação da discussão. A selecção dos participantes ocorre a partir de grupos com opiniões e idéias voltadas para o interesse da pesquisa. A discussão de grupo visa complementar as entrevistas individuais e a observação participante.
Em relação à história de vida, como estratégia de compreensão da realidade, sua principal função é retratar as experiências vivenciadas, bem como as definições fornecidas por pessoas, grupos ou organizações. Ela pode ser escrita ou verbalizada e abrange na versão de Denzi, citado por Minayo (1992), os seguintes tipos: história de vida completa, que retrata todo o conjunto da experiência vivida; e a história de vida tópica, que focaliza uma etapa ou um determinado setor da experiência em questão.
Nesse procedimento metodológico, destacamos a noção de entrevista em profundidade que possibilita um diálogo intensamente correspondido entre entrevistador e informante. Para muitas pesquisas, a história de vida tem tudo para ser um ponto inicial privilegiado porque permite ao informante retomar sua vivência de forma restropectiva, com uma exaustiva interpretação. Nela geralmente acontece a liberação de um pensamento crítico reprimido e que muitas vezes nos chega em tom de confidência. É um olhar cuidadoso sobre a própria vivência ou sobre determinado fato. Esse relato fornece um material extremamente rico para análises do vivido. Nele podemos encontrar o reflexo da dimensão coletiva a partir da visão individual.
A OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
A técnica de observação participante se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos. O observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo contexto. A importância dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real.
A inserção do pesquisador no campo está relacionada com as diferentes situações da observação participante por ele desejada. Num pólo, temos a sua participação plena, caracterizada por um envolvimento por inteiro em todas as dimensões de vida do grupo a ser estudado. Noutro, observamos um distanciamento total de participação da vida do grupo, tendo como prioridade somente a observação. Ambos os extremos mencionados envolvem riscos que devem ser avaliados antes de serem adotados.
Entre esses pólos extremos encontramos variações da técnica. Uma dessas variações diz respeito ao papel do pesquisador enquanto participante observador. Nessa situação, o pesquisador deixa claro para si e para o grupo sua relação como sendo restrita ao momento da pesquisa de campo. Nesse sentido, ele pode desenvolver uma participação no cotidiano do grupo estudado, através da observação de eventos do dia-a-dia. Outra variação se refere ao pesquisador enquanto observador participante. Isso corresponde a uma estratégia complementar às entrevistas, sendo que essa observação se dá de forma rápida e superficial.
Essas variações descrita só podem ser concebidas para fins de análise. Na realidade, nenhuma delas ocorre puramente, salvo em condições especiais.
As questões centrais da observação participante estão relacionadas aos principais momentos da realização da pesquisa, sendo um deles a entrada em campo. As capacidades de empatia e de observação por parte do investigador e a aceitação dele por parte do grupo são fatores decisivos nesse procedimento metodológico, e não são alcançados através de simples receitas. Um maior aprofundamento sobre o assunto pode ser buscado em Cicourel (1980), que aborda aspectos da teoria e do método em pesquisa de campo.
ENTREVISTA E QUESTIONÁRIO
"1.1 Entrevista
A entrevista não é uma simples conversa. É conversa orientada para um objetivo definido: recolher, através do interrogatório do informante, dados para pesquisa.
A entrevista tornou-se, nos últimos anos, um instrumento de que se servem constantemente os pesquisadores em ciências sociais e psicologias. Recorrem estes à entrevistas sempre que têm necessidades de dados que não podem encontrar em registros e fontes documentárias e que podem ser fornecidos por certas pessoas. Estes dadosa serão utilizados tanto para o estudo de "fatos"como de casos ou de opiniões. Adotar-se-ão os seguintes critérios para o preparo e a relaização da entrevista:
1) O entrevistador deve planejar a entrevista, delineando cuidadosamente o objetivo a ser alcançado.
2) Obter, sempre que possível, algum conhecimento prévio acerca do entrevistado.
3) Marcar com antecedência o local e o horário para a entrevista. Qualquer transtorno poderá comprometer os resultados da pesquisa.
4) Criar condições, isto é, uma situação discreta para a entrevista, pois será mais fácil obter informações espontâneas e confidenciais de uma pessoa isolada do que uma pessoa acompanhada ou em grupo.
5) Escolher o entrevistado de acordo com a sua familiaridade ou autoridade em relação ao assunto escolhido.
6) Fazer uma lista das questões, destacando as mais importantes.
7) Assegurar um número suficiente de entrevistados, o que dependerá da viabilidade da informação a ser obtida.
O entrevistado deve obter e manter a confiança do entrevistado. Evitar ser inoportuno, não interrompendo outras atividades de seu interesse, nem entrevistando-o no momento em que esteja irritado, fatigado ou impaciente.
Convém dispor-se a ouvir mais do que a falar. O que interessa é o que o informante tem a dizer. Dê-se-lhe o tempo necessário para discorrer satisfatoriamente sobre o assunto.
Controle-se a entrevista, reconduzindo, se necessário, o entrevistado ao objeto da entrevista. Evitem-se perguntas diretas que precipitariam as informações, deixando-as incompletas.
Apresentam-se primeiramente as perguntas que tenham menores probabilidades de provocar recusa ou produzir qualquer forma de negativismo, uma após outra, a fim de não confundir o entrevistado.
Sempre que possível, conferir as respostas, mantendo-se alerta aos erros constantes.
Finalmente, fazer o registro dos dados imediatamente após a entrevista ou na primeira oportunidade que se apresentar. Registrar mesmo aqueles dados fornecidos após a entrevista por terem sido considerados sem importância.
Quando se há de recorrer à entrevista?
Recorre-se à entrevista quando não há fontes mais seguras para as informações desejadas ou quando se quiserem completar dados extraídos de outras fontes.
A entrevista possibilita registrar, além disso, observações sobre a aparência, sobre o comportamento e sobre as atitudes do entrevistado. Daí sua vantagem sobre o questionário.
Evite-se recorrer à entrevista para obter dados de valor incerto ou para obter informações precisas, cuja validade dependeria de pesquisas ou observações controladas, tais como datas, relações numéricas, etc.
O entrevistado deve ser informado do motivo de sua escolha, motivo este que será sempre plausível.
1.2 Questionário
O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja. Em geral, a palavra "questionário" se refere a um meio de obter respostas às questões, por uma fórmula que o próprio informante preenche. Assim, qualquer pessoa que preencheu um pedido de trabalho, teve a experiência de responder a um questionário. Ele contém um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central.
O questionário poderá ser enviado pelo correio, entregue ao respondente ou aplicado por elementos preparados e selecionados: neste caso, pode ser aplicado simultaneamente a maior número de indivíduos.
Todo questionário deve ter natureza impessoal para assegurar uniformidade na avaliação de uma situação para outra. Possui a vantagem de os respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais reais (o que não pode acontecer na entrevista). Deve, ainda, ser limitado em sua extensão e finalidade.
É necessário que se estabeleçam, com critério, quais as questões mais importantes a serem propostas e que interessam ser conhecidas, de acordo com os objetivos. Devem ser propostas perguntas que conduzam facilmente às respostas de forma a não insinuarem outras colocações.
Se o questionário for respondido na ausência do investigador, deve ser acompanhado de instruções minuciosas e específicas.
Perguntas fechadas: destinam-se a obter respostas mais precisas.
Ex.: "Possui rádio?"
( ) Sim
( ) Não
As perguntas fechadas são padronizadas, de fácil aplicação, fáceis de analisar ou codificar. As perguntas abertas, destinadas a obtenção de respostas livres, embora possibilitem recolher dados ou informações mais ricas e variadas, são analisadas e codificadas com maiores dificuldades.
1.3 Formulário
Formulário é uma lista informal, catálogo ou inventário, destinado à coleta de dados resultantes quer de observações, quer de interrogações, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador.
Entre as vantagens que apresenta o formulário, podemos destacar a assistência direta do investigador, a possibilidade de comportar perguntas mais complexas, a garantia da uniformidade na interpretação dos dados e dos critérios pelos quais são fornecidos. O formulário pode ser aplicado a grupos heterogêneos, inclusive a analfabetos, o que não ocorre com o questionário.
Uma vez recolhidos os dados cientificamente, isto é, através das técnicas da observação controlada, passa-se à codificação e ao tabulamento dos mesmos (gráficos, mapas, quadros, estatísticas). Somente, então, serão analisados e interpretados em função das perguntas formuladas no início ou das hipóteses levantadas" (CERVO & BERVIAN, 1977, pp.105-108).
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Como esclarecer a população dos caminhos políticos imorais se em muitas universidades e escolas a política perde o seu caráter científico e se torna ideologia (doutrina)? A política devia ser tratada como uma ciência e seu estudo deveria ser obrigatório em todas as escolas e universidades. Eu já fui professor de ciência política no Rio de Janeiro e sei por teoria e prática a complexidade desse objeto de estudo que envolve conhecimentos de história, sociologia, ética, filosofia etc. O “povão” (e muitos intelectuais também) está muito distante dessa compreensão do que seja de fato ‘participação política”. Um político eticamente correto deveria ter legitimidade e legalidade. A questão da legalidade se torna complexa porque existem muitos modos de transformar o ilegal em legal, o ilegítimo em legítimo. Além disso, poucos sabem de fato distinguir a crítica do ataque. Criticar não é simplesmente atacar e acabar com a imagem do outro. A crítica implica conhecimento e experiência do contexto. Mas, infelizmente a política se torna um palco de ataque e baixaria sem discussão científica dos fatos sociais e sem filosofia do que se diz.
Bernardo Melgaço da Silva
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 8CRUZ NETO, OTÁVIO - "O Trabalho de Campo como Descoberta e Criação", In: VVAA, organizado por Maria Cecília de Souza Minayo, Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade, Rio de Janeiro, Vozes, pp.51-64.
___________________________
1 parte do Capítulo 3 da tese de mestrado de:
MELGAÇO DA SILVA, BERNARDO - Trabalho e Transformação: A Organização da Produção e o Nível de Consciência nas Sociedades Modernas, Rio de Janeiro, COPPE/UFRJ, Tese de Mestrado, 1992, pp.201.
porque convergimos e integramos com AMOR, VERDADE, RETIDÃO, PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA
dedicamos este espaço a todos que estão na busca de agregar idéias sobre a condição humana no mundo contemporâneo, através de uma perspectiva holística, cujos saberes oriundos da filosofia, ciência e espiritualidade nunca são divergentes; pelo contrário exige-nos uma postura convergente àquilo que nos move ao conhecimento do homem e das coisas.
Acredito que quanto mais profundos estivermos em nossas buscas de respostas da consciência melhor será para alcançarmos níveis de entendimento de quem somos nós e qual o propósito que precisaremos dar as nossas consciências e energias objetivas e sutis para se cumprir o projeto de realização holística, feliz, transcendente, consciente e Amorosa.
"Trata-se do sentido da unidade das coisas: homem e natureza, consciência e matéria, interioridade e exterioridade, sujeito e objeto; em suma, a percepção de que tudo isso pode ser reconciliado. Na verdade, nunca aceitei sua separatividade, e minha vida - particular e profissional - foi dedicada a explorar sua unidade numa odisseia espiritual". Renée Weber
PORTANTO, CONVERGIR E INTEGRAR TUDO - TUDO MESMO! NAS TRÊS DIMENSÕES:ESPIRITUAL-SOCIAL-ECOLÓGICO
O cientista (psicólogo e reitor da Universidade Holística - UNIPAZ) PIERRE WEIL (1989) aponta os seguintes elementos para a falta de convergência e integração da consciência humana em geral: "A filosofia afastou-se da tradição, a ciência abandonou a filosofia; nesse movimento, a sabedoria dissociou-se do amor e a razão deixou a sabedoria, divorciando-se do coração que ela já não escuta. A ciência tornou-se tecnologia fria, sem nenhuma ética. É essa a mentalidade que rege nossas escolas e universidades"(p.35).
"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo" Albert Einstein
Acredito que quanto mais profundos estivermos em nossas buscas de respostas da consciência melhor será para alcançarmos níveis de entendimento de quem somos nós e qual o propósito que precisaremos dar as nossas consciências e energias objetivas e sutis para se cumprir o projeto de realização holística, feliz, transcendente, consciente e Amorosa.
"Trata-se do sentido da unidade das coisas: homem e natureza, consciência e matéria, interioridade e exterioridade, sujeito e objeto; em suma, a percepção de que tudo isso pode ser reconciliado. Na verdade, nunca aceitei sua separatividade, e minha vida - particular e profissional - foi dedicada a explorar sua unidade numa odisseia espiritual". Renée Weber
PORTANTO, CONVERGIR E INTEGRAR TUDO - TUDO MESMO! NAS TRÊS DIMENSÕES:ESPIRITUAL-SOCIAL-ECOLÓGICO
O cientista (psicólogo e reitor da Universidade Holística - UNIPAZ) PIERRE WEIL (1989) aponta os seguintes elementos para a falta de convergência e integração da consciência humana em geral: "A filosofia afastou-se da tradição, a ciência abandonou a filosofia; nesse movimento, a sabedoria dissociou-se do amor e a razão deixou a sabedoria, divorciando-se do coração que ela já não escuta. A ciência tornou-se tecnologia fria, sem nenhuma ética. É essa a mentalidade que rege nossas escolas e universidades"(p.35).
"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo" Albert Einstein
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
domingo, 31 de agosto de 2008
A DISCIPLINA QUE TRANSFORMA E LIBERTA: MENTALIZAÇÃO, REFLEXÃO E ORAÇÃO
Em 1988 passei por uma experiência mística-espiritual que me marcou profundamente. Ao longo desses 20 anos tentei dar uma explicação e encontrar uma resposta racional para um fenômeno que eu havia vivenciado: o poder da imaginação da luz violeta. A pergunta que me fiz nesses longos vinte anos era: como a mentalização contínua de uma chama violeta havia provocado uma mudança radical e ontológica no caráter do meu ser? “Isso é coisa para místico e não para um cientista”– era a minha crítica e perplexidade! Como uma mente racional de engenheiro como a minha havia se libertado de repente das lógicas e dos paradigmas do mundo moderno para entrar e perceber um universo jamais imaginado e vivenciado por uma mente racional? Hoje, após assistir um vídeo emprestado por uma amiga retornei a fazer um exercício que havia quase abandonado desde 1988. Isto porque uma pessoa entrevistada, que aparece no vídeo, afirmou algo que encontrou ressonância em mim e me fez voltar no tempo. Hoje, comecei a especular baseado nos conhecimentos acumulados da física quântica que muito provavelmente o sistema sutil que antecede ao sistema físico é um sistema que se “alimenta” de vibrações sutis tais como pensamentos, imaginações, mentalizações, emoções, repetições de sons etc. Isso implica dizer que o cérebro e o restante do corpo são parte de um sistema complexo no processo de transformação de energias sutis (altíssima freqüência) em energias de baixa freqüência. Em outras palavras, tudo o que percebemos no mundo objetivo são matéria-prima no processo de transformação e circulação de energias em planos e dimensões do multiverso humano. Isso implica dizer que uma “simples” (mas contínua) mentalização de uma luz violeta, ou outra qualquer, desencadeia um fluxo de energia que percorre as diversas dimensões da natureza humana podendo trazer bem-estar, paz e cura para quem se disciplina em manter o exercício por longo “tempo” (as orações das rezadeiras e as meditações dos iogues também!). Por isso, Albert Einstein chegou afirmar: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento”. E ele disse ainda : “estudem a fé”.
A realidade que vemos e participamos é análoga à percepção do som ou da imagem que saem de uma TV, mas a energia que está por detrás do som e da imagem não é percebida e sentida por nós. Percebemos os efeitos, mas não a causa. A causa está no plano sutil e invisível que “alimenta” o mundo concreto do corpo e da psique. E por que não conseguimos compreender esse universo sutil? Por que queremos através da razão “ver” um fenômeno que a antecede – isso é impossível! É como se quiséssemos “ver” a natureza do som ou “escutar” a natureza da imagem: para cada plano da realidade humana exige-se uma percepção específica. A mentalização ou meditação em verdade é um exercício de focalização ou concentração da energia sutil de tal forma que a intensidade desse exercício produz uma potencialização da energia acumulada, elevando e acelerando o poder de transformação humana. E dependendo do sentido da orientação do fluxo de energia podemos ter dois processos: materialização (condicionamento) e desmaterialização (descondicionamento). Os físicos quânticos já descobriram que a consciência do observador afeta a experiência observada. E por isso estão afirmando: somos criadores de realiadades! A ciência moderna está começando a experimentar e revelar um novo mundo – o nascimento de um novo paradigma revolucionário que mudará nossa concepção do cosmo e do ser!Prof. Bernardo Melgaço da Silva – (88)92019234 – bernardomelgaco@hotmail.com
A realidade que vemos e participamos é análoga à percepção do som ou da imagem que saem de uma TV, mas a energia que está por detrás do som e da imagem não é percebida e sentida por nós. Percebemos os efeitos, mas não a causa. A causa está no plano sutil e invisível que “alimenta” o mundo concreto do corpo e da psique. E por que não conseguimos compreender esse universo sutil? Por que queremos através da razão “ver” um fenômeno que a antecede – isso é impossível! É como se quiséssemos “ver” a natureza do som ou “escutar” a natureza da imagem: para cada plano da realidade humana exige-se uma percepção específica. A mentalização ou meditação em verdade é um exercício de focalização ou concentração da energia sutil de tal forma que a intensidade desse exercício produz uma potencialização da energia acumulada, elevando e acelerando o poder de transformação humana. E dependendo do sentido da orientação do fluxo de energia podemos ter dois processos: materialização (condicionamento) e desmaterialização (descondicionamento). Os físicos quânticos já descobriram que a consciência do observador afeta a experiência observada. E por isso estão afirmando: somos criadores de realiadades! A ciência moderna está começando a experimentar e revelar um novo mundo – o nascimento de um novo paradigma revolucionário que mudará nossa concepção do cosmo e do ser!Prof. Bernardo Melgaço da Silva – (88)92019234 – bernardomelgaco@hotmail.com
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
A EMPRESA IDEOLÓGICA UNIVERSITÁRIA PÚBLICA (II): A QUEDA DE FLORA NO DUELO COM DONATELA
Dizem os especialistas que a novela copia a vida social. Na novela da TV GLOBO a vilã-mocinha FLORA usou toda a astúcia para esconder sua personalidade obsessiva e doentia. E fez assim por muito tempo até que a verdade se cansou da trama e mostrou sua face mentirosa: FLORA foi “desmascarada”, mas não foi destituída de seu poder maquiavélico. Nas empresas ideológicas universitárias ocorre de encontrarmos indivíduos que no afã de alcançar o poder a qualquer custo faz de tudo – tudo mesmo! – para mudar a realidade a seu favor como FLORA tenta inconscientemente fazer. E assim o primeiro passo é esconderem as suas verdadeiras intenções e personalidades maquiavélicas para garantirem a supremacia de um dia poderem mandar e planejar soberanamente a propagação das suas ideologias imorais e obsessivas. O intuito desses indivíduos é propagar e buscar novas adesões para fortalecerem seus desequilíbrios psíquicos. E muitos acabam também entrando (como soldados ideológicos!) nessa guerra maquiavélica planejada, pois desprovidos de sensibilidade mais refinada acreditam que a realidade do “mal” se encontra na resistência do outro em não aceitar ou acatar suas mensagens carregadas de retóricas. E de mentira em mentira FLORA vai envolvendo a – quase! – todos, e da mesma forma as personalidades maquiavélicas tramam criar uma realidade contra a própria realidade dos fatos. E assim, chocam-se duas realidades a de FLORA “maquiavélica” e a própria realidade dos acontecimentos. Duas energias combatem entre si para instituírem a verdade “inquestionável” no campo das possibilidades infinitas da natureza criadora. E quem é esse personagem? Que papel ele exerce na vida social? É a vida inconsciente na trama de se revelar e se garantir de poder porque necessita sobreviver na aparência ilusória de ser sem ser de verdade. Nas empresas ideológicas universitárias o personagem de FLORA está numa luta perdida contra si mesmo, contra a verdade das forças criadoras (que não é de esquerda ou de direita) da vida e da paz. E todos aqueles que inventam e incentivam a luta contra a paz encontram a guerra da morte na derrota e humilhação do ego. Logo cedo amargam o poder dos fatos e assim sucumbem na SOMBRA de suas próprias mentiras e ilusões – seus amigos se transformam em inimigos, seus valores se transformam em pó, seus ideais acabam caindo no abismo profundo da decepção e por causa disso perdem a sabedoria e a força interior que está latente no próprio Espírito da Verdade, da Paz e do Amor!
No dia seguinte muitos festejarão com alegria a queda e solidão de FLORA!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva (88)9201-9234
No dia seguinte muitos festejarão com alegria a queda e solidão de FLORA!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva (88)9201-9234
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
A EMPRESA IDEOLÓGICA UNIVERSITÁRIA PÚBLICA

Eu conheço uma instituição que no momento sofre de uma grave crise de identidade. Isto porque em sua constituição atual ela funciona como uma pequena empresa, um sistema político partidário e está inserida num ambiente universitário. Em sua estrutura de pequena empresa desorganizada observa-se que as ações são executadas apenas no nível operacional sem nenhuma estratégia de longo e médio prazo. Em outras palavras, ela funciona porque seus membros sabem o que fazer no dia-a-dia. É como um barco que navega apenas pela orientação e força do vento que sopra – não há comando e nem comandante! Todos nós sabemos que numa empresa capitalista a administração superior visa gerar lucros porque é a sua finalidade primeira. E para alcançar esse objetivo precisa utilizar todos os conhecimentos atualizados e técnicas modernas de gestão para administrar bem sem comprometer o capital e a missão da empresa. Entretanto, nessa empresa ideológica universitária pública a finalidade primeira não é o lucro (que bom!), mas ganhos sociais e acadêmicos promissores. E para alcançar esse objetivo maior precisa ter em suas bases conceituais princípios estratégicos tais que orientem os outros dois níveis que são o tático (médio prazo) e o operacional (curto prazo). E além disso, precisa ter no seu comando pessoas altamente qualificadas capazes de liderar grupos com características diversificadas tanto na sua formação humana quanto política-acadêmica. Todavia nessa empresa que conheço isso não foi possível porque a escolha de seus gestores não foi por mérito, mas por voto partidário e alianças extra-acadêmicas. Ou seja, a cabeça que governa o corpo sofre de uma esquizofrenia grave. Isto porque possui duas personalidades: acadêmica e política partidária. E o lado esquizofrênico partidário sofre de múltiplas esquizofrenias porque está em luta consigo mesmo no comando da personalidade – quem vai ser dominante ou responsável na trama partidária (Donatela ou Flora)?
Assim sendo, diz o ditado: “no comando onde tem cabeças esquizofrênicas todos mandam e ninguém governada nada”. Essa instituição – infelizmente! – precisa de um tratamento psiquiátrico – urgente! Ela precisa de doses homeopáticas e alopáticas de um remédio chamado UNIDADE, para sanar a sua grave doença de dupla visão: acadêmica-política partidária. Isto porque a visão partidária obscurece aqueles que vieram da sombra (ou SOMBRA) e não conseguem sentir a luz da sabedoria. O “mal” que contamina essa instituição problemática é que a cabeça não percebe que na sombra partidária não se governa e não se enxerga nada. Faz-se necessário, muita luz acadêmica com compreensão, organização, ética, verdade, respeito, amizade, sociabilidade, inteligência, filosofia, ciência, visão global, polidez, diplomacia, sinceridade e camaradagem com todos os seus membros - atores principais no grande palco da vida acadêmica! E segundo o ditado popular: “na casa onde não tem visão (pão) todos brigam e ninguém tem comando (razão) – só escuridão, fragmentação e confusão!”.
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – bernardomelgaco@hotmail.com
Assim sendo, diz o ditado: “no comando onde tem cabeças esquizofrênicas todos mandam e ninguém governada nada”. Essa instituição – infelizmente! – precisa de um tratamento psiquiátrico – urgente! Ela precisa de doses homeopáticas e alopáticas de um remédio chamado UNIDADE, para sanar a sua grave doença de dupla visão: acadêmica-política partidária. Isto porque a visão partidária obscurece aqueles que vieram da sombra (ou SOMBRA) e não conseguem sentir a luz da sabedoria. O “mal” que contamina essa instituição problemática é que a cabeça não percebe que na sombra partidária não se governa e não se enxerga nada. Faz-se necessário, muita luz acadêmica com compreensão, organização, ética, verdade, respeito, amizade, sociabilidade, inteligência, filosofia, ciência, visão global, polidez, diplomacia, sinceridade e camaradagem com todos os seus membros - atores principais no grande palco da vida acadêmica! E segundo o ditado popular: “na casa onde não tem visão (pão) todos brigam e ninguém tem comando (razão) – só escuridão, fragmentação e confusão!”.
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – bernardomelgaco@hotmail.com
sexta-feira, 18 de julho de 2008
I SIMPÓSIO EM CIÊNCIA DAS RELIGIÕES: PLURALISMOS - UFPB
I SIMPÓSIO EM CIÊNCIA DAS RELIGIÕES: PLURALISMOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
(http://www.cchla.ufpb.br/simposioreligio/index.php?option=com_content&task=view&id=2&itemid=3)
“Justificativa
O Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões – PPGCR – foi autorizado pela CAPES em julho de 2006. É o primeiro programa do Nordeste e o segundo do Brasil a ser oferecido por uma universidade federal; todos os demais são programas oferecidos por universidades confessionais.
Mais que um curso novo, somos inovadores. O PPGCR resultou do GIP-RELIGARE - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Religião e Religiosidade - e do êxito da experiência do Curso de Especialização em Ciências das Religiões - CECR . Vale ressaltar que o PPGCR é o primeiro programa de pós-graduação a se intitular no plural – CiênciaS das ReligiõeS - por acreditarmos na existência da multiplicidade dos métodos para se chegar ao conhecimento, tanto quanto na multiplicidade do nosso objeto de estudo: as Religiões.
Depois de séculos de predomínio polarizado entre religião e ciência, hoje temos condições de olhar para trás e ver que, se a ciência foi redutora em seus primórdios, por presumir que detinha a "verdade absoluta", ela foi grandiosa no combate à intolerância, ao livrar o Ocidente da estreiteza da "verdade absoluta” imposta pelo catolicismo romano, deixado por Constantino e aprofundado nos tempos inquisitoriais. Depois de ter sido adotado oficialmente pelo Império Romano, a “religião” passou a ser sinônimo de "Igreja Católica Romana" ou, no máximo, "cristianismo". Assim, nada mais “natural” do que a utilização monolítica dos termos "ciência" e "religião" no singular.
Entretanto, a realidade é dinâmica e tudo muda. Depois de séculos de dogmatismos, religioso ou científico, a humanidade está redescobrindo que tudo é relativo, que neste mundo dialético não é possível nenhuma verdade absoluta, que ela é sempre relativa, não importa de onde venha.
Ernest Cassirer[1] no Ensaio sobre o Homem, afirma que “deveríamos definir o ser humano como animal simbolicum, e não como animal rationale”. Para Cassirer, a dimensão racional exclui a dimensão imagética e emocional reduzindo o ser humano a apenas um aspecto de sua inteireza. O ser humano é muito mais que um ser racional. O ser humano só é o que é pela interação complementar entre compreender e sentir, entre razão e sensibilidade, e ambas são expressas através da dimensão simbólica.
Observada a linha do tempo, as Ciências das Religiões parecem ser uma área recente de estudos, mas quando cotejada com as Ciências Sociais, ambas têm a mesma origem e os mesmos fundadores. Embora nascido concomitantemente com as Ciências Sociais, o estudo das religiões permaneceu como sub-área dentro da Sociologia e da Antropologia e só, recentemente, vem adquirindo relevância cada vez mais expressiva, não pelo desejo dos seus teóricos, mas por um imperativo colocado pela própria realidade.
Acreditamos que os graves problemas colocados pelo mundo contemporâneo estão dando à humanidade a oportunidade de refletir sobre dogmas e intolerâncias. Questioná-los e discuti-los pode levar a humanidade a dar-se conta de uma outra possibilidade, a de que Deus foi, é, e sempre será re-criado à imagem e semelhança dos seres humanos, homens e mulheres de cada tempo, de cada lugar, de cada civilização. Os seres humanos são produto e produtores de cultura. Cultura é diversidade, é multiplicidade, é metamorfose constante, integrada aos diferentes tempos históricos e espaços geográficos. A tarefa do mundo científico é compreender esta dimensão humana e suas repercussões para a vida em sociedade.
Este é o propósito do PPGCR. Ele nasceu plural e laico, portanto, não se coloca na perspectiva de um curso de teologia. Seu objeto de estudo não é Deus, mas compreender como os seres humanos criam os seus deuses e suas religiões, e, consequentemente, os códigos de conduta que se relacionam a estas representações. Esta dimensão será abordada na linha de pesquisa intitulada Religião, Cultura e Produções Simbólicas.
A segunda linha de pesquisa do programa se intitula Espiritualidade e Saúde. Ela busca estudar a correlação entre fé e cura, e nisso o PPGCR é igualmente inovador, por ter lançado uma linha de pesquisa que se propõe estudar a relação entre Espiritualidade e Saúde dentro dos métodos científicos.
A proposição desta linha de pesquisa só foi possível por fazermos parte de uma universidade federal que tem curso de medicina há mais de 30 anos. Três dos cinco docentes integrantes desta linha de pesquisa são professores de medicina há mais de 20 anos, sendo dois professores de Imunologia, cujos estudos de ponta abarcam as dimensões psicológica e imagética do paciente (psiconeuroimunendocrinologia).
Por outro lado, estudos recentes internacionais comprovam a eficácia de certas práticas “complementares” à medicina tradicional, que atuam favoravelmente sobre a saúde, ocasionando as chamadas "curas milagrosas" realizadas pelas vias espirituais. Estamos diante de um campo tangencial entre ciência e religião, entre fé e cura, o estudo científico da cura obtida através de mecanismos ditos espirituais.
A dimensão religiosa é inerente ao ser humano, portanto, é legítima sua adoção como objeto de estudo, além de profundamente necessária na atual conjuntura globalizada em que vivemos. Nossa compreensão é que o estudo da dimensão religiosa se faz através da dimensão simbólica, ou, como diria Durkheim, através das representações.
As dimensões simbólica e religiosa do ser humano devem ser compreendidas como expressões culturais de cada povo, que, por natureza, são múltiplas. A compreensão de que estes fenômenos não podem existir no singular, que eles sempre serão manifestações múltiplas, é a base da tolerância. Ao compreender que a humanidade é única, pois não existem múltiplas humanidades, ao aceitar que esta única humanidade produz uma fabulosa miríade de produções culturais singulares, dá-se um grande passo no sentido do acolhimento do “outro” e de suas “crenças”. É a resolução da diversidade na unidade. Entretanto, este acolhimento da multiplicidade não é espontâneo, ele deve ser ensinado desde a infância, no ambiente escolar, visto que o ambiente familiar é o espaço adequado para a adoção (ou não) de uma religião. Contudo, nem a profissão de um credo, nem a negação de todos os credos é impedimento para que a criança compreenda como as religiões surgiram, como se desenvolveram e como interagem com as demais em cada período histórico. O domínio destas informações faz parte do bom convívio em sociedade e pouco tem a ver com fé.
Embora entendamos desta forma, pois nos alinhamos com as resoluções do FONAPER, Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso, que existe há mais de uma década, o Brasil ainda está envolto numa dificuldade epistemológica ao confundir “Ensino Religioso” com “Ensino das Religiões”.
A denominação "Ensino Religioso" é incorreta e seu uso pela Escola Pública deveria ser evitado, pois, assim como não existe "ensino matemático", "ensino histórico", "ensino geográfico", "ensino sociológico", "ensino filosófico", não deveria existir o "ensino religioso". O Ensino não pode ser adjetivado.
É bem verdade que a denominação "Ensino Religioso" reflete o tempo do domínio católico romano e seu amálgama com o Estado. É preciso mudá-la, mas isto exige uma mudança na própria Constituição, no seu art. 210, e consequentemente na LDB, no seu art. 33.
O Estado deve oferecer o Ensino das Religiões, entendido como estudo do fenômeno religioso, uma das dimensões que compõem o ser humano e a vida em sociedade, baseado, portanto, nas dimensões sociológica, antropológicas histórica e social dos indivíduos e grupos, fenômeno relacionado a um tempo histórico e uma localização espacial. Mas, assim como outro qualquer, este conteúdo só pode ser repassado aos alunos se o professor tiver uma formação específica para isso.
O professor de Ciências das Religiões tem um papel significativo no globalizado mundo contemporâneo, que requer o exercício da convivência com as diferenças, sobretudo religiosas. Mais do que nunca é fundamental compreender – para poder ensinar – o significado do fenômeno religioso na formação individual e na conduta social dos indivíduos. Entretanto, como o professor do ensino fundamental não foi capacitado para isso, esse componente curricular, por mais que o FONAPER envide esforços propondo os conteúdos através dos Parâmetros Curriculares do Ensino Religioso, existe uma tendência por parte dos professores, em trabalhar de forma confessional porque não existe uma formação específica, salvo em alguns Estados da Federação que já caminham neste sentido desde o advento da nova Lei. Temos conhecimento que nas escolas públicas estaduais da Paraíba, se faz um esforço de trabalhar tais conteúdos de forma correta, inicialmente como prevê a Lei 5.692/71 (Valores) e agora com a Lei 9.394/96 (Fenômeno Religioso). Sendo este o segundo ano de implantação do Ensino Religioso no Sistema Municipal de Educação, os conteúdos são trabalhados de acordo com os PCNs do Ensino Religioso, ainda de forma precária por não haver professores com a devida habilitação.
Pelo exposto, a proposta do I Simpósio Internacional de Ciências das Religiões é discutir amplamente as temáticas aqui levantadas, conforme a seguinte programação:”
[1] CASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem: Introdução a uma filosofia da cultura humana. SP: Martins Fontes
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
(http://www.cchla.ufpb.br/simposioreligio/index.php?option=com_content&task=view&id=2&itemid=3)
“Justificativa
O Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões – PPGCR – foi autorizado pela CAPES em julho de 2006. É o primeiro programa do Nordeste e o segundo do Brasil a ser oferecido por uma universidade federal; todos os demais são programas oferecidos por universidades confessionais.
Mais que um curso novo, somos inovadores. O PPGCR resultou do GIP-RELIGARE - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Religião e Religiosidade - e do êxito da experiência do Curso de Especialização em Ciências das Religiões - CECR . Vale ressaltar que o PPGCR é o primeiro programa de pós-graduação a se intitular no plural – CiênciaS das ReligiõeS - por acreditarmos na existência da multiplicidade dos métodos para se chegar ao conhecimento, tanto quanto na multiplicidade do nosso objeto de estudo: as Religiões.
Depois de séculos de predomínio polarizado entre religião e ciência, hoje temos condições de olhar para trás e ver que, se a ciência foi redutora em seus primórdios, por presumir que detinha a "verdade absoluta", ela foi grandiosa no combate à intolerância, ao livrar o Ocidente da estreiteza da "verdade absoluta” imposta pelo catolicismo romano, deixado por Constantino e aprofundado nos tempos inquisitoriais. Depois de ter sido adotado oficialmente pelo Império Romano, a “religião” passou a ser sinônimo de "Igreja Católica Romana" ou, no máximo, "cristianismo". Assim, nada mais “natural” do que a utilização monolítica dos termos "ciência" e "religião" no singular.
Entretanto, a realidade é dinâmica e tudo muda. Depois de séculos de dogmatismos, religioso ou científico, a humanidade está redescobrindo que tudo é relativo, que neste mundo dialético não é possível nenhuma verdade absoluta, que ela é sempre relativa, não importa de onde venha.
Ernest Cassirer[1] no Ensaio sobre o Homem, afirma que “deveríamos definir o ser humano como animal simbolicum, e não como animal rationale”. Para Cassirer, a dimensão racional exclui a dimensão imagética e emocional reduzindo o ser humano a apenas um aspecto de sua inteireza. O ser humano é muito mais que um ser racional. O ser humano só é o que é pela interação complementar entre compreender e sentir, entre razão e sensibilidade, e ambas são expressas através da dimensão simbólica.
Observada a linha do tempo, as Ciências das Religiões parecem ser uma área recente de estudos, mas quando cotejada com as Ciências Sociais, ambas têm a mesma origem e os mesmos fundadores. Embora nascido concomitantemente com as Ciências Sociais, o estudo das religiões permaneceu como sub-área dentro da Sociologia e da Antropologia e só, recentemente, vem adquirindo relevância cada vez mais expressiva, não pelo desejo dos seus teóricos, mas por um imperativo colocado pela própria realidade.
Acreditamos que os graves problemas colocados pelo mundo contemporâneo estão dando à humanidade a oportunidade de refletir sobre dogmas e intolerâncias. Questioná-los e discuti-los pode levar a humanidade a dar-se conta de uma outra possibilidade, a de que Deus foi, é, e sempre será re-criado à imagem e semelhança dos seres humanos, homens e mulheres de cada tempo, de cada lugar, de cada civilização. Os seres humanos são produto e produtores de cultura. Cultura é diversidade, é multiplicidade, é metamorfose constante, integrada aos diferentes tempos históricos e espaços geográficos. A tarefa do mundo científico é compreender esta dimensão humana e suas repercussões para a vida em sociedade.
Este é o propósito do PPGCR. Ele nasceu plural e laico, portanto, não se coloca na perspectiva de um curso de teologia. Seu objeto de estudo não é Deus, mas compreender como os seres humanos criam os seus deuses e suas religiões, e, consequentemente, os códigos de conduta que se relacionam a estas representações. Esta dimensão será abordada na linha de pesquisa intitulada Religião, Cultura e Produções Simbólicas.
A segunda linha de pesquisa do programa se intitula Espiritualidade e Saúde. Ela busca estudar a correlação entre fé e cura, e nisso o PPGCR é igualmente inovador, por ter lançado uma linha de pesquisa que se propõe estudar a relação entre Espiritualidade e Saúde dentro dos métodos científicos.
A proposição desta linha de pesquisa só foi possível por fazermos parte de uma universidade federal que tem curso de medicina há mais de 30 anos. Três dos cinco docentes integrantes desta linha de pesquisa são professores de medicina há mais de 20 anos, sendo dois professores de Imunologia, cujos estudos de ponta abarcam as dimensões psicológica e imagética do paciente (psiconeuroimunendocrinologia).
Por outro lado, estudos recentes internacionais comprovam a eficácia de certas práticas “complementares” à medicina tradicional, que atuam favoravelmente sobre a saúde, ocasionando as chamadas "curas milagrosas" realizadas pelas vias espirituais. Estamos diante de um campo tangencial entre ciência e religião, entre fé e cura, o estudo científico da cura obtida através de mecanismos ditos espirituais.
A dimensão religiosa é inerente ao ser humano, portanto, é legítima sua adoção como objeto de estudo, além de profundamente necessária na atual conjuntura globalizada em que vivemos. Nossa compreensão é que o estudo da dimensão religiosa se faz através da dimensão simbólica, ou, como diria Durkheim, através das representações.
As dimensões simbólica e religiosa do ser humano devem ser compreendidas como expressões culturais de cada povo, que, por natureza, são múltiplas. A compreensão de que estes fenômenos não podem existir no singular, que eles sempre serão manifestações múltiplas, é a base da tolerância. Ao compreender que a humanidade é única, pois não existem múltiplas humanidades, ao aceitar que esta única humanidade produz uma fabulosa miríade de produções culturais singulares, dá-se um grande passo no sentido do acolhimento do “outro” e de suas “crenças”. É a resolução da diversidade na unidade. Entretanto, este acolhimento da multiplicidade não é espontâneo, ele deve ser ensinado desde a infância, no ambiente escolar, visto que o ambiente familiar é o espaço adequado para a adoção (ou não) de uma religião. Contudo, nem a profissão de um credo, nem a negação de todos os credos é impedimento para que a criança compreenda como as religiões surgiram, como se desenvolveram e como interagem com as demais em cada período histórico. O domínio destas informações faz parte do bom convívio em sociedade e pouco tem a ver com fé.
Embora entendamos desta forma, pois nos alinhamos com as resoluções do FONAPER, Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso, que existe há mais de uma década, o Brasil ainda está envolto numa dificuldade epistemológica ao confundir “Ensino Religioso” com “Ensino das Religiões”.
A denominação "Ensino Religioso" é incorreta e seu uso pela Escola Pública deveria ser evitado, pois, assim como não existe "ensino matemático", "ensino histórico", "ensino geográfico", "ensino sociológico", "ensino filosófico", não deveria existir o "ensino religioso". O Ensino não pode ser adjetivado.
É bem verdade que a denominação "Ensino Religioso" reflete o tempo do domínio católico romano e seu amálgama com o Estado. É preciso mudá-la, mas isto exige uma mudança na própria Constituição, no seu art. 210, e consequentemente na LDB, no seu art. 33.
O Estado deve oferecer o Ensino das Religiões, entendido como estudo do fenômeno religioso, uma das dimensões que compõem o ser humano e a vida em sociedade, baseado, portanto, nas dimensões sociológica, antropológicas histórica e social dos indivíduos e grupos, fenômeno relacionado a um tempo histórico e uma localização espacial. Mas, assim como outro qualquer, este conteúdo só pode ser repassado aos alunos se o professor tiver uma formação específica para isso.
O professor de Ciências das Religiões tem um papel significativo no globalizado mundo contemporâneo, que requer o exercício da convivência com as diferenças, sobretudo religiosas. Mais do que nunca é fundamental compreender – para poder ensinar – o significado do fenômeno religioso na formação individual e na conduta social dos indivíduos. Entretanto, como o professor do ensino fundamental não foi capacitado para isso, esse componente curricular, por mais que o FONAPER envide esforços propondo os conteúdos através dos Parâmetros Curriculares do Ensino Religioso, existe uma tendência por parte dos professores, em trabalhar de forma confessional porque não existe uma formação específica, salvo em alguns Estados da Federação que já caminham neste sentido desde o advento da nova Lei. Temos conhecimento que nas escolas públicas estaduais da Paraíba, se faz um esforço de trabalhar tais conteúdos de forma correta, inicialmente como prevê a Lei 5.692/71 (Valores) e agora com a Lei 9.394/96 (Fenômeno Religioso). Sendo este o segundo ano de implantação do Ensino Religioso no Sistema Municipal de Educação, os conteúdos são trabalhados de acordo com os PCNs do Ensino Religioso, ainda de forma precária por não haver professores com a devida habilitação.
Pelo exposto, a proposta do I Simpósio Internacional de Ciências das Religiões é discutir amplamente as temáticas aqui levantadas, conforme a seguinte programação:”
[1] CASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem: Introdução a uma filosofia da cultura humana. SP: Martins Fontes
O DONO DA VERDADE: PhDeus - O Fenômeno!
O mundo social tem seus símbolos, seus personagens e suas histórias. Nesse mundo, encontramos seres humanos de diversas configurações de personalidade. E um deles é o “fenômeno” denominado “PhDeus”. Essa configuração de personalidade está em todos os cantos onde o poder humano se faz necessário. E por isso, ele é mais encontrado nos centros de pesquisa de qualquer universidade. Ele se “destaca” pela maneira como se comporta e trata os demais seres “inferiores” (não-doutores ou não-sábios). Ele não se identifica pelo nome de batismo tal como João, Maria, José, Antonio, Sérgio, Cremilda, etc., mas pelo título que possui: “Doutor da Universidade Fulana de Tal”. Ele mais parece um político em campanha do que pesquisador. A sua face sisuda demonstra um distanciamento do mundo dos mortais. O seu sorriso artificial demonstra a sua total desestruturação emocional. No fundo ele é uma criança grande competindo (brincando de se esconder) com o mundo. Ele é carente de reconhecimento e por isso precisa afirmar o tempo todo a sua posição intelectual em relação aos demais. O “PhDeus” se acha acima do bem e do mal. A “sabedoria” é sua serva; o mundo é um brinquedo e um divertimento intelectual. Ele tudo “sabe”; ele tudo domina. Nesse sentido, não existe ninguém acima dele. Ele reina soberano acima das “mentes primitivas” que desconhecem o que é fazer ciência. O “PhDeus” geralmente é cético: se existisse Deus estaria competindo com ele. E isso não é possível e nem admissível! E quando acredita em Deus, a sua atitude é de se sentir um privilegiado: somente Deus fala com ele e mais ninguém!
Nesse sentido, se um dia encontrares um “PhDeus” a sua frente, tome muito cuidado. Mas, não precisa chamar a polícia e nem o padre. Ele não é um fora da lei e nem tampouco tem o diabo no corpo. O que ele precisa urgentemente é de um psiquiatra que o interne como louco. Pois, como muito bem afirmou Buda: “o louco que se diz louco, esse é prudente. Mas, o louco que se diz sábio esse é louco mesmo”. Buda, há 2500 anos já havia detectado esse desvio de personalidade. O “PhDeus” é capaz de tudo mesmo. Aparentemente ele é inteligente, mas só aparentemente. No seu interior existe um conflito eterno. Ele cresceu apenas intelectualmente! Ele perdeu a sensibilidade e por isso só enxerga a realidade pela razão funcional. Em outras palavras, em verdade ele é muito limitado. A sua limitação é percebida pela arrogância, vaidade, soberba, insensibilidade, niilismo e complexo de superioridade.
O “PhDeus” geralmente tem obsessão pelo poder intelectual. Em que tudo que faz deixa marcas inconfundíveis de seu poder doente mental. O “outro” é visto por ele como um objeto para sua insatisfação egocêntrica. A relação com o “outro” não é repleta de alteridade, carinho e amor. A sua relação com o “outro” é superfical, utilitária e funcional; é uma relação eu-isso (na linguagem buberiana). Ou seja, vazia de significados transcendentais e espirituais. Em síntese, o “PhDeus” não é Ético. É uma falsa imagem de saber, moral e poder. Ele esconde a sua máscara egocêntrica através de uma linguagem racional e uma identidade artificial. Ele é apenas um ser humano que ainda não se descobriu verdadeiramente. E por isso cria um ar de superioridade e sabedoria que na verdade é uma maneira de fugir do compromisso de se revelar tal como ele é - ignorante de si mesmo! - ou seja, uma travessia ontológica desastrosa do ser para o não-ser ou da razão para a intuição. O mundo está cheio de “PhDeuses” e por isso mesmo é que temos tanta criação anti-ética danosa ao homem e ao seu meio ambiente social.
Aqui vai um alerta: todo cuidado é pouco. Nunca deseje se tornar um “PhDeus”! O conhecimento sem a consciência de si é a ruína da alma (segundo Rabelais: “A ciência sem consciência [de si] é a ruína da alma”). É preferível ser ignorante e humilde do que ser um “PhDeus” vaidoso e arrogante. É mais fácil um homem ignorante e humilde entrar no Reino de Deus do que um “PhDeus” orgulhoso e desequilibrado emocionalmente sair do seu inferno astral. Nesse sentido, devemos lembrar as sábias mensagens de Jesus Cristo: “Eu vim trazer luz aos cegos [os ignorantes e humildes] e cegar os que estão vendo [os “PhDeuses”]”. Ser sábio e humilde é uma façanha para poucos: “Sei que nada sei” – Sócrates.
Aqui vai um conselho: busque a sabedoria em ti mesmo de maneira simples e humilde. E lembre-se que por detrás dessa simplicidade e humildade está a consciência cósmica do todo poderoso Deus. Nunca tome para si as descobertas alcançadas – seja ela qual for! - pela sua mente racional. Em verdade essas descobertas foram em ti reveladas. Pois conforme Einstein: “Penso 99 vezes e nada descubro. Mergulho em profundo silêncio. E eis que a verdade me é revelada”. Ele disse mais ainda: “Estudem a fé”. De modo que, se você é um “PhDeus” (e quem nunca foi atire a primeira pedra!) enrustido ainda é tempo para mudar e se converter. Você é muito mais do que isso: Você é FILHO de DEUS! E assim seja verdadeiramente humano e irmão (ã) de todos!
E viva feliz em paz com todos. A Verdade é indizível!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – E-mail: bernardomelga10@hotmail.com – Tel.: 88-92019234
Nesse sentido, se um dia encontrares um “PhDeus” a sua frente, tome muito cuidado. Mas, não precisa chamar a polícia e nem o padre. Ele não é um fora da lei e nem tampouco tem o diabo no corpo. O que ele precisa urgentemente é de um psiquiatra que o interne como louco. Pois, como muito bem afirmou Buda: “o louco que se diz louco, esse é prudente. Mas, o louco que se diz sábio esse é louco mesmo”. Buda, há 2500 anos já havia detectado esse desvio de personalidade. O “PhDeus” é capaz de tudo mesmo. Aparentemente ele é inteligente, mas só aparentemente. No seu interior existe um conflito eterno. Ele cresceu apenas intelectualmente! Ele perdeu a sensibilidade e por isso só enxerga a realidade pela razão funcional. Em outras palavras, em verdade ele é muito limitado. A sua limitação é percebida pela arrogância, vaidade, soberba, insensibilidade, niilismo e complexo de superioridade.
O “PhDeus” geralmente tem obsessão pelo poder intelectual. Em que tudo que faz deixa marcas inconfundíveis de seu poder doente mental. O “outro” é visto por ele como um objeto para sua insatisfação egocêntrica. A relação com o “outro” não é repleta de alteridade, carinho e amor. A sua relação com o “outro” é superfical, utilitária e funcional; é uma relação eu-isso (na linguagem buberiana). Ou seja, vazia de significados transcendentais e espirituais. Em síntese, o “PhDeus” não é Ético. É uma falsa imagem de saber, moral e poder. Ele esconde a sua máscara egocêntrica através de uma linguagem racional e uma identidade artificial. Ele é apenas um ser humano que ainda não se descobriu verdadeiramente. E por isso cria um ar de superioridade e sabedoria que na verdade é uma maneira de fugir do compromisso de se revelar tal como ele é - ignorante de si mesmo! - ou seja, uma travessia ontológica desastrosa do ser para o não-ser ou da razão para a intuição. O mundo está cheio de “PhDeuses” e por isso mesmo é que temos tanta criação anti-ética danosa ao homem e ao seu meio ambiente social.
Aqui vai um alerta: todo cuidado é pouco. Nunca deseje se tornar um “PhDeus”! O conhecimento sem a consciência de si é a ruína da alma (segundo Rabelais: “A ciência sem consciência [de si] é a ruína da alma”). É preferível ser ignorante e humilde do que ser um “PhDeus” vaidoso e arrogante. É mais fácil um homem ignorante e humilde entrar no Reino de Deus do que um “PhDeus” orgulhoso e desequilibrado emocionalmente sair do seu inferno astral. Nesse sentido, devemos lembrar as sábias mensagens de Jesus Cristo: “Eu vim trazer luz aos cegos [os ignorantes e humildes] e cegar os que estão vendo [os “PhDeuses”]”. Ser sábio e humilde é uma façanha para poucos: “Sei que nada sei” – Sócrates.
Aqui vai um conselho: busque a sabedoria em ti mesmo de maneira simples e humilde. E lembre-se que por detrás dessa simplicidade e humildade está a consciência cósmica do todo poderoso Deus. Nunca tome para si as descobertas alcançadas – seja ela qual for! - pela sua mente racional. Em verdade essas descobertas foram em ti reveladas. Pois conforme Einstein: “Penso 99 vezes e nada descubro. Mergulho em profundo silêncio. E eis que a verdade me é revelada”. Ele disse mais ainda: “Estudem a fé”. De modo que, se você é um “PhDeus” (e quem nunca foi atire a primeira pedra!) enrustido ainda é tempo para mudar e se converter. Você é muito mais do que isso: Você é FILHO de DEUS! E assim seja verdadeiramente humano e irmão (ã) de todos!
E viva feliz em paz com todos. A Verdade é indizível!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – E-mail: bernardomelga10@hotmail.com – Tel.: 88-92019234
quarta-feira, 16 de julho de 2008
O QUE É CIÊNCIA? PARA QUE FAZER CIÊNCIA?
O reconhecimento da energia-consciência no processo de transcendência humana, e suas conseqüências sociais, dependerá do homem fazer ciência de si mesmo. Mas, cabe aqui algumas perguntas: O que é fazer ciência? Qual é a dimensão do seu desvelamento? Será que é descobrir um novo sentido para a vida? Ou será, que é desenvolver um novo modelo de explicação da realidade? Tem a função de comprovar uma teoria? Ou será algo muito mais do que isso? De onde vem o conhecimento científico? Vem do homem e do seu modo de observar a realidade? Ou será que vem de uma natureza transcendental? Já li várias e várias teorias a respeito do processo de produção de conhecimento científico. A maioria delas tem um ponto em comum: a razão. A maioria tem razão a respeito do modo de se fazer ciência.
Existem vários teóricos e filósofos da ciência. Uns dizem que o cientista é uma pessoa neutra que não tem emoções e desejos. Uma pessoa fria que está sempre pronta para olhar a realidade com a imparcialidade de um juíz de direito. Outros afirmam que o cientista é aquele sujeito introspectivo reservado e isolado em seu laboratório-mundo. E têm aqueles que dizem que o cientista é um procurador da verdade da natureza. Nesse contexto, a natureza é algo que possa sempre ser interrogada e ouvida sempre que se quiser representá-la. A teoria seria a carta de procuração da natureza dada ao cientista para representá-la numa situação e contexto de alienação de seus bens naturais.
Mas, o que é mesmo fazer ciência? Para que nos debruçamos sobre uma parte da realidade? Qual é o impulso que nos move em direção a busca científica? Será por que somos um ser questionador e interrogador por natureza de criação? Ou será por que somos um ser produtor de conhecimento? Ou melhor ainda por que somos uma natureza curiosa por novas descobertas e invenções? Podemos ver que existem diversas possibilidades para a questão do homem na ação de fazer ciência.
Qual é o objetivo da ciência? Será que é proporcionar ao homem uma melhor vida de conforto, paz e progresso social? Ou será o objetivo da ciência encontrar o caminho mais curto para se resolver o problema da fome, da miséria e da ignorância? Será que o objetivo da ciência é o poder? Ou será que é somente o saber? Ou as duas coisas? Ou será o objetivo da ciência construir gradativamente uma verdade a respeito da realidade que se oculta? Nesse caso, a realidade por estar encoberta com um espesso pano de mistério precisa de um modo especial para olhá-la escondida. Mas, porque a natureza teria que se esconder dos cientistas? Será por medo, por precaução ou por timidez?
Qual é o caminho da ciência? Será a ciência um caminho? Ou será que ela é O caminho? Como saber? Como podemos responder essas questões? Podemos usar o mesmo caminho da ciência para descobrir que a ciência é o caminho? Ou será que temos que fazer ciência para descobrir que não existe caminho além do caminho da própria ciência? Sinceramente acho essas questões um tanto complicadas. Ufa! Deixa eu sair desse caminho!
Num certo dia tentei ler e entender um caderno de textos sobre metodologia científica. Quando tentei me aprofundar a respeito dessas questões de cunho filosófico fiquei um pouco cansado mentalmente. Abri e reabri diversas vezes o caderno em qualquer página. E assim percebi que as explicações eram tantas que se tornava quase impossível definir um caminho claro de como fazer ciência. Descubri que Galileu pertencia ao naturalismo; F. Bacon ao empirismo; R. Descartes ao racionalismo; Kant ao criticismo; A. Comte ao positivismo; Husserl à fenomelogia; Popper ao neo-positivismo; K. Marx ao materialismo dialético; Sartre à filosofia existencialista; M. Foucault à arqueologia/genealogia. E ....
Para que tantas correntes de pensamentos? Será que apenas uma não daria conta do recado? Ou será que nem um milhão de correntes resolve esse problema de explicar porque o homem faz ciência? Será por que a natureza é extremamente complexa o que justificaria essa quantidade enorme de correntes de pensamentos e práticas científicas? Ou será que a complexidade está no interior do próprio homem? Ou será que é a fusão das duas coisas? Que caminho da ciência pode nos ajudar para responder essas duas últimas questões?
Será que a ciência não é um modo de comunicação do homem com a natureza? Ou será que é um modo de a natureza responder para o homem aquilo que não pode ser compreendido diretamente (naturalmente) pelo homem? Por isso se faz ciência! Se por hipótese (já estou eu usando o método científico) essa última afirmação é verdadeira então bastaria apenas o homem deixar de interrogar a natureza e esperar e aprender mais sobre a linguagem natural da natureza em seu exato momento de interrogar o homem. Surge aqui uma outra questão: o que é ser verdadeiro?
Será que o método nos conduz sempre a verdade? Ou será que a verdade transcende o método científico? Se a verdade transcende o método como podemos descobrir as leis verdadeiras utilizando o método? A menos que por hipótese admitamos que o método é superior a verdade. Aí tudo bem. Mas, se não for? Estariam então os cientistas mapeando uma cópia da realidade e não diretamente a própria realidade? Como podemos saber se a ciência está olhando para um espelho e não diretamente para o fenômeno? Com que sensibilidade? Uma sensibilidade maquinal? Uma sensibilidade reflexiva racional? Uma meditação? Uma oração? Ou não sabemos? (pode marcar um “x” na “questão correta”).
Será que fazer ciência é um modo de prever o futuro? Será o futuro algo sempre previsível? Por que queremos saber o futuro? Para agirmos com segurança no presente? Para evitarmos danos a espécie humana? Para prevenir contra a carência de recursos naturais essenciais ao homem? Ou será por que o homem é inseguro por natureza? E por isso tem medo de uma possível destruição ou ataque inimigo conhecido ou desconhecido? Ou será que não é nada disso, mas porque simplesmente o homem foi educado de geração em geração na cultura do futuro e por isso projeta uma expectativa exagerada? Como podemos saber a respeito da existência de um futuro certo? O método científico tem meios para responder essa delicada questão? Ou será que o futuro pertence ao domínio da fé? Ou será que o futuro a Deus pertence?
E a fé pode ser avaliada por um método que dúvida e questiona tudo? Quando é que o cientista tem que duvidar e quando é que ele tem que ter fé? A fé é um momento de ter ou um momento de ser? O método deve incluir tanto a fé quanto a dúvida? Como resolver o impasse de se agir em nome da fé duvidando? Ou se agir duvidando da fé? Por que será que Einstein afirmou “estudem a fé”? A fé pode ser estudada e analisada em sala de aula?
A ciência estaria livre do contexto da consciência? Ou a consciência livre no contexto da ciência? O cientista é um ser consciente de sua liberdade de fazer ciência? Será que o cientista sabe reconhecer o limite e a relação entre as formas de energia que ele busca compreender e a sua própria consciência? Ele sabe de fato distinguir a diferença sutil entre a liberdade e a responsabilidade? Ou será que ele não sabe porque não foi preparado para saber? Ou será que foi preparado e mesmo assim não quer definir para si mesmo qual é a diferença? Ou será que a diferença é tão sutil que o método científico é incapaz de ajudá-lo? Seria o cientista vítima da sua própria ciência insensível e racional? Ou será que ele não tem que se preocupar com isso? Ou será que ele já sabe desde que nasceu? E por isso ele sabe sempre que nunca vai acontecer um dano acidental (p.ex.: guerra nuclear ou poluição ambiental generalizada) ou intencional ao homem e à sociedade.
Será a ciência capaz de oferecer também uma base moral às pessoas? Ou será que essa base moral não pode ser definida pelo método científico? Como saber? A ciência pode viver alheia a essa questão? Ou será que essa questão deveria ser a prioridade número um dos cientistas? Pode a ciência produzir algo de bom e duradouro sem saber se é eticamente válido? Fabricar armas é ético ou anti-ético? Fazer do ser humano uma cobaia viva é ético ou anti-ético? O sofrimento alheio é parte também da ciência? Clonar seres humanos é ético ou não é ético? A ética é apenas um fator socio-cultural? A ética é apenas uma questão econômica? Ou será que ética é uma questão apenas conceitual? Será que existe uma definição adequada e esclarecedora? Será que ética são regras sociais? Ou será que não pode ser definida no contexto da razão? Como podemos saber?
Mas, o que é mesmo fazer ciência? Será que é buscar a inspiração em Deus? A ciência admite a existência de Deus como Criador e legislador das leis do universo? Por que será que Cristo disse que devíamos separar o joio do trigo? Será o joio essa inspiração divina? E o trigo a nossa vaidade humana? Como podemos saber? Se o joio é a mente divina como fica a nossa postura ética perante a vida e o conhecimento da vida? Podemos fazer qualquer coisa em nome da ciência? Não seria melhor fazer em nome e com a vontade de Deus? Por que tantas guerras e crimes num mundo “evoluído” tecnologicamente? O ato de fazer ciência moderna estaria isento desses graves problemas humanos? Qual a possibilidade do homem se autodestruir sem a separação do joio e do trigo na ação de se fazer ciência sem consciência?
( ) nenhuma
( ) dez porcento de chance
( ) cinqüenta porcento
( ) cem porcento
( ) não me interessa
( ) estou preocupado com outras coisas mais importantes
( ) isso nunca vai acontecer
( ) o homem sempre teve bom senso de sua preservação
( ) a paz virá no equilíbrio de armas atômicas, químicas e biológicas
( ) o homem sempre esteve em conflito - é natural!
( ) não sei o que fazer
Pode marcar um “x” na resposta que melhor lhe convier. E depois espere o que vai acontecer com o planeta caso continuemos destruindo nossa casa (eco)...
Qual é o fim da ciência afinal? Creio, ser bastante complicado dar uma definição concreta do que seja a finalidade da ciência: "Ciência sem consciência é a ruína da alma" - Rabelais. Para mim, é mais fácil dizer o que ela não é - o que não se propõe a realizar. Ela não é uma busca aleatória, mas um esforço sistematizado, estruturado e disciplinado. Ela não se propõe a descobrir o domínio da energia divina e do poder da Consciência-de-Deus. O contexto da ciência (racional-funcional) é o domínio da existência racional e da realidade objetiva. O que todas as ciências buscam é a verdade proveniente de um nível de consciência que dá sentido e significado à existência e à realidade do ser concreto: o indivíduo imbricado com o poder da energia do mundo material. E o que é "verdade"? A verdade é o próprio caminho de se fazer ciência com consciência. Em outras palavras, é o próprio "caminhar", ou seja, é a ação da consciência em sua jornada de transcendência de si mesma. Nesse sentido, a verdade não pode ser definida porque ela transcende qualquer discurso racional. Ela é indizível, mas existe num contexto ontológico. Ela só pode ser vivida ("percorrida") mas nunca dita ou afirmada de forma absoluta. "Primum vivere, deinde philosophari" (Primeiro viver e depois filosofar).
Segundo Moacir GADOTTI (Comunicação docente, 1975):
"Cada homem tende para a verdade, tem impulso para a verdade, possui em si uma exigência de verdade, mas a verdade de cada homem nunca é a verdade, pois esta não é fruto de posse mas fruto de "tensão" para a verdade. Assim, "o sentido da verdade, para cada homem, é a sua luta pelo absoluto, a sua luta contra o absoluto" (p.83).
Ó senhora Verdade quantas faces o homem não criou para Ti! São tantas faces (política, tecnológica, científica, religiosa, mística, espírita, evangélica, etc) que não sabemos naturalmente dizer qual é a sua própria identidade. Mas, com um pouco de esforço de abstração podemos classificá-la em duas: a lógica e a ontológica. A verdade lógica é aquela construída pelo processo dialógico psicológico do ser com o mundo - é a verdade da razão. E a verdade ontológica é aquela criada pelo processo dialógico do ser consigo mesmo (o Outro em si mesmo), é a verdade da revelação.
Descobri que Einstein (ele dizia que ouvia o "Velho"), Descartes ("busquei o falso e o verdadeiro dentro de mim") e Marx ("a religião é a consciência de si que o homem perdeu ou não adquiriu ainda") tiveram algo em comum: descobriram a verdade revelada na consciência-visão de si mesmo. Eles evoluiram da consciência do mundo racional para a consciência de si (supra-racional), ou seja, eles conseguiram realizar a façanha de dar o salto-dialógico (quântico) ontológico em si mesmo. A maioria das tradições orientais fala desse salto e diálogo evolutivo. O hinduismo, Brahmanismo, os contos sufis e o próprio cristianismo apontam para esse caminho. Que caminho é esse? Ou melhor, que ciência é essa? Para identificarmos esse modo de fazer ciência faz-se necessário olhar o domínio da ciência com outros olhos, ou seja, com outra sensibilidade (não confundir com emocionalidade). A ciência pode ser dividida quanto à natureza do (da):
a) objeto (ciência natural e ciência social);
b) problema (ciência pura e ciência aplicada);
c) realização (ciência do mundo e ciência do ser).
Nesse sentido, podemos facilmente perceber algumas diferenças básicas. Assim, é fácil perceber que uma mesa não chora, não tem depressão, não tem mágoa, não se irrita, e nem reclama de ninguém. Esses comportamentos fazem parte da natureza da energia-consciência humana, ou seja, faz parte do objeto de estudo das ciências humanas ou sociais. E da mesma forma, se um sujeito tem dificuldade em resolver o problema da falta de água em sua residência, sabendo que muito próximo de sua casa tem um rio de água potável, ele não vai investigar - durante anos a fio! - a origem do universo e o segredo do cosmos para tentar descobrir uma técnica que possibilite transportar a água até a sua casa. A busca do segredo do cosmo faz parte do contexto das ciências puras (básicas), enquanto que a descoberta de uma técnica que facilite a condução da água faz parte das ciências aplicadas (a informática é uma ciência aplicada enquanto que os fundamentos da física quântica (que deu origem à micro-eletrônica e a informática) é do domínio da ciência pura).
E quanto a questão da realização é preciso especificar o sentido de transformação. Assim, se o indivíduo se sente insatisfeito e desconfortado com a construção de sua casa, ele não vai buscar uma montanha para meditar a respeito de sua inserção no mundo social. Ele certamente precisará estudar (ou contratar alguém) para realizar um novo projeto de construção de casa com a intenção de fazer adaptações ou para construir uma nova casa. A busca do silêncio e da paz da montanha faz parte do domínio da ciência tradicional (transformação do ser), enquanto que a transformação de um projeto de casa numa construção em alvenaria com todas as facilidades da tecnologia moderna faz parte do contexto da ciência moderna (transformação do mundo).
A crise do homem moderno sempre foi em decorrência da sua incapacidade de identificar o modo apropriado de fazer ciência (tomar consciência) de acordo com o limite da sua observação do objeto a ser abordado, da formulação e definição do problema e das expectativas de sua realização. O que buscar? O que compreender? O que ou quem transformar? Uma vez o homem tendo tomado consciência de si, essas questões ficam mais claramente definidas. A questão, portanto, passa a ser: o que eu quero transformar, a dinâmica do mundo ou a energia do ser? Qual é a natureza do meu problema, concreta ou abstrata? E qual é o objeto da minha investigação, natural ou social? Creio, que a partir daí o homem não mais se perde na eterna busca da verdade da realidade e da existência. Em outras palavras, a pessoa se torna verdadeiramente cientista, ou seja, aquela que busca a verdade conscientemente por puro amor ao saber filosófico. Por isso mesmo, Sócrates afirmou com muita propriedade e sabedoria: "Conhece-te a ti mesmo". O realismo ingênuo é querer ver e conhecer o mundo ignorando a imagem e a compreensão que tem de si mesmo.
A mudança de natureza da sensibilidade e a conseqüente leitura de novos princípios superiores proporcionará ao homem a construção qualitativa de imagens reais do mundo como resultado do melhoramento das imagens reais de nós mesmos.
O sentido da vida tem o seu mistério desvendado quando damos orientação a nossa própria transformação da energia interior a partir da constatação do processo dialógico ontológico. A água ferve porque recebe calor. O homem age no presente porque no passado em seu interior a sua ação intelectual teve significado e valor. Ele não age apenas por um impulso de causa-efeito, mas porque dotado de consciência se insere num universo de significados complexos encadeados e sutilmente interligados em milhões de contextos energéticos - desde a sua criação que foi feita com puro Amor! Já dizia um sábio: "Qualquer homem é a última palavra do passado e a primeira do futuro".
A descoberta dos princípios criadores-transformadores do universo é um ato de fé, vontade e sensibilidade. A verdadeira inteligência é filha desses princípios ontológicos: "Nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma" - Lavoisier. Mais vale aquele que age com virtude do que aquele que fala sem consciência do que diz ser e ver: "Estudem a fé" - A. Einstein. "Audiens sapiens, sapientior erit" (Ainda que saibas, ouvindo [ontologicamente] saberás mais).
"A filosofia que se tem depende do homem que se é" - Fichte.
Existem vários teóricos e filósofos da ciência. Uns dizem que o cientista é uma pessoa neutra que não tem emoções e desejos. Uma pessoa fria que está sempre pronta para olhar a realidade com a imparcialidade de um juíz de direito. Outros afirmam que o cientista é aquele sujeito introspectivo reservado e isolado em seu laboratório-mundo. E têm aqueles que dizem que o cientista é um procurador da verdade da natureza. Nesse contexto, a natureza é algo que possa sempre ser interrogada e ouvida sempre que se quiser representá-la. A teoria seria a carta de procuração da natureza dada ao cientista para representá-la numa situação e contexto de alienação de seus bens naturais.
Mas, o que é mesmo fazer ciência? Para que nos debruçamos sobre uma parte da realidade? Qual é o impulso que nos move em direção a busca científica? Será por que somos um ser questionador e interrogador por natureza de criação? Ou será por que somos um ser produtor de conhecimento? Ou melhor ainda por que somos uma natureza curiosa por novas descobertas e invenções? Podemos ver que existem diversas possibilidades para a questão do homem na ação de fazer ciência.
Qual é o objetivo da ciência? Será que é proporcionar ao homem uma melhor vida de conforto, paz e progresso social? Ou será o objetivo da ciência encontrar o caminho mais curto para se resolver o problema da fome, da miséria e da ignorância? Será que o objetivo da ciência é o poder? Ou será que é somente o saber? Ou as duas coisas? Ou será o objetivo da ciência construir gradativamente uma verdade a respeito da realidade que se oculta? Nesse caso, a realidade por estar encoberta com um espesso pano de mistério precisa de um modo especial para olhá-la escondida. Mas, porque a natureza teria que se esconder dos cientistas? Será por medo, por precaução ou por timidez?
Qual é o caminho da ciência? Será a ciência um caminho? Ou será que ela é O caminho? Como saber? Como podemos responder essas questões? Podemos usar o mesmo caminho da ciência para descobrir que a ciência é o caminho? Ou será que temos que fazer ciência para descobrir que não existe caminho além do caminho da própria ciência? Sinceramente acho essas questões um tanto complicadas. Ufa! Deixa eu sair desse caminho!
Num certo dia tentei ler e entender um caderno de textos sobre metodologia científica. Quando tentei me aprofundar a respeito dessas questões de cunho filosófico fiquei um pouco cansado mentalmente. Abri e reabri diversas vezes o caderno em qualquer página. E assim percebi que as explicações eram tantas que se tornava quase impossível definir um caminho claro de como fazer ciência. Descubri que Galileu pertencia ao naturalismo; F. Bacon ao empirismo; R. Descartes ao racionalismo; Kant ao criticismo; A. Comte ao positivismo; Husserl à fenomelogia; Popper ao neo-positivismo; K. Marx ao materialismo dialético; Sartre à filosofia existencialista; M. Foucault à arqueologia/genealogia. E ....
Para que tantas correntes de pensamentos? Será que apenas uma não daria conta do recado? Ou será que nem um milhão de correntes resolve esse problema de explicar porque o homem faz ciência? Será por que a natureza é extremamente complexa o que justificaria essa quantidade enorme de correntes de pensamentos e práticas científicas? Ou será que a complexidade está no interior do próprio homem? Ou será que é a fusão das duas coisas? Que caminho da ciência pode nos ajudar para responder essas duas últimas questões?
Será que a ciência não é um modo de comunicação do homem com a natureza? Ou será que é um modo de a natureza responder para o homem aquilo que não pode ser compreendido diretamente (naturalmente) pelo homem? Por isso se faz ciência! Se por hipótese (já estou eu usando o método científico) essa última afirmação é verdadeira então bastaria apenas o homem deixar de interrogar a natureza e esperar e aprender mais sobre a linguagem natural da natureza em seu exato momento de interrogar o homem. Surge aqui uma outra questão: o que é ser verdadeiro?
Será que o método nos conduz sempre a verdade? Ou será que a verdade transcende o método científico? Se a verdade transcende o método como podemos descobrir as leis verdadeiras utilizando o método? A menos que por hipótese admitamos que o método é superior a verdade. Aí tudo bem. Mas, se não for? Estariam então os cientistas mapeando uma cópia da realidade e não diretamente a própria realidade? Como podemos saber se a ciência está olhando para um espelho e não diretamente para o fenômeno? Com que sensibilidade? Uma sensibilidade maquinal? Uma sensibilidade reflexiva racional? Uma meditação? Uma oração? Ou não sabemos? (pode marcar um “x” na “questão correta”).
Será que fazer ciência é um modo de prever o futuro? Será o futuro algo sempre previsível? Por que queremos saber o futuro? Para agirmos com segurança no presente? Para evitarmos danos a espécie humana? Para prevenir contra a carência de recursos naturais essenciais ao homem? Ou será por que o homem é inseguro por natureza? E por isso tem medo de uma possível destruição ou ataque inimigo conhecido ou desconhecido? Ou será que não é nada disso, mas porque simplesmente o homem foi educado de geração em geração na cultura do futuro e por isso projeta uma expectativa exagerada? Como podemos saber a respeito da existência de um futuro certo? O método científico tem meios para responder essa delicada questão? Ou será que o futuro pertence ao domínio da fé? Ou será que o futuro a Deus pertence?
E a fé pode ser avaliada por um método que dúvida e questiona tudo? Quando é que o cientista tem que duvidar e quando é que ele tem que ter fé? A fé é um momento de ter ou um momento de ser? O método deve incluir tanto a fé quanto a dúvida? Como resolver o impasse de se agir em nome da fé duvidando? Ou se agir duvidando da fé? Por que será que Einstein afirmou “estudem a fé”? A fé pode ser estudada e analisada em sala de aula?
A ciência estaria livre do contexto da consciência? Ou a consciência livre no contexto da ciência? O cientista é um ser consciente de sua liberdade de fazer ciência? Será que o cientista sabe reconhecer o limite e a relação entre as formas de energia que ele busca compreender e a sua própria consciência? Ele sabe de fato distinguir a diferença sutil entre a liberdade e a responsabilidade? Ou será que ele não sabe porque não foi preparado para saber? Ou será que foi preparado e mesmo assim não quer definir para si mesmo qual é a diferença? Ou será que a diferença é tão sutil que o método científico é incapaz de ajudá-lo? Seria o cientista vítima da sua própria ciência insensível e racional? Ou será que ele não tem que se preocupar com isso? Ou será que ele já sabe desde que nasceu? E por isso ele sabe sempre que nunca vai acontecer um dano acidental (p.ex.: guerra nuclear ou poluição ambiental generalizada) ou intencional ao homem e à sociedade.
Será a ciência capaz de oferecer também uma base moral às pessoas? Ou será que essa base moral não pode ser definida pelo método científico? Como saber? A ciência pode viver alheia a essa questão? Ou será que essa questão deveria ser a prioridade número um dos cientistas? Pode a ciência produzir algo de bom e duradouro sem saber se é eticamente válido? Fabricar armas é ético ou anti-ético? Fazer do ser humano uma cobaia viva é ético ou anti-ético? O sofrimento alheio é parte também da ciência? Clonar seres humanos é ético ou não é ético? A ética é apenas um fator socio-cultural? A ética é apenas uma questão econômica? Ou será que ética é uma questão apenas conceitual? Será que existe uma definição adequada e esclarecedora? Será que ética são regras sociais? Ou será que não pode ser definida no contexto da razão? Como podemos saber?
Mas, o que é mesmo fazer ciência? Será que é buscar a inspiração em Deus? A ciência admite a existência de Deus como Criador e legislador das leis do universo? Por que será que Cristo disse que devíamos separar o joio do trigo? Será o joio essa inspiração divina? E o trigo a nossa vaidade humana? Como podemos saber? Se o joio é a mente divina como fica a nossa postura ética perante a vida e o conhecimento da vida? Podemos fazer qualquer coisa em nome da ciência? Não seria melhor fazer em nome e com a vontade de Deus? Por que tantas guerras e crimes num mundo “evoluído” tecnologicamente? O ato de fazer ciência moderna estaria isento desses graves problemas humanos? Qual a possibilidade do homem se autodestruir sem a separação do joio e do trigo na ação de se fazer ciência sem consciência?
( ) nenhuma
( ) dez porcento de chance
( ) cinqüenta porcento
( ) cem porcento
( ) não me interessa
( ) estou preocupado com outras coisas mais importantes
( ) isso nunca vai acontecer
( ) o homem sempre teve bom senso de sua preservação
( ) a paz virá no equilíbrio de armas atômicas, químicas e biológicas
( ) o homem sempre esteve em conflito - é natural!
( ) não sei o que fazer
Pode marcar um “x” na resposta que melhor lhe convier. E depois espere o que vai acontecer com o planeta caso continuemos destruindo nossa casa (eco)...
Qual é o fim da ciência afinal? Creio, ser bastante complicado dar uma definição concreta do que seja a finalidade da ciência: "Ciência sem consciência é a ruína da alma" - Rabelais. Para mim, é mais fácil dizer o que ela não é - o que não se propõe a realizar. Ela não é uma busca aleatória, mas um esforço sistematizado, estruturado e disciplinado. Ela não se propõe a descobrir o domínio da energia divina e do poder da Consciência-de-Deus. O contexto da ciência (racional-funcional) é o domínio da existência racional e da realidade objetiva. O que todas as ciências buscam é a verdade proveniente de um nível de consciência que dá sentido e significado à existência e à realidade do ser concreto: o indivíduo imbricado com o poder da energia do mundo material. E o que é "verdade"? A verdade é o próprio caminho de se fazer ciência com consciência. Em outras palavras, é o próprio "caminhar", ou seja, é a ação da consciência em sua jornada de transcendência de si mesma. Nesse sentido, a verdade não pode ser definida porque ela transcende qualquer discurso racional. Ela é indizível, mas existe num contexto ontológico. Ela só pode ser vivida ("percorrida") mas nunca dita ou afirmada de forma absoluta. "Primum vivere, deinde philosophari" (Primeiro viver e depois filosofar).
Segundo Moacir GADOTTI (Comunicação docente, 1975):
"Cada homem tende para a verdade, tem impulso para a verdade, possui em si uma exigência de verdade, mas a verdade de cada homem nunca é a verdade, pois esta não é fruto de posse mas fruto de "tensão" para a verdade. Assim, "o sentido da verdade, para cada homem, é a sua luta pelo absoluto, a sua luta contra o absoluto" (p.83).
Ó senhora Verdade quantas faces o homem não criou para Ti! São tantas faces (política, tecnológica, científica, religiosa, mística, espírita, evangélica, etc) que não sabemos naturalmente dizer qual é a sua própria identidade. Mas, com um pouco de esforço de abstração podemos classificá-la em duas: a lógica e a ontológica. A verdade lógica é aquela construída pelo processo dialógico psicológico do ser com o mundo - é a verdade da razão. E a verdade ontológica é aquela criada pelo processo dialógico do ser consigo mesmo (o Outro em si mesmo), é a verdade da revelação.
Descobri que Einstein (ele dizia que ouvia o "Velho"), Descartes ("busquei o falso e o verdadeiro dentro de mim") e Marx ("a religião é a consciência de si que o homem perdeu ou não adquiriu ainda") tiveram algo em comum: descobriram a verdade revelada na consciência-visão de si mesmo. Eles evoluiram da consciência do mundo racional para a consciência de si (supra-racional), ou seja, eles conseguiram realizar a façanha de dar o salto-dialógico (quântico) ontológico em si mesmo. A maioria das tradições orientais fala desse salto e diálogo evolutivo. O hinduismo, Brahmanismo, os contos sufis e o próprio cristianismo apontam para esse caminho. Que caminho é esse? Ou melhor, que ciência é essa? Para identificarmos esse modo de fazer ciência faz-se necessário olhar o domínio da ciência com outros olhos, ou seja, com outra sensibilidade (não confundir com emocionalidade). A ciência pode ser dividida quanto à natureza do (da):
a) objeto (ciência natural e ciência social);
b) problema (ciência pura e ciência aplicada);
c) realização (ciência do mundo e ciência do ser).
Nesse sentido, podemos facilmente perceber algumas diferenças básicas. Assim, é fácil perceber que uma mesa não chora, não tem depressão, não tem mágoa, não se irrita, e nem reclama de ninguém. Esses comportamentos fazem parte da natureza da energia-consciência humana, ou seja, faz parte do objeto de estudo das ciências humanas ou sociais. E da mesma forma, se um sujeito tem dificuldade em resolver o problema da falta de água em sua residência, sabendo que muito próximo de sua casa tem um rio de água potável, ele não vai investigar - durante anos a fio! - a origem do universo e o segredo do cosmos para tentar descobrir uma técnica que possibilite transportar a água até a sua casa. A busca do segredo do cosmo faz parte do contexto das ciências puras (básicas), enquanto que a descoberta de uma técnica que facilite a condução da água faz parte das ciências aplicadas (a informática é uma ciência aplicada enquanto que os fundamentos da física quântica (que deu origem à micro-eletrônica e a informática) é do domínio da ciência pura).
E quanto a questão da realização é preciso especificar o sentido de transformação. Assim, se o indivíduo se sente insatisfeito e desconfortado com a construção de sua casa, ele não vai buscar uma montanha para meditar a respeito de sua inserção no mundo social. Ele certamente precisará estudar (ou contratar alguém) para realizar um novo projeto de construção de casa com a intenção de fazer adaptações ou para construir uma nova casa. A busca do silêncio e da paz da montanha faz parte do domínio da ciência tradicional (transformação do ser), enquanto que a transformação de um projeto de casa numa construção em alvenaria com todas as facilidades da tecnologia moderna faz parte do contexto da ciência moderna (transformação do mundo).
A crise do homem moderno sempre foi em decorrência da sua incapacidade de identificar o modo apropriado de fazer ciência (tomar consciência) de acordo com o limite da sua observação do objeto a ser abordado, da formulação e definição do problema e das expectativas de sua realização. O que buscar? O que compreender? O que ou quem transformar? Uma vez o homem tendo tomado consciência de si, essas questões ficam mais claramente definidas. A questão, portanto, passa a ser: o que eu quero transformar, a dinâmica do mundo ou a energia do ser? Qual é a natureza do meu problema, concreta ou abstrata? E qual é o objeto da minha investigação, natural ou social? Creio, que a partir daí o homem não mais se perde na eterna busca da verdade da realidade e da existência. Em outras palavras, a pessoa se torna verdadeiramente cientista, ou seja, aquela que busca a verdade conscientemente por puro amor ao saber filosófico. Por isso mesmo, Sócrates afirmou com muita propriedade e sabedoria: "Conhece-te a ti mesmo". O realismo ingênuo é querer ver e conhecer o mundo ignorando a imagem e a compreensão que tem de si mesmo.
A mudança de natureza da sensibilidade e a conseqüente leitura de novos princípios superiores proporcionará ao homem a construção qualitativa de imagens reais do mundo como resultado do melhoramento das imagens reais de nós mesmos.
O sentido da vida tem o seu mistério desvendado quando damos orientação a nossa própria transformação da energia interior a partir da constatação do processo dialógico ontológico. A água ferve porque recebe calor. O homem age no presente porque no passado em seu interior a sua ação intelectual teve significado e valor. Ele não age apenas por um impulso de causa-efeito, mas porque dotado de consciência se insere num universo de significados complexos encadeados e sutilmente interligados em milhões de contextos energéticos - desde a sua criação que foi feita com puro Amor! Já dizia um sábio: "Qualquer homem é a última palavra do passado e a primeira do futuro".
A descoberta dos princípios criadores-transformadores do universo é um ato de fé, vontade e sensibilidade. A verdadeira inteligência é filha desses princípios ontológicos: "Nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma" - Lavoisier. Mais vale aquele que age com virtude do que aquele que fala sem consciência do que diz ser e ver: "Estudem a fé" - A. Einstein. "Audiens sapiens, sapientior erit" (Ainda que saibas, ouvindo [ontologicamente] saberás mais).
"A filosofia que se tem depende do homem que se é" - Fichte.
Prof. Bernardo Melgaço da Silva - bernardomelgaco@hotmail.com
AS DEFICIÊNCIAS SOCIALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DSTs)
A cada dia uma multidão está se contaminando. E está se contaminando tanto pelas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) quanto pelas deficiências socialmente transmissíveis (DSTs). A primeira DST (doença sexualmente transmissível) já foi amplamente divulgada e mecanismos já estão sendo empregados para impedir o seu avanço. Mas, a segunda DST (deficiência socialmente transmissível) ainda não foi detectada porque a própria ciência responsável pela sua descoberta ainda está se descobrindo enquanto ciência. Em outras palavras, a sociologia é uma ciência jovem demais para perceber a sutileza dessa síndrome que ataca o caráter e a personalidade de milhões de indivíduos inconscientes. Enquanto as doenças sexualmente transmissíveis são percebidas pelos sintomas no corpo concreto, ou seja, no corpo físico, as deficiências socialmente transmissíveis só podem ser percebidas nos corpos sutis, ou seja, na alma ou psique. A psicologia desenvolveu instrumentos para diagnosticar os desequilíbrios mentais, no entanto a sociologia ainda não conseguiu desenvolver instrumentos para perceber a contaminação sutil provocada nas relações, ou seja, nos contatos psicológicos entre indivíduos. Nesse sentido, a deficiência socialmente transmissível é também um tipo de patologia que ocorre quando um grupo perde a referência dos valores-forças em sua natureza. Esses valores-forças são os princípios responsáveis pela elevação do homem à categoria de ser intuitivo-amoroso. Eles são forças justamente porque são capazes de “puxar” a condição racional-instintiva do homem comum para os níveis mais elevados da consciência. Eles diferem dos valores-fardos que, por sua vez, são responsáveis por “puxar” ou manter preso o homem comum nos níveis de consciência menos elevados. Esse último fenômeno é semelhante à lei da gravidade no plano físico. As deficiências socialmente transmissíveis são tantas e tão sutis que dominam o nosso aparelho psíquico desde a infância. Em verdade, nos tornamos escravos dessas deficiências quando perdemos ou não adquirimos ainda a capacidade de olhar para dentro de si mesmo (A . Einstein chegou afirmar: “A maioria prefere olhar para fora do que para dentro de si mesmo”). O mundo externo dos valores e modelos de comportamentos humanos é responsável pela propagação das deficiências socialmente transmissíveis. Assim, quanto mais nos relacionamos superficialmente com o “outro” no campo social mais propagamos e também nos contaminamos seriamente. Raros são aqueles que conseguem perceber a sua participação na grande cadeia de relações humanas desequilibradas e doentes. A síndrome da insensibilidade (Alexitimia) é uma das doenças provocadas por esse fenômeno social. Essa síndrome torna os indivíduos frios, calculistas e insensíveis, impedindo que o ser humano contaminado tenha empatia, carinho e amor pelos seus semelhantes. Nesse contexto, podemos inferir que o progresso tecnológico não é garantia para a evolução humana. E tudo indica que o mundo tecnicista dos dias de hoje vem tornando os indivíduos mecanicistas e insensíveis para o “outro” semelhante. Os valores humanos, são na verdade, os nutrientes que alimentam a alma de cada indivíduo. Assim, se esses valores carecem de qualidade ontológica-espiritual a sociedade se alimenta pessimamente, o que provoca deficiências nos corpos sutis da natureza humana. A ciência moderna ainda não detectou os vários corpos-consciências que existem na estrutura energética da natureza humana, e por isso mesmo ignora os impactos que os valores produzem nessas dimensões sutis. As “ciências alternativas” ocidentais (p. ex.: a teosofia) e orientais (principalmente hinduístas) já perceberam ou constataram a existência de um sistema energético-multidimensional na realidade humana. Nos EUA os pesquisadores (Dr.) Richard Gerber e a (Dra) Barbara Ann Brennam já detectaram essa multidimensionalidade-energética do ser. Os dois produziram alguns livros mostrando as suas fantásticas descobertas. A Dra Barbara é física da Nasa e publicou um belo livro com o título MÃOS DE LUZ. E o Dr. Richard também escreveu um belíssimo livro a respeito com o título MEDICINA VIBRACIONAL: A MEDICINA DO FUTURO. Em vários países, cientistas tentam quebrar a hegemonia da ciência racional reducionista, para poder ampliar a esfera do conhecimento na direção dos mundos metafísicos. A Física Quântica tem possibilitado avançar nesse intuito porque ela mesma vem quebrando o paradigma mecanicista da visão clássica newtoniana e cartesiana. No futuro a ciência precisará se abrir para as novas descobertas realizadas por esses dois cientistas citados acima. De modo que a partir do cientista (físico) Fritjof Capra (com o livro Tao da Física) um mundo de possibilidades vem se abrindo e assim novos cientistas começam a ousar e sair da camisa-de-força do modelo newtoniano-cartesiano de construção do conhecimento da realidade. As deficiências socialmente transmissíveis somente podem ser detectadas a partir de uma abordagem da ciência moderna e das “ciências alternativas” (a ioga é uma delas também). Enquanto isso, nos preocupamos com as doenças sexualmente transmissíveis e não vemos as deficiências socialmente transmissíveis. E o pior de tudo não conseguimos perceber a conexão entre elas. Um dia a ciência avançará de fato e de forma holística, e por causa disso os dois mundos (externo e interno) serão compreensíveis de modo a permitir relacionar doenças biológicas com deficiências de personalidade. Algumas pesquisas já demonstraram alguns sinais, por exemplo, de que a maneira como o ser se posiciona ontologicamente (com fé, por exemplo) modifica o seu quadro de saúde.
As deficiências socialmente transmissíveis podem ser caracterizadas como doenças que afetam o caráter ético. Em outras palavras, adoecemos porque perdemos o sentido ético greco-cristão da vida. Os sintomas podem ser facilmente percebidos: egoísmo, corporativismo, individualismo, niilismo, capitalismo, competitivismo, produtivismo, reducionismo, bairrismo, racismo, dogmatismo, cientificismo, ideologismo etc. As deficiências socialmente transmissíveis operam no mecanismo emocional das psiques tornando-as violentas, corruptas, idolatras, indiferentes, inimigas, insensíveis, gananciosas, mesquinhas, retóricas e instintivas. Nesse contexto, o homem perde a sua referência transcendental espiritual tornando-se um animal que defende ou ataca para assegurar a sua propriedade ou domínio. O homem entra num processo de decadência e a sociedade o estimula a permanecer nessa jornada até a sua morte. A evolução humana freia os seus passos e a maioria se cristaliza ou se hipnotiza a continuar inconsciente ad infinitum. Por isso mesmo, CRISTO afirmou que poucos conseguiriam entrar no Reino do Céu. Esse Reino, em verdade, é a transcendência das deficiências humanas.
Prof. Bernardo Melgaço – bernardomelga10@hotmail.com – Tel.: (088) 9201-9234
As deficiências socialmente transmissíveis podem ser caracterizadas como doenças que afetam o caráter ético. Em outras palavras, adoecemos porque perdemos o sentido ético greco-cristão da vida. Os sintomas podem ser facilmente percebidos: egoísmo, corporativismo, individualismo, niilismo, capitalismo, competitivismo, produtivismo, reducionismo, bairrismo, racismo, dogmatismo, cientificismo, ideologismo etc. As deficiências socialmente transmissíveis operam no mecanismo emocional das psiques tornando-as violentas, corruptas, idolatras, indiferentes, inimigas, insensíveis, gananciosas, mesquinhas, retóricas e instintivas. Nesse contexto, o homem perde a sua referência transcendental espiritual tornando-se um animal que defende ou ataca para assegurar a sua propriedade ou domínio. O homem entra num processo de decadência e a sociedade o estimula a permanecer nessa jornada até a sua morte. A evolução humana freia os seus passos e a maioria se cristaliza ou se hipnotiza a continuar inconsciente ad infinitum. Por isso mesmo, CRISTO afirmou que poucos conseguiriam entrar no Reino do Céu. Esse Reino, em verdade, é a transcendência das deficiências humanas.
Prof. Bernardo Melgaço – bernardomelga10@hotmail.com – Tel.: (088) 9201-9234
domingo, 13 de julho de 2008
EVENTO HOLÍSTICO APOIADO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC)

Prof. Bernardo Melgaço da Silva - bernardomelgaco@hotmail.com
EVENTO HOLÍSTICO APOIADO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - CONTINUAÇÃO

Esse evento tem o apoio da Universidade Federal do Ceará (UFC). Infelizmente em outras universidades do interior cearense esse evento será tachado de "pseudos cientistas". Parabéns para a UFC e outras instituições que apoiam esse belo evento. Um dia quem sabe eses críticos cresçam e vejam a importância de discutir temas transversais também.
Prof. Bernardo Melgaço da Silva - bernardomelgaco@hotmail.com
sexta-feira, 4 de julho de 2008
MUNDO CÃO...MUNDO DE MÚSICA....MUNDO DE SOM...IMAGEM... E CONFUSÃO

Prof. Bernardo Melgaço da Silva
Visitem o meu site: bernardomelgaco.blogspot.com
quarta-feira, 2 de julho de 2008
EU NÃO SOU PARTIDO: EU SOU UNIDO PELA JUS-TIÇA DO AMOR

Mas, essa idéia se encontra muito distante de uma sociedade moderna unida que está fragmentada entre partidos políticos os quais buscam a qualquer custo o cume do poder temporal. MAX WEBER chegou afirmar que a razão (instrumental) desencantou o mundo. Eu diria que fez muito mais do que isso, pois fragmentou em pedaços muito pequenos tudo o que nos cerca (famílias, raças, religiões, ciências, ideologias, países, sentimentos, ideais e valores). O problema de hoje é conseqüência de uma práxis grega milenar (“penso, logo existo” – Descartes) que enveredamos e raramente nos questionamos sobre o seu sentido e significado. A razão instrumental produziu um universo de tecnologias e benefícios materiais que fez com que esquecêssemos ou não buscássemos a verdade de sua identidade e finalidade. E a finalidade da vida depende da identidade ontológica (ego ou self) que alcançamos conquistando com mérito em nosso processo evolutivo cósmico.
Existe uma contradição que solta aos olhos: “fragmentar para integrar”. A razão fragmenta, mas não integra a vida humana. Por isso, que a política partidária é a arte de dividir, fragmentar, separar os elos humanos na grande cadeia de relações e conexões da vida universal. Em verdade, ela é um processo que caminha no sentido contrário ao do princípio da vida cósmica. A ciência moderna, p. ex.: a física quântica, vem afirmando com fundamentação que o universo é um sistema integrado onde todos os seres são elos intermináveis na formação da grande cadeia universal em que os pólos opostos são forças complementares em equilíbrio. Assim sendo, a vida política não foge a essa regra. Ou respeitamos os princípios da natureza universal, ou então, sofreremos uma desintegração com perda de consciência e sofrimento da alma e do corpo - numa escala planetária! A natureza destruída (desmatamento, aquecimento global, tempestade etc) que vemos ao nosso redor simboliza o processo interior das forças cósmicas agindo em desequilíbrio nas ações das almas humanas. “Decifra-me ou eu te devoro”. Os egípcios já sabiam disso! Enquanto caminharmos unilateralmente num processo de desintegração da consciência teremos dias difíceis e penosos – com certeza! - pela frente. O conflito ou combate (ideológico, religioso, racial, científico etc) não nos levará a uma unidade e justiça social. Precisamos de solidariedade, humanidade, doçura e sensibilidade. Fora desse marco de integração cósmica teremos DOR e FRAGMENTAÇÃO COM PERDA DE CONSCIÊNCIA. Não existe acaso – o acaso é a nossa ignorância das forças cósmicas agindo em nosso mundo e realidade humana. Ou mudamos profundamente, ou então, pereceremos – Amem ou Amém! Prof. Bernardo Melgaço da Silva
quinta-feira, 26 de junho de 2008
O ANO EM QUE O “MILAGRE” ACONTECE: DINHEIRO E OBRAS NAS ELEIÇÕES

No ano das eleições um “milagre” acontece. Dinheiro e obras surgem do “nada” e começam a fazer realizações. Nesse sentido, as ruas e estradas são asfaltadas, as universidades recebem mais dinheiro para custeio, restaurantes populares são criados, escolas são reformadas etc. E tudo muito perto da data da eleição. O povo, coitado, ainda acredita que tudo isso é verdade e que as intenções são sinceras e puras. Mas, com um olhar crítico nos perguntamos: por que será que esse “milagre” não aconteceu antes? É verdade! A política moderna vem substituindo o planejamento estratégico. Em outras palavras, diria um crítico: “que plano que nada o que vale é a “estratégia” do voto”. Os recursos são aplicados (e/ou atrasam propositalmente) segundo a perspectiva de se ganhar o apoio das comunidades e de indivíduos influentes antes e bem próximo das eleições. E assim, durante vários anos o povo não vê a cor do dinheiro e nem das obras importantes. Mas, quando se aproxima as eleições, uma multidão se engaja em servir aos senhores da política e da politicagem. É dinheiro rolando em cascata e enchendo o pequeno recipiente (bolsos) de pobres criaturas esperançosas de um lugar ao sol (ninguém quer ficar excluído!).
Nesse contexto, as almas receptoras ficam “felizes” mesmo que iludidas. O imediatismo é a lógica que atrai multidões e faz manter o mundo ilusório da politicagem. Raros são aqueles que cobram projetos baseados em planos bem elaborados e estratégias viáveis. A maioria quer resolver imediatamente a sua necessidade sem importar se essa solução afetará ou prejudicará mais tarde uma população maior. E o dinheiro de onde vem? Poucos sabem de fato a sua origem. Será que vem dos cofres das políticas públicas que foram “acumuladas” pelas burocracias e espertezas administrativas de governantes inescrupulosos? Ou será que vem de financiamentos externos de cunho ideológico ou empresarial? É preciso nesse mundo ser bonzinho como uma pomba, mas prudente como uma serpente. A vida social raramente é governada pela intenção e planejamento de mentes brilhantes, mas por mentes astutas e negociadoras de interesses escusos. Um ou outro governante ou administrador segue a linha reta da ética e da boa intenção. Uma boa parcela faz alianças de interesses ideológicos ou financeiros. E as necessidades dos indivíduos governados são partes desse jogo frio e anti-ético.
O enriquecimento ilícito “com prosperidade para todos” é a intenção que acalma a frieza das decisões políticas inescrupulosas. Nesse sentido, a idéia de que “a política é a arte de governar” é uma bela retórica. Pois, a verdadeira política (a original) caminhava lado a lado com a ética. Hoje, a política é antagônica a ética. Elas não se conversam, não se combinam. Vivem em mundos diferentes e distantes. O povo é apenas uma peça no jogo de xadrez dos poderosos (?).
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – bernardomelgaco@hotmail.com
Nesse contexto, as almas receptoras ficam “felizes” mesmo que iludidas. O imediatismo é a lógica que atrai multidões e faz manter o mundo ilusório da politicagem. Raros são aqueles que cobram projetos baseados em planos bem elaborados e estratégias viáveis. A maioria quer resolver imediatamente a sua necessidade sem importar se essa solução afetará ou prejudicará mais tarde uma população maior. E o dinheiro de onde vem? Poucos sabem de fato a sua origem. Será que vem dos cofres das políticas públicas que foram “acumuladas” pelas burocracias e espertezas administrativas de governantes inescrupulosos? Ou será que vem de financiamentos externos de cunho ideológico ou empresarial? É preciso nesse mundo ser bonzinho como uma pomba, mas prudente como uma serpente. A vida social raramente é governada pela intenção e planejamento de mentes brilhantes, mas por mentes astutas e negociadoras de interesses escusos. Um ou outro governante ou administrador segue a linha reta da ética e da boa intenção. Uma boa parcela faz alianças de interesses ideológicos ou financeiros. E as necessidades dos indivíduos governados são partes desse jogo frio e anti-ético.
O enriquecimento ilícito “com prosperidade para todos” é a intenção que acalma a frieza das decisões políticas inescrupulosas. Nesse sentido, a idéia de que “a política é a arte de governar” é uma bela retórica. Pois, a verdadeira política (a original) caminhava lado a lado com a ética. Hoje, a política é antagônica a ética. Elas não se conversam, não se combinam. Vivem em mundos diferentes e distantes. O povo é apenas uma peça no jogo de xadrez dos poderosos (?).
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – bernardomelgaco@hotmail.com
terça-feira, 24 de junho de 2008
O corpo de um homem assassinado há 65 anos (foto) foi encontrado em perfeito estado de conservação em seu túmulo
sábado, 21 de junho de 2008
MOVIMENTO DO POVO TIBETANO: CULTURA, IDENTIDADE E LIBERDADE

Nessa semana que se passou iniciamos (nos núcleos de estudos NERE e NECEF) na URCA um movimento intitulado MOVIMENTO DO POVO TIBETANO: CULTURA, IDENTIDADE E LIBERDADE. A exposição com banners e vídeos abriu um espaço para reflexão sobre a cultura espiritual tibetana e a história da invasão comunista chinesa no Tibet em 1949. Sobre o pretexto de que os tibetanos viviam numa escravidão ditada pelos monges, os chineses invadiram o Tibet em 1949 onde a partir desta data mataram – pasmem! – 1 milhão de tibetanos dentre eles monges que só sabiam meditar. Um exército muito superior a resistência dos “soldados” tibetanos arruinaram 6 mil monastérios além da carnificina que fizeram nas cidades pacíficas dessa cultura espiritual milenar. Sinto-me impelido de informar a todos os cidadãos brasileiros das artimanhas dessa ideologia criminosa que com argumentos tão insensatos e desumanos mantém sob vigilância implacável (patrulhamento ideológico) os rituais desses monges que ainda conseguem manter a muito custo sua bela tradição espiritual nos poucos monastérios que ainda resistem em pé. Além disso, 110 mil tibetanos vivem exilados na India – na fronteira com a China – sem poderem retornar à sua terra natal e praticarem a sua cultura espiritual. E o seu venerado líder espiritual – Dalai Lama – também não pode retornar e ser adorado ou ter sua foto carregada na carteira de seus liderados. Um verdadeiro crime contra a humanidade!
O quanto ainda ficaremos calados contra um regime que se diz democrático com ações tão vergonhosas como essa? Cadê os direitos humanos? Sinceramente o que nós precisamos mesmo fazer é valorizar todas as culturas porque assim preservaremos as identidades de seus membros. Isto porque um povo sem cultura é um povo sem identidade e, portanto, sem liberdade para expressar suas vocações e tradições. Creio que, devemos todos divulgar essa máxima: “povo que perde sua cultura, perde a sua identidade, perde a sua liberdade, perde também o sentido de viver e existir em paz”. Eu não tenho dúvidas sobre a grandeza da cultura espiritual tibetana, porque entendo por vivência própria a dimensão de suas práticas e valores fundados na meditação, no desapego e no respeito a todos – todos mesmos! - os seres vivos.
Hoje, o mundo se questiona sobre as ideologias e valores praticados pelas superpotências (E.U.A, China etc) que estão destruindo o planeta (e o Brasil com o desmatamento da Amazônia também está nesse grupo). A China, por exemplo, está num processo de destruição ecológica a tal ponto que sua capital está cercada por um imenso deserto com tempestades de areia sem igual no mundo. Lagos, rios e imensas plantações estão sendo poluídos e destruídos. E quando acabarem de destruírem o que têm avançarão, como está fazendo o E.U. A, sobre as riquezas dos outros países (p. ex,: a Amazônia brasileira).
A vida humana só tem sentido na preservação da diversidade de suas culturas materiais e imateriais. Uma vida com uma visão única, um poder único e cultura única é uma grande estupidez. Viva a diversidade cultural e ecológica! Intelectuais do Cariri e do Brasil gritem e se indignem contra essas ideologias totalitárias (de esquerda ou de direita) que querem transformar o mundo numa estupidez de suas visões de mundo infundadas e pequenas, e que jamais conseguirão compreender a complexidade da vida em todas as suas dimensões. Assim, se ficarmos calados a voz da estupidez totalitária um dia estará nos fazendo reféns de suas premissas e suas ordens fundadas no medo, no terror e na morte.
A liberdade é um dom de Deus e está associada a nossa capacidade de preservação de nossas culturas e identidades diversificadas. Abracem essa causa – porque se não fizerem isso o Brasil poderá sofrer como o Tibet está sofrendo desde 1949. Nada acontece por acaso!
A OLIMPIADA DE PEQUIM É UMA GRANDE HIPOCRISIA – VAMOS BOICOTAR – NÃO ASSISTAM PELA TV E NÃO LEIAM NADA SOBRE ELA.
Divulguem esse texto para todos os seus amigos da Internet – a PAZ de DEUS agradece!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – (88) 9201-9234 – bernardomelgaco@hotmail.com
O quanto ainda ficaremos calados contra um regime que se diz democrático com ações tão vergonhosas como essa? Cadê os direitos humanos? Sinceramente o que nós precisamos mesmo fazer é valorizar todas as culturas porque assim preservaremos as identidades de seus membros. Isto porque um povo sem cultura é um povo sem identidade e, portanto, sem liberdade para expressar suas vocações e tradições. Creio que, devemos todos divulgar essa máxima: “povo que perde sua cultura, perde a sua identidade, perde a sua liberdade, perde também o sentido de viver e existir em paz”. Eu não tenho dúvidas sobre a grandeza da cultura espiritual tibetana, porque entendo por vivência própria a dimensão de suas práticas e valores fundados na meditação, no desapego e no respeito a todos – todos mesmos! - os seres vivos.
Hoje, o mundo se questiona sobre as ideologias e valores praticados pelas superpotências (E.U.A, China etc) que estão destruindo o planeta (e o Brasil com o desmatamento da Amazônia também está nesse grupo). A China, por exemplo, está num processo de destruição ecológica a tal ponto que sua capital está cercada por um imenso deserto com tempestades de areia sem igual no mundo. Lagos, rios e imensas plantações estão sendo poluídos e destruídos. E quando acabarem de destruírem o que têm avançarão, como está fazendo o E.U. A, sobre as riquezas dos outros países (p. ex,: a Amazônia brasileira).
A vida humana só tem sentido na preservação da diversidade de suas culturas materiais e imateriais. Uma vida com uma visão única, um poder único e cultura única é uma grande estupidez. Viva a diversidade cultural e ecológica! Intelectuais do Cariri e do Brasil gritem e se indignem contra essas ideologias totalitárias (de esquerda ou de direita) que querem transformar o mundo numa estupidez de suas visões de mundo infundadas e pequenas, e que jamais conseguirão compreender a complexidade da vida em todas as suas dimensões. Assim, se ficarmos calados a voz da estupidez totalitária um dia estará nos fazendo reféns de suas premissas e suas ordens fundadas no medo, no terror e na morte.
A liberdade é um dom de Deus e está associada a nossa capacidade de preservação de nossas culturas e identidades diversificadas. Abracem essa causa – porque se não fizerem isso o Brasil poderá sofrer como o Tibet está sofrendo desde 1949. Nada acontece por acaso!
A OLIMPIADA DE PEQUIM É UMA GRANDE HIPOCRISIA – VAMOS BOICOTAR – NÃO ASSISTAM PELA TV E NÃO LEIAM NADA SOBRE ELA.
Divulguem esse texto para todos os seus amigos da Internet – a PAZ de DEUS agradece!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – (88) 9201-9234 – bernardomelgaco@hotmail.com
segunda-feira, 9 de junho de 2008
O HOMEM MODERNO CIVILIZADO: ESQUERDA, DIREITA...NATUREZA... VOLVER!
O homem moderno civilizado criou o Estado de Direito, mas não conseguiu impedir a criação do Estado de Injustiça. Ele criou o conceito de Estado de Natureza, mas não conseguiu formar uma aliança com a Natureza. As poluições química e biológica ameaçam o equilíbrio da Natureza e a ordem do Estado. Nesse contexto, o povo e o Estado chinês são referências negativas porque estão sofrendo devido à força da natureza desequilibrada. Isto porque o processo de desertificação na China nos séculos XX e XXI gerou um “monstro” natural: as grandes tempestades de areia. As tempestades de areia na China estão matando animais, plantações e vidas humanas. Os desmatamentos na Amazônia vão produzir a mesma desgraça chinesa se políticas de preservação ambiental não forem aplicadas com rigor. Lagos, rios e ambientes naturais na China estão morrendo na mesma velocidade que o progresso avança aumentando o PIB e diminuindo também a sustentabilidade dessa potência econômica. O sistema de governo autoritário chinês impede que se questione e freie coletivamente a destruição em curso. O poder do partido único autocrático desse país, de proporções continentais, está levando a uma falência ambiental que o povo chinês não conseguirá reverter. O liberalismo no Brasil e o comunismo na China nos alertam que a razão da sobrevivência dos povos não depende de mudanças de posição (volver) de poder ideológico, mas essencialmente no caráter, na alteridade e na identidade de uma relação direta e respeitosa com a natureza. Nesse sentido, tanto a esquerda socialista quanto a direita liberal não demonstram competência para solucionar a mega-crise ética-energética-ecológica. Ambas doutrinas são coniventes com a decadência da qualidade de vida para uma grande parcela ignorada ou excluída. Os índios e os quilombolas, por exemplo, não são tratados com o mesmo respeito que o trabalhador das empresas e indústrias. A idéia de progresso está numa perspectiva associada ao da exclusão e exploração humana e numa outra perspectiva na exploração e dominação da natureza. Mas, uma está associada a outra e tem nos levado a um processo acelerado de autodestruição, isto porque o homem é natureza também. Os avanços do homem moderno civilizado se reproduzem paradoxalmente: descobrimos, desequilibramos e destruímos simultaneamente.
Hoje, estamos diante de um inimigo comum: as idéias de exploração e separação entre o homem e a natureza. Segundo o jornalista Washington Novaes, 2/3 da população brasileira se considera fora da natureza. E por que? Porque ao longo de séculos fomos bombardeados por crenças e ideologias que pregavam (e pregam ainda!) que a vida humana se dava (e se dá ainda) unilateralmente num plano de relações de poder econômico-político: vencer e se separar do outro e controlar a natureza. E assim, se perdeu toda uma visão mítica e natural do homem como ser integrado a tudo e a todos. Em outras palavras, perdemos a sábia visão de que nada nos separa da vida natural. A vida nos liga a tudo! Viver é essencialmente se integrar cosmicamente através de elos visíveis e invisíveis. A separação, partição ou partidarização é uma grande ilusão. Por isso mesmo, que não acredito na perspectiva desintegradora de qualquer coisa, principalmente na política partidária. Existe uma ordem maior de integração natural. Ainda sofreremos muito por ignorarmos e assim não percebermos essa ordem supra-humana integradora – nem a esquerda e nem a direita poderão evitar a fragmentação dolorosa do ser e da natureza. Eles lutarão ad infinitum entre si pelo poder, mas serão vencidos por um inimigo muito superior: a natureza explorada e desequilibrada.
Hoje, estamos diante de um inimigo comum: as idéias de exploração e separação entre o homem e a natureza. Segundo o jornalista Washington Novaes, 2/3 da população brasileira se considera fora da natureza. E por que? Porque ao longo de séculos fomos bombardeados por crenças e ideologias que pregavam (e pregam ainda!) que a vida humana se dava (e se dá ainda) unilateralmente num plano de relações de poder econômico-político: vencer e se separar do outro e controlar a natureza. E assim, se perdeu toda uma visão mítica e natural do homem como ser integrado a tudo e a todos. Em outras palavras, perdemos a sábia visão de que nada nos separa da vida natural. A vida nos liga a tudo! Viver é essencialmente se integrar cosmicamente através de elos visíveis e invisíveis. A separação, partição ou partidarização é uma grande ilusão. Por isso mesmo, que não acredito na perspectiva desintegradora de qualquer coisa, principalmente na política partidária. Existe uma ordem maior de integração natural. Ainda sofreremos muito por ignorarmos e assim não percebermos essa ordem supra-humana integradora – nem a esquerda e nem a direita poderão evitar a fragmentação dolorosa do ser e da natureza. Eles lutarão ad infinitum entre si pelo poder, mas serão vencidos por um inimigo muito superior: a natureza explorada e desequilibrada.
APÓS INVASÃO DA CHINA COMUNISTA EM 1949:
1 MILHÃO DE TIBETANOS MORTOS (EXTERMÍNIO EM MASSA)
1 MILHÃO DE TIBETANOS MORTOS (EXTERMÍNIO EM MASSA)
6 MIL MOSTEIROS DESTRUÍDOS (POR QUE?)
100 MIL TIBETANOS EXILADOS NA ÍNDIA
100 MIL TIBETANOS EXILADOS NA ÍNDIA
Enquanto isso milhões de homens e mulheres morrem na lógica do mercado capitalista....ainda não temos uma saída digna a vista...se correr o bicho pega...se ficar o bicho come....
Prof. Bernardo Melgaço da Silva (88)9201-9234
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