porque convergimos e integramos com AMOR, VERDADE, RETIDÃO, PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA
dedicamos este espaço a todos que estão na busca de agregar idéias sobre a condição humana no mundo contemporâneo, através de uma perspectiva holística, cujos saberes oriundos da filosofia, ciência e espiritualidade nunca são divergentes; pelo contrário exige-nos uma postura convergente àquilo que nos move ao conhecimento do homem e das coisas.
Acredito que quanto mais profundos estivermos em nossas buscas de respostas da consciência melhor será para alcançarmos níveis de entendimento de quem somos nós e qual o propósito que precisaremos dar as nossas consciências e energias objetivas e sutis para se cumprir o projeto de realização holística, feliz, transcendente, consciente e Amorosa.
"Trata-se do sentido da unidade das coisas: homem e natureza, consciência e matéria, interioridade e exterioridade, sujeito e objeto; em suma, a percepção de que tudo isso pode ser reconciliado. Na verdade, nunca aceitei sua separatividade, e minha vida - particular e profissional - foi dedicada a explorar sua unidade numa odisseia espiritual". Renée Weber
PORTANTO, CONVERGIR E INTEGRAR TUDO - TUDO MESMO! NAS TRÊS DIMENSÕES:ESPIRITUAL-SOCIAL-ECOLÓGICO
O cientista (psicólogo e reitor da Universidade Holística - UNIPAZ) PIERRE WEIL (1989) aponta os seguintes elementos para a falta de convergência e integração da consciência humana em geral: "A filosofia afastou-se da tradição, a ciência abandonou a filosofia; nesse movimento, a sabedoria dissociou-se do amor e a razão deixou a sabedoria, divorciando-se do coração que ela já não escuta. A ciência tornou-se tecnologia fria, sem nenhuma ética. É essa a mentalidade que rege nossas escolas e universidades"(p.35).
"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo" Albert Einstein
Acredito que quanto mais profundos estivermos em nossas buscas de respostas da consciência melhor será para alcançarmos níveis de entendimento de quem somos nós e qual o propósito que precisaremos dar as nossas consciências e energias objetivas e sutis para se cumprir o projeto de realização holística, feliz, transcendente, consciente e Amorosa.
"Trata-se do sentido da unidade das coisas: homem e natureza, consciência e matéria, interioridade e exterioridade, sujeito e objeto; em suma, a percepção de que tudo isso pode ser reconciliado. Na verdade, nunca aceitei sua separatividade, e minha vida - particular e profissional - foi dedicada a explorar sua unidade numa odisseia espiritual". Renée Weber
PORTANTO, CONVERGIR E INTEGRAR TUDO - TUDO MESMO! NAS TRÊS DIMENSÕES:ESPIRITUAL-SOCIAL-ECOLÓGICO
O cientista (psicólogo e reitor da Universidade Holística - UNIPAZ) PIERRE WEIL (1989) aponta os seguintes elementos para a falta de convergência e integração da consciência humana em geral: "A filosofia afastou-se da tradição, a ciência abandonou a filosofia; nesse movimento, a sabedoria dissociou-se do amor e a razão deixou a sabedoria, divorciando-se do coração que ela já não escuta. A ciência tornou-se tecnologia fria, sem nenhuma ética. É essa a mentalidade que rege nossas escolas e universidades"(p.35).
"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo" Albert Einstein
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Nem vindo ao Brasil, o Butão fica perto
(http://blogdocrato.blogspot.com/)
O país perdeu tanto tempo vendo os Presidentes Lula e Ahmadinejad torturarem intérpretes para abrir a conexão português-inglês-farsi, que não deu a mínima a um visitante muito mais exótico, que andou por aqui quase ao mesmo tempo que o iraniano. No caso, o primeiro-ministro do Butão Lyongpo Jigme Thinley. Ele sim, tinha assunto para encher jornais, pelo menos nos segundos cadernos. Convidado a testar em Foz do Iguaçu um carro elétrico desenvolvido pela Fiat em parceria com Itaipu, pegou o volante na sede da usina e só o largou na sede do hotel.
Em outas palavras, sem ter nada a esconder, divertiu-se placidamente. Almoçou no bandejão classe A da empresa. Adorou o canal da piracema, que promove a migração de peixes através da barragem. Passeou pela hidrelétrica, alegando que, dispondo de água a rodo, um dos pratos fortes da exportação butanesa é a energia que vende à Índia e à China. No hotel Rafain, deslizando entre o elevador e o saguão de quimono de seda e sandálias no pé, dava a impressão de estar sempre lançando a última palavra em moda para sauna ou piscina.
Mas ele veio ao Brasil ensinar como se administra um país pelos preceitos da Felicidade Interna Bruta. A idéia brotou anos atrás de uma das monarquias mais isoladas da terra. O Butão não passa de um país com pouco mais de 38 mil quilômetros quadrados, enrugado por montanhas com mais de sete mil metros de altitude e coberto florestas originais em quase 65% de seu território. É habitado por raridades, como o leopardo das neves, elefantes asiáticos, mais de 50 espécies de rododendros e 700 de pássaros e orquídeas inumeráveis. Mas tem menos de 700 mil habitantes.
É o cenário da moda. Buthan, a Visual Odyssey, de Michael Hawlley, mereceu uma edição de luxo com 58 quilos de peso, 40 mil fotografias e as dimensões de uma mesa para seis comensais. Sai por 30 mil dólares. Mas tem versão barata, por 50. Dizem que foi de lá que no século passado o escritor inglês o escritor inglês James Hilton tirou a idéia de Xangrilá.
O fato é que tudo o que se imagina do Nepal o Butão tem. Menos turismo de massa. Em 2008, ele acolheu 21 mil turistas, que só podem visitá-lo pelas mãos de um guia da agência oficial. A televisão e a internet só entraram legalmente no país há uma década, e com recomendações de uso moderado. Sua economia não é lá essas coisas. A moeda local se ancora na rúpia indiana. Sua principal indústria é a produção artesanal de peças religiosas. Suas relações diplomáticas com os Estados Unidos, a Rússia e outras potências se fazem via Nova Déli.
O Butão tem uma longa história de guerras, golpes e até impeachments monárquicos. Mas anda cada vez mais quieto. Sua Felicidade Interna Bruta está entregue a um rei que ainda não fez 30 anos. E a um conselho que aplica a receita da FIB a partir de 72 indicadores sociais, onde têm peso o tempo de lazer de cada cidadão e sua bem-aventurança ambiental – reduzido a um decálogo de exportação por seu apóstolo internacional Laurence Brahm. O fato é que, lá, o noticiário policial, à falta de assuntos mais trepidantes, registra queixa de vizinhos por briga de cachorros.
Quando o FIB surgiu, o jornal Financial Times tratou-o como o roteiro de uma viagem mística em marcha a ré. Mas ultimamente as pesquisas de opinião pública atestam que só 3% dos butaneses se declaram infelizes. Há três anos, a revista Business Week, apoiada numa enquete da Universidade de Berkeley, pôs o Butão estava num honroso oitavo lugar entre os países mais felizes do mundo. Perdia para a Dinamarca, a Finlândia e a Suécia, sem dúvida. Mas, até na categoria dos reinos-encantados, ganhava de Luxemburgo. As economias mais fortes do mundo, montadas em PIBs gigantescos, vinham muito atrás, comendo a poeira do crescimento acelerado, que na época elas mesmas levantavam.
Fonte Jornalista Marcos Sá Correia/ O ECO - Postado por José Sales
domingo, 29 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 29/11/2009
“Para que o homem nasceu neste mundo? Para simplesmente vagar por aí e viciar-se nos prazeres do mundo? Entenda que os prazeres mundanos não são permanentes. Tudo que acontecer a você no futuro estará de acordo com sua conduta atual. Tudo é reação, reflexo e ressonância. Os bons atos que você executa hoje produzirão bons resultados no tempo vindouro. Se realizar más ações hoje, você não pode esperar ser recompensado com bons resultados no futuro. Os resultados de suas más ações do passado irão sempre persegui-lo.”
Sathya Sai Baba
POR QUE PRECISAMOS AMAR UNS AOS OUTROS?
É uma pergunta que nos faz refletir sobre nossa inserção e existência nesse mundo e plano de experiências. Ao nos inserirmos nesse mundo nos matriculamos na Escola da Vida. Assim sendo, precisamos passar por diversos estágios de aprendizagem até chegarmos ao topo do conhecimento-sabedoria e deslumbrarmos a ordem, a beleza, a unidade, a interdependência e o valor da disciplina para o crescimento tanto exterior quanto interior. Existe, portanto, um sentido e um propósito maior que no início desconhecemos. A medida que avançamos nos estágios da consciência percebemos gradativamente que fomos dotados de atributos e capacidades inatas que precisam ser colocadas em prática. O mundo objetivo e subjetivo passa a ser nosso laboratório de experiências, nosso palco onde representamos os papéis de acordo com a cultura envolvente. E cada etapa de crescimento é um estágio para a etapa seguinte. O nosso mestre é a vida. Os nossos semelhantes são nossos parceiros onde podemos nos espelhar e refletir sobre o sentido da vida coletiva.
Nessa Escola não se tem como propósito descobrir o certo e o errado, mas revelar a essência, o caminho verdadeiro e profundo da trajetória que devemos seguir. E cada um escolhe a sua trajetória a seu modo, preferência, gosto, indução ou simpatia. A escolha pode estar em sintonia ou não com a ordem cósmica (cosmo). Quando escolhemos a sintonia adequada percebemos e descobrimos novas vibrações e estados de consciência que alcançamos devido ao nosso esforço, disciplina, mérito e poder pessoal.
Nesse sentido, não existe gratuidade ou privilégios, mas ações, impulsos, disciplina, sensibilidade, inteligência, perseverança, vontade, poder e fé em si mesmo. O tempo deixa de ser algo cronometrado e racional. Nesse contexto, o tempo é “medido” ou sentido pelo grau de concentração e foco que damos ou escolhemos iluminar na longa caminhada de experiências e descobertas pessoais.
A força das persuasões culturais e sociais é, paradoxalmente, o obstáculo mais presente na inércia do desenvolvimento humano: a luz do sol pode tanto iluminar nosso caminho quanto nos cegar. Por vivermos coletiva e interativamente sofremos das influências luminosas externas da cultura e dos modos de produção e organização social. De um modo geral, acabamos abandonando a nossa busca pessoal para seguirmos o discurso e a luz das idéias coletivas que nos guiam tal como um arco que lança a flecha e esta voa cegamente em busca de um alvo desconhecido por ela, mas teoricamente conhecido pelo arco. Nesse sentido, o ego é uma flecha induzida lançada por um poder persuasivo indutor – não somos livres de fato! Inverter essa lógica de induzido para indutor é a façanha maior, o mérito perseverante de quem se propôs a seguir seus próprios passos arriscando a própria vida-consciência.
A flecha e o arco são partes complementares da mesma natureza: o Eu Menor (Ego) e o Eu Maior (Self). Apesar disso, é muito comum se ver a natureza humana do ego guiada por um arco alheio. O alvo, o arco e a flecha fazem parte de um mesmo processo de desenvolvimento, criação e libertação do ser. A palavra PECADO vem etimologicamente da idéia de uma flecha que ao se chocar com o alvo se distancia do seu centro. Essa distância era conhecida na antiguidade como PECADO.
Nesse contexto, pecamos a cada instante desde que nascemos por ignorarmos as leis que governam a interação entre o arco, a flecha e o alvo. Durante a vida, nos foi dado a oportunidade de aprendermos mais sobre essas leis cósmicas (cosmo significa ordem e beleza). A vida humana se depara com o dilema da visão: Onde se encontra o alvo? Quem eu sou, o arco ou a flecha? Na incerteza da escuridão do ego apontamos nossas flechas para o outro semelhante. O alvo passa a ser o outro que vemos porque não vemos um segundo Outro em nós mesmos. E assim projetamos e associamos as nossas carências, fraquezas e deficiências ao outro manifestado em nosso campo de percepção objetiva. Cria-se, portanto, a visão Maya ou Ilusão, pois acreditamos piamente que tudo acontece porque o problema está no mundo e contexto que vemos fora de nós. O outro (mundo e ser) externo, então, se torna parte da equação psicológica que montamos para resolver nossos problemas e medos da vida e da morte.
A natureza humana do ego, por não conseguir ver e interagir diretamente com o seu próprio Self busca a luz da compreensão no contexto das experiências alheias. Em parte consegue ajuda, mas as leis da natureza forçam a natureza do ser a voltar sobre si mesmo – re-fletir (fletir ou dobrar sobre si mesmo) para complementar a busca e entendimento. Por isso mesmo, o grande pensador Kafka chegou a afirmar: “ Da vida se tira vários livros - dos livros se tira pouco – muito pouco! – a vida!
Nesse caminho menor, o mistério se torna mais ainda obscuro. O ego conduz sua vida sem se preocupar com o sentido que está dando a ela, até que chega um momento em que algo sobrenatural força-o a rever seus conceitos e valores. Então, surge a questão: E depois o que virá, perecerei ou continuarei existindo? Em que grau de consciência me encontro? Valeu a pena ignorar o meu mundo interior? E aí surge a crise, o risco e a oportunidade de rever os passos dados. É o momento de buscar significado para sua vida e existência. Nesse instante, tudo o que conseguiu aprender ou que ignorou terá impacto na força da psique. A psique forte saberá lidar com o novo desconhecido e continuará aprendendo com o seu Self. E a psique fraca se tornará mais confusa se distanciando do seu eixo ou centro principal – o seu próprio Self! Por isso mesmo, “o caminho é estreito e a porta pequena...muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”.
Nesse sentido, a lei do cosmo está relacionada à qualidade de nossas intenções, ações, reações, desejos, vontades e fé. A lei do acaso só rege o mundo pouco esclarecido do ego. A metamorfose da consciência é a solução da existência humana, mas o ego nada sabe a respeito disso. E segundo Freud (no livro Mal-estar da Civilização) essa metamorfose é uma metanóia da consciência, uma espécie de transmutação ou mudança radical do ser. E o ser é constituído de forças, impulsos, energias e estados da consciência que circulam e transformam elementos químicos, biológicos, vitais físicos e metafísicos. Em síntese, o ser é um processo sutil complexo, multidimensional, transcendental, cósmico e universal.
O que chamamos de Amor, no sentido amplo da palavra, é um estado elevadíssimo da consciência (e não se resume apenas no prazer carnal – libido!)onde esses atributos cósmicos e universais se manifestam de forma inconfundível e imprevisível. É um marco na experiência interior – vivência! – do ser humano. A partir desse marco o ser pode se orientar para a sua total iluminação e consagração divina. O ser deixa de ser homem-animal para ser homem-divino com características, saberes e poderes supra-racionais.
É por isso, que devemos com todas as nossas forças buscar AMARMOS UNS AOS OUTROS, isto porque esse caminho é o da transcendência, consagração e iluminação da consciência. É um retorno á Unidade Cósmica onde todos fazem parte de um mesmo fenômeno cósmico da Criação. Ao retornarmos a esse estado de consciência primeira elevamos nosso Estado da Alma Evolutiva. A expressão EVOLUÇÃO, ganha, portanto, um sentido e significado mais amplo e mais elevado (muito além do estado biológico). Ciência, Filosofia e Religião se tornam uma coisa só: a busca e descoberta do fenômeno do Amor.
E que Deus ilumine a todos nessa busca interior maior – é o meu sincero desejo cósmico!
sábado, 28 de novembro de 2009
Europa sofrerá cada vez mais com calor, secas e inundações
(http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/onu_clima_aquecimento)
Sex, 27 Nov, 12h56
PARIS, França (AFP) - A seca em algumas regiões e as inundações em outras, somadas ao tempo muito quente, serão recorrentes na Europa em consequência das mudanças climáticas e podem provocar graves catástrofes até 2050, segundo a Agência Europeia de Meio Ambiente (AEE).
Apesar de estar mais bem preparada que outras regiões para enfrentar os problemas, a Europa se equivoca se pensa que está protegida das mudanças climáticas, principalmente se for considerado que registra um aquecimento maior que a média mundial.
"O aquecimento na Europa no último século foi de 1,1 grau centígrado, com picos de até seis graus no Ártico, contra a média mundial de 0,8 grau", afirma Jacqueline McGlade, diretora da AEE.
Da Groenlândia à Grécia, a alta das temperaturas será especialmente considerável no sul da Europa, na Finlândia e no centro do continente.
A onda de calor de 2003, que provocou a morte de 70.000 pessoas, na maioria idosos, é uma mostra dos futuros verãos, insistem os cientistas. Um verão em cada dois pode registrar uma situação do tipo.
Até 2050 se perfila uma Europa dividida em duas, com um sul mediterrâneo desidratado, com área rumo à desertificação, e do outro lado um norte sob fortes chuvas mais intensas no inverno, geralmente submersa pelas inundações.
O verão de 2008 ilustrou o contraste: seca prolongada na Espanha e inundações catastróficas na Grã-Bretanha.
A água será uma preocupação para todos os países europeus, e vários - Chipre, Espanha, Itália, Bélgica, Bulgária e Grã-Bretanha - já sofrem graves problemas hídricos.
"O aquecimento global vai exacerbar a pressão nas regiões que já têm dificuldades", explica André Jol, autor de um relatório da AEE.
O continente europeu vive acima de seus recursos e terá que reduzir o consumo de água tanto na agricultura como nas residências.
Os Alpes, "torre de água da Europa", que fornecem 40% da água doce, esquentam quase duas vezes mais rápido que a média mundial (+1,48 grau centígrado em um séculos em um século). Dois graus mais condenariam ao fechamento um terço das estações de esqui.
"O caudal dos rios vai mudar totalmente. Na primavera será muito forte, com risco de inundações importantes na Alemanha e Holanda, mas no verão teremos menos água para todos, a região de Viena terá falta de água no futuro", comenta Jol.
No sul da Europa, onde a agricultura consome 60% da água, chegando a 80% em algumas localidades, a escassez pode provocar quedas expressivas do rendimento agrícola, como por exemplo das plantações de trigo nas zonas costeiras do Mediterrâneo.
O aumento do nível dos oceanos, que pode ser de 0,7 a 1 metro, é outra preocupação, já que no perímetro mediterrâneo metade da população vive nas costas.
Três regiões são as mais vulneráveis: Holanda e as costas do Mar do Norte, Londres e um arco que vai de Barcelona a Marselha, onde a erosão fragiliza ainda mais o litoral.
Pensamento para o Dia 28/11/2009
“As nuvens da ilusão (Maya) não podem escurecer a consciência interior das quatro categorias seguintes de pessoas nobres: (1) aqueles que se deleitam com a glória e o mistério de Deus, (2) aqueles que conhecem e proclamam conhecer que Deus é o mestre de Maya e o portador das forças que destroem a ilusão; (3) aqueles que estão engajados em boas obras executadas com fé e devoção, e (4) aqueles que se esforçam para manter a Verdade (Sathya) e a retidão (Dharma).”
Sathya Sai Baba
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 26/11/2009
“Esteja sempre impregnado de Amor. Não use palavras maldosas contra qualquer pessoa, pois as palavras ferem mais fatalmente que as flechas. Fale suave e docemente, e se compadeça com o sofrimento e a perda. Faça o que puder para colocar em prática o bálsamo da palavra suave e da ajuda oportuna. Não estrague a fé de qualquer pessoa na virtude e na Divindade. Encoraje os outros a terem essa fé, demonstrando, em sua própria vida, que a virtude é a própria recompensa e que Deus é todo-penetrante e todo-poderoso.”
Sathya Sai Baba
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
A NATUREZA DA CONSCIÊNCIA E OS CAMPOS DE ENERGIA SUTIL DA REALIDADE HUMANA
Assim como existe a fronteira entre a ignorância e o conhecimento também existe a fronteira entre o conhecimento e o autoconhecimento. Pode o ignorante compreender o universo de um cientista e intelectual? Da mesma forma, pode um intelectual compreender o universo do santo e místico? Certamente não. As fronteiras que delimitam estes universos, separam realidades distintas, ainda que os ignorantes , cientistas e santos estejam aparentemente no mesmo "plano de existência". A fronteira que delimita o ignorante do cientista chamaremos de CONHECIMENTO, e a fronteira que delimita o cientista do santo chamaremos de SENSIBILIDADE.
A realidade não é somente aquilo que percebemos. Aquilo que não percebemos não deixa, apenas por esta razão, de existir. Assim, o cientista não percebe diretamente o elétron, apenas indiretamente, por seus efeitos, o que não o impede de afirmar-lhe a existência. O que percebemos está inserido dentro de uma faixa ou cone de percepção. A medida que aumentamos a sensibilidade do cone de percepção novas sinalizações de fenômenos são captadas do mundo "irreal".
"No dizer de Héyoan, cada um de nós tem um cone de percepção através do qual percebemos a realidade. Podemos usar a metáfora da freqüência para explicar esse conceito, significando o que cada um de nós é capaz de perceber dentro de certa faixa de freqüência.
Como humanos, tendemos a definir a realidade pelo que podemos perceber. Essa percepção inclui não somente todas as percepções humanas normais mas também suas extensões através dos instrumentos que construímos, como o microscópio e o telescópio. Aceitamos como real tudo o que está dentro do nosso cone de percepção, e como irreal tudo o que está fora dele. Se não podemos perceber alguma coisa, a razão é que ela não existe.
Toda vez que construímos um novo instrumento, aumentamos o cone de percepção e mais coisas são percebidas, de modo que elas se tornam reais" (BRENNAN,1990,p.242).
Mas será que podemos compreender algo sem que, para tanto, tenhamos que empregar esforço mental ou emocional? Acredito que não, pelo menos para o nível "normal" de consciência humana.
Podemos afinal efetivamente estudar o ser humano, ou mais precisamente, a consciência humana? A resposta positiva para essa pergunta tem por obstáculo fundamental o fato de se tratar de um estudo em que o "objeto" é ao mesmo tempo sujeito. Como pode um observador caracterizar um "objeto" se elementos como orgulho, pretensão, ansiedade, tensão, carência afetiva, auto-afirmação, insegurança, falta de confiança no outro ou em si mesmo,etc.- afetam a observação e interferem no "objeto" estudado? A "ciência oficial" estuda, no homem, o produto das descobertas mas não o "metaproduto" das descobertas. Um produto por exemplo seria a equação de Einstein -E = mc2-, enquanto que o metaproduto seria o trabalho de "sutilização da sensibilidade" que Einstein executou em si mesmo para chegar a esta descoberta. O conhecimento da natureza do produto e do "metaproduto" não é idêntico, mas complementar. Em se tratando do ser humano o produto é a sua percepção OBJETIVA e o "metaproduto" sua consciência de si NãO-OBJETIVA. Segundo JUNG (1991):
"Na elaboração de teorias e conceitos científicos há muita coisa de sorte pessoal. Há também uma equação pessoal psicológica e não apenas psicofísica. Enxergamos cores, mas não o comprimento das ondas. Esta realidade bem conhecida deve ser levada em conta na psicologia, mais do que em qualquer outro campo. O efeito dessa equação pessoal já começa na observação. Vemos aquilo que melhor podemos ver a partir de nós mesmos. Assim, vemos, em primeiro lugar, o cisco no olho do irmão. Sem dúvida o cisco está lá, mas a trave está no nosso olho - e perturbará de certa forma o ato de ver. Desconfio do princípio da "pura observação" na assim chamada psicologia objetiva, a não ser que nos limitemos á lente do cronoscópio, taquistoscópio e outros aparelhos "psicológicos". Assim nos garantimos também contra uma demasia exploração dos fatos psicológicos da experiência. Esta equação pessoal psicológica aparece mais ainda guando se trata de expor ou comunicar o que se observou, sem falar da concepção e abstração do material experimental. Em parte alguma, como no campo da psicologia, é exigência absolutamente básica que o observador e pesquisador sejam adequados a seu objeto, no sentido de serem capazes de ver uma e outra coisa. Exigir que só se olhe objetivamente nem entra em cogitação, pois isto é demais. O fato de a observação e a interpretação subjetivas concordarem com os fatos objetivos prova a verdade da concepção apenas na medida em que esta última não pretenda ser válida em geral, mas tão-somente para aquela área do objeto que está sendo considerada. Nesse sentido, é exatamente a trave no nosso próprio olho que nos possibilita ver o cisco no olho do irmão. E nesse caso a trave no nosso olho não prova que o irmão não tenha um cisco no seu olho, como ficou dito. Mas a perturbação de nossa visão leva facilmente a uma teoria geral de que todos os ciscos são traves. Reconhecer e levar em consideração o condicionamento subjetivo dos conhecimentos em geral e dos conhecimentos psicológicos em particular é a condição essencial e correta de uma psique diferente da do sujeito que observa. Esta condição só será satisfeita quando o observador estiver suficientemente informado sobre a extensão e a natureza de sua própria personalidade. E só poderá estar suficientemente informado quando se tiver libertado da influência niveladora das opiniões coletivas e, assim, tiver chegado a uma concepção clara de sua própria individualidade" (p.25-27).
A consciência do homem está relacionada aos princípios intrínsecos de desenvolvimento da percepção física e metafísica. O movimento e a evolução desses princípios acarretam uma mudança de percepção, fazendo com que a percepção se volte sobre si mesma. Esse "giro" de percepção pode engendrar um novo estado de sensibilidade ou um novo ângulo de visão em nosso estado psicológico.
BRENNAN (1990):
"A proporção que nos permitimos desenvolver novas sensibilidades, principiamos a ver o mundo inteiro de maneira muito diferente. Começamos a prestar mais atenção a aspectos da experiência que antes nos pareciam periféricos. Surprendemo-nos a usar uma nova linguagem para comunicar as novas experiências. Expressões como "vibracões más" ou "a energia ali era grande" estão se tornando comuns. Principiamos a notar e dar mais crédito a experiências como a de encontrar alguém e a de gostar ou desgostar desse alguém, num instante, sem nada saber a seu respeito. Gostamos de suas "vibrações"" (p.39).
Continuando a análise de BRENNAN temos:
"Todas essas experiências têm realidade nos campos de energia. O nosso velho mundo de sólidos objetos concretos está rodeado e impregnado de um mundo fluido de energia radiante, em constante movimento, em constante mutação, como o oceano"(p.39).
E BRENNAN (1990) complementa:
"Conquanto a experiência de cada pessoa seja única, existem experiências comuns gerais que as pessoas têm quando passam pelo processo de ampliação das percepções, ou de abertura do canal, como é freqüentemente chamado. Tais verificações servirão para encorajá-lo ao longo do caminho. Não, você não está ficando louco. Outros também estão ouvindo ruídos provenientes de "lugar nenhum" e vendo luzes que não estão ali. Tudo isso faz parte do início de certas mudanças maravilhosas que ocorrem na sua vida de modo inusitado, porém muito natural.
Há provas abundantes de que muitos seres humanos hoje em dia expandem seus cinco sentidos habituais em níveis supersensoriais. A maioria das pessoas possui em certo grau a Alta Percepção Sensorial sem percebê-lo necessariamente, e pode desenvolvê-la muito mais com diligente dedicação e estudo. É possível que já esteja ocorrendo uma transformação da consciência e que outras pessoas procurem desenvolver um sentido novo em que as informações são recebidas numa frequência diferente e possivelmente mais elevada" (p.28-29).
DENIS (1909) assim comenta:
"Todas as manifestações da natureza e da vida se resumem em vibrações, mais ou menos rápidas e extensas, conforme as causas que as produzem. Tudo vibra no universo: som, luz, calor, eletricidade, magnetismo, raios cósmicos, raios catódicos, ondas hertzianas, etc., não passam de modos diversos de ondulação da força e da substância universal, de sucessivos graus que constituem, em seu conjunto, a escala ascensional das manifestações da energia.
As gradações são muito afastadas umas das outras. O som percorre 340 metros por segundo; a luz, no mesmo tempo, faz o percurso de 300.000 quilômetros; a eletricidade se propaga com uma rapidez que se nos afigura incalculável. Os nossos sentidos físicos, porém, não nos permitem perceber todos os modos de vibração. Sua impotência para nos dar uma impressão completa das forças da natureza é um fato suficientemente conhecido para que tenhamos necessidade de insistir sobre esse ponto.
Só no domínio da ótica, sabemos que as ondas luminosas não nos impressionam a retina senão nos limites das sete cores do prisma, do vermelho ao violeta. Alem ou aquém dessas cores, as radiações solares escapam a nossa vista; chamam-se por isso raios obscuros" (p.46-47).
DENIS (1909) continua:
"Nessa prodigiosa ascensão, os nossos sentidos representam paradas muitíssimo espaçadas, estações disposta a consideráveis distâncias umas das outras, em uma estrada sem fim. Entre essas diversas paradas, por exemplo entre os sons agudos e os fenômenos do calor e da luz, destes, em seguida, até às zonas vibratórias afetadas pelos raios catódicos, há para nós como que abismos. Para seres, porém, dotados de sentidos mais sutis ou mais numerosos que os nossos, esses abismos, desertos e obscuros na aparência, não estariam preenchidos? Entre as vibrações percebidas pelo ouvido e as que nos impressionam a vista não há mais que o nada no domínio das forças e da vida universal?
Seria bem pouco sensato acreditá-lo, porque tudo na natureza se sucede, encadeia e se desdobra, de elo em elo, por gradativas transições. Em parte alguma há salto brusco, hiato, vácuo. O que resulta destas considerações é simplesmente a insuficiência do nosso organismo, demasiado pobre para perceber todas as modalidades da energia.
O que dizemos das forças em ação do universo, aplica-se igualmente ao conjunto dos seres e das coisas, sob suas diversas formas, em seus diferentes graus de condensação ou de rarefação.
O nosso conhecimento do universo se restringe ou dilata conforme o número e a delicadeza de nossos sentidos. O nosso organismo atual não nos permite abranger mais que um limitadíssimo círculo do império das coisas. A maior parte das formas da vida nos escapa. Venha, porém, um novo sentido acrescentar-se aos atuais, e imediatamente se há de o invisível revelar, será preenchido o vácuo, animado o que é hoje insensibilidade e inércia.
Poderíamos mesmo possuir sentidos diferentes, por sua estrutura anatômica, modificariam totalmente a natureza de nossas sensações atuais, de modo a nos fazer ouvir as cores e saborear os sons. Bastaria para isso que no lugar e posição da retina um feixe de nervos pudesse ligar o fundo do olho ao ouvido.
Nesse caso ouviríamos o que vemos. Em lugar de contemplar o céu estrelado, perceberíamos a harmonia das esferas, e nem por isso seriam menos exatos os nossos conhecimentos astronômicos. Se os nossos sentidos, em lugar de separados uns dos outros, estivessem reunidos, não possuiríamos mais que um único sentido generalizado, que perceberia ao mesmo tempo os diversos gêneros de fenômenos" (p.47-49).
E continuando com a análise de JUNG (1984):
"Se alguém pensa que uma crença sadia na existência dos arquétipos pode ser inculcada a partir de fora, é tão ingênuo quanto aqueles que querem proscrever a guerra ou a bomba atômica por meios legais. Essas medidas nos lembram aquele bispo que excomungou os besouros de sua diocese porque se haviam multiplicado incovenientemente. A mudança da consciência deve começar dentro de cada um e é um problema que data de séculos e depende, em primeiro lugar, de saber até onde alcança a capacidade de evolução da psique. Tudo o que sabemos hoje é que há indivíduos capazes de se desenvolver. Contudo, o seu número total escapa ao nosso conhecimento, da mesma forma como não sabemos qual seja a força sugestiva de uma consciência ampliada, isto é, não sabemos a influência que ela pode exercer sobre um círculo mais vasto. Efeitos desta espécie jamais dependem da racionalidade de uma idéia, mas bem mais da questão (que só podemos responder ex effectu - depois dos fatos): Uma época está madura ou não para mudança?" (p.159).
BRENNAN, Barbara Ann. Mãos de Luz: Um Guia Para a Cura Através do Campo de Energia Humana, 1ª ed., São Paulo: Ed. Pensamento, 1990.
DENIS, Léon. No Invisível: Espiritismo e Mediunidade, Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1909.
JUNG, C. G. - Tipos Psicológicos, Rio de Janeiro: Vozes,1991.
JUNG, C. G. A Natureza da Psique, Rio de Janeiro: Vozes, 1984.
MELGAÇO DA SILVA, Bernardo. Trabalho e Transformação: A Organização do Trabalho e o Nível de Consciência nas Sociedades Modernas, Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, 1982.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 25/11/2009
“O que significa a não-violência (Ahimsa)? Ela não é simplesmente abster-se de causar dano aos outros; implica também em abster-se de causar dano a si mesmo. Em relação à fala, a pessoa deve examinar se suas palavras causam dor aos outros. Ela deve ver se sua visão não está corrompida com más intenções ou maus pensamentos, e também não deve escutar conversa nociva de nenhuma pessoa. Todas essas coisas causam dano. Portanto, ela deveria cuidar para não dar espaço à má visão, a escutar o mal, à má fala, aos maus pensamentos e às más ações. E como se determina o que é ruim? Consultando sua consciência. Sempre que você age contra os ditames de sua consciência, maus resultados se seguirão.”
Sathya Sai Baba
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 24/11/2009
“Deve-se meditar constantemente no princípio da realidade de Deus e na impermanência do mundo (Brahma Sathyam, Jagath Mithya). Há que evitar-se a companhia de pessoas más e até a amizade demasiada com o bom. O apego dessa natureza o arrastará para longe do caminho a Deus. Abandone o apego ao momentâneo. Uma vez que você alcance essa atitude de não ser afetado (Udaaseenata), você terá paz (Shanti) imperturbável, autocontrole e pureza da mente.”
Sathya Sai Baba
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 23/11/2009
“Os seres humanos não podem compreender o Absoluto sem forma e sem atributos. Os Avatares (Encarnações Divinas) surgem na forma humana para permitir à humanidade experimentar o Sem Forma em uma forma que seja acessível e útil. Um Avatar assume a forma que seja benéfica e dentro do alcance dos seres humanos. Um esforço deve ser feito para entender a natureza da divindade. É somente quando Deus vem na forma humana que os seres humanos podem ter a completa oportunidade de experimentar e desfrutar do Divino.”
Sathya Sai Baba
UM OÁSIS NO DESERTO – MARTHA MEDEIROS
MEDEIROS, Martha. Um Oásis no Deserto, Revista O Globo-RJ, 22 de novembro de 2009, p. 28.
...Cheguei do Marrocos há poucos dias, um país encantador, com uma biodiversidade de tirar o fôlego...tudo estupendo, mas seco. Ainda assim, engolindo areia, fui surpreendida várias vezes por alguns oásis que quebravam o jejum.
...Aterrisei de volta ao Brasil e entre notícias de um apagão inexplicável e de um escândalo mais inexplicável ainda por causa de uma reles minissaia que gerou teses sociológicas, preferi me ater a essa história do garoto saxofonista [ um garoto aparentando ter uns 19 anos resolveu improvisar um pocket show usando uma esquina da cidade como palco: a cada vez que o semáforo fechava, ele se posicionava na frente dos carros e tocava um saxofone por um minuto] que fazia shows de um minuto no agito das ruas, silenciando os buzinaços com sua música. Pensei: também é um oásis.
O que não falta por aí são pessoas com vidas desérticas, pensamentos viciados, gente presa em calabouços e respirando por aparelhos, sem dedicar um minuto, um minutinho que seja por dia, a criar seu próprio oásis. Os nossos podem ser tão numerosos quanto os que eu encontrei naquelas paisagens marroquinas em tons de terracota, em que já não se distingue o que é cor original ou desbotado, uma estética da solidão que tem sua beleza e força, mas que clama por um pouco de oxigênio.
As pessoas dizem que a tecnologia, que deveria servir para agilizar o nosso trabalho e liberar mais tempo para o lazer, está, ao contrário, produzindo ainda mais trabalho e mais estresse. A culpa não é da tecnologia, que, pelo que sei, ainda não tem cérebro, mas de seus usuários, que deveriam pensar mais em vez de entrarem na paranóia de preencher cada hora do seu dia com atividades produtivas, ignorando a produtividade que também há num encontro entre amigos, num cinema, numa caminhada, na audição de um disco, na meditação, num fim de semana longe da cidade, na leitura de um livro, num passeio de bicicleta, num namoro, no desprezo à lógica e no respeito aos acasos. Esses são os verdadeiros oásis, ao contrário dos oásis fabricados, como, por exemplo, restaurantes da moda onde não se come bem nem se ouve ninguém.
O saxofonista no meio da rua nada mais fez do que ofertar à vida opaca um toque de verde.
...Cheguei do Marrocos há poucos dias, um país encantador, com uma biodiversidade de tirar o fôlego...tudo estupendo, mas seco. Ainda assim, engolindo areia, fui surpreendida várias vezes por alguns oásis que quebravam o jejum.
...Aterrisei de volta ao Brasil e entre notícias de um apagão inexplicável e de um escândalo mais inexplicável ainda por causa de uma reles minissaia que gerou teses sociológicas, preferi me ater a essa história do garoto saxofonista [ um garoto aparentando ter uns 19 anos resolveu improvisar um pocket show usando uma esquina da cidade como palco: a cada vez que o semáforo fechava, ele se posicionava na frente dos carros e tocava um saxofone por um minuto] que fazia shows de um minuto no agito das ruas, silenciando os buzinaços com sua música. Pensei: também é um oásis.
O que não falta por aí são pessoas com vidas desérticas, pensamentos viciados, gente presa em calabouços e respirando por aparelhos, sem dedicar um minuto, um minutinho que seja por dia, a criar seu próprio oásis. Os nossos podem ser tão numerosos quanto os que eu encontrei naquelas paisagens marroquinas em tons de terracota, em que já não se distingue o que é cor original ou desbotado, uma estética da solidão que tem sua beleza e força, mas que clama por um pouco de oxigênio.
As pessoas dizem que a tecnologia, que deveria servir para agilizar o nosso trabalho e liberar mais tempo para o lazer, está, ao contrário, produzindo ainda mais trabalho e mais estresse. A culpa não é da tecnologia, que, pelo que sei, ainda não tem cérebro, mas de seus usuários, que deveriam pensar mais em vez de entrarem na paranóia de preencher cada hora do seu dia com atividades produtivas, ignorando a produtividade que também há num encontro entre amigos, num cinema, numa caminhada, na audição de um disco, na meditação, num fim de semana longe da cidade, na leitura de um livro, num passeio de bicicleta, num namoro, no desprezo à lógica e no respeito aos acasos. Esses são os verdadeiros oásis, ao contrário dos oásis fabricados, como, por exemplo, restaurantes da moda onde não se come bem nem se ouve ninguém.
O saxofonista no meio da rua nada mais fez do que ofertar à vida opaca um toque de verde.
domingo, 22 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 22/11/2009
“O propósito da sabedoria é a liberdade. O propósito da cultura é a perfeição. O propósito do conhecimento é o amor. O propósito da educação é o caráter. Há um desejo da parte de todos nós de adquirir essas quatro qualidades, sabedoria, cultura, conhecimento e educação, e atingir seus propósitos, liberdade, perfeição, amor e caráter. Mas os estudantes devem perceber que, se essas qualidades não forem propriamente utilizadas, então eles não podem chamar-se estudantes. Como estudantes e futuros cidadãos,, vocês têm a responsabilidade de formar o futuro deste país. Coloquem seus corações no caminho reto ouvindo atentamente as pessoas de eminência e experiência.”
Sathya Sai Baba
sábado, 21 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 21/11/2009
“O progresso do universo está interligado ao progresso do homem. Qualquer desenvolvimento nos campos científico, econômico e social não será de muita utilidade sem a transformação mental. Como podemos gerar essa transformação? Vigiando as paixões e as emoções. Uma vez que a tensão mental é a mais prejudicial à saúde do ser humano, ele deveria aprender a arte de controlar suas paixões e emoções, que causam tensões e estresses. O homem deveria fazer um esforço sincero para levar uma vida serena e pura. Ele deveria compreender a verdade de que os problemas e os tumultos são temporários, como nuvens passageiras. Não há espaço para as agitações surgirem quando se compreende essa verdade. Aquele que compreende essa verdade não permitirá que sua mente oscile pelos sentimentos de raiva, crueldade etc.”
Sathya Sai Baba
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Albert EINSTEIN:
“O capitalismo suscitou os progressos da produção, mas também os do conhecimento, e não por acaso. O egoísmo e a concorrência continuam infelizmente mais poderosos do que o interesse de todos ou que o senso do dever”(p.97).
“O engenho dos homens nos ofereceu, nos últimos cem anos, tanta coisa que teria podido facilitar uma vida livre e feliz, se o progresso entre os homens se efetuasse ao mesmo tempo que os progressos sobre as coisas. Ora, o laborioso resultado se assemelha, para nossa geração, ao que seria uma navalha para uma criança de três anos. A conquista de fabulosos meios de produção não trouxe a liberdade, mas as angústias e a fome” (p.78).
EINSTEIN, Albert. Como Vejo o Mundo, 3 ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
O CHAMADO QUE VEM DO ESPÍRITO E O ENTARDECER DA VIDA: VIVA A CONSCIÊNCIA ALTERNATIVA!
Todos nós sabemos que um dia teremos que atravessar uma ponte e partir para um outro lugar-consciência-mundo. E ninguém escapa do “trem” que sempre passa nesse nosso mundo familiar e deixa alguns na estação e leva outros para uma travessia numa viagem incomum. Nos acostumamos a aceitar naturalmente que o “trem” passe enquanto estamos em nossas atividades cotidianas automáticas.
É o outro que se vai e não eu! – assim pensa a maioria.
Poucas vezes refletimos sobre o significado desse momento de rompimento com a vida concreta - familiar e social. A dinâmica da vida profissional, ideológica e social não nos dá muitas chances para refletir e sentir.
Na universidade poucas vezes realizamos comentários filosóficos profundos a respeito desses momentos tão incomuns do sol-vida caindo-morrendo no horizonte dos sentidos comuns. Tomamos mais ciência sobre essa questão quando estamos doentes ou diante da perda de um parente ou amigo, ou mesmo diante de uma guerra ou catástrofe inesperada.
Então, nos sensibilizamos da existência da função da morte e do valor da vida, por isso queremos continuar vivos e com saúde (adiando cada vez mais o entardecer da vida) com os nossos membros inteiros e nossos órgãos em perfeito funcionamento mecânico, elétrico e psicológico.
Quando estamos jovens não queremos nem pensar nesse entardecer e decaimento – isso é coisa de velho! – infelizmente pensamos assim.
A cultura do jovem sarado e da juventude moderna, que adora uma aventura e um padrão de comportamento de consumo fácil, cria a ilusão de que a vida é um estado de ânimo e crença na modernidade dos costumes e consumos imediatos e fáceis sem calcular suas conseqüências evolutivas.
Até que chega um dia da prova final e a verdade do Espírito é captada finalmente pelos nossos sentidos e corpos sutis. De repente somos chamados e não conseguimos fingir que não ouvimos o convite. Ele se aproxima e nos diz, através de um verbo-princípio, que só nos realizamos de fato numa nova travessia de uma experiência inédita da consciência alternativa que jamais havíamos se quer imaginado existir. Surge o conflito e o medo na relação metafísica buberiana do Eu-Tu.
No início caimos num vazio da existência e assim perdemos temporariamente a força psicológica que nos prendia à conexão da gravidade racional terrena – ficamos sem rumo! Constatamos surpresos que existe uma outra realidade paralela ao nosso ser – tão invisível e tão próxima!
Como é difícil ver e aceitar esse paradoxo sutil! A morte física é um acontecimento (o outro lado da moeda existencial) e não um fim em si mesmo. Viver em dois mundos – eis o desafio do Espírito na relação com a Alma e o Corpo!
Por que não estamos familiarizados com esse epifenômeno multidimensional?
Porque nos falta sensibilidade fina ou desenvolvida para se despertar e encontrar o Sentido Verdadeiro de Evolução ou Ascensão Ontológica (Metafísica-Espiritual). O hábito da auto-reflexão racional cria um mundo sem os parâmetros sutis e doces da sensibilidade pura e suave.
Charles Chaplin no último discurso do filme O Grande Ditador, nos deixou esta preciosa mensagem de grande sensibilidade:
“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens...levantou no mundo as muralhas do ódio...e tem nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será violência e tudo será perdido”.
Então, nos recordamos da mensagem do poeta e cantor:
“Tenha fé em Deus, Tenha fé na vida.
Tente outra uma vez...
Não diga que a canção está perdida.
Beba pois a água viva está na fonte.
Você tem dois pés para atravessar a ponte.
Há uma voz que canta.
Há uma voz que dança.
Há uma voz que gira bailando no ar.
Basta ser sincero e desejar profundo.
Você será capaz de sacudir o mundo.
...Viva ...viva a Sociedade Alternativa” Raul Seixas
Prof. Bernardo Melgaço da Silva –
Pensamento para o Dia 20/11/2009
“Não há qualidade maior no homem que o amor altruísta, que se expressa no serviço aos outros. Tal amor pode ser a fonte da verdadeira bem-aventurança. A relação entre Karma e Karma Yoga deveria ser adequadamente compreendida. A ação (Karma) feita com apego ou desejo produz a escravidão, enquanto a ação altruísta, desprovida de desejo, se torna o caminho que leva à libertação (Karma Yoga). Nossa vida deveria tornar-se uma Comunhão Divina (Yoga), em vez de uma doença (Roga).”
Sathya Sai Baba
PÉROLAS DE SENSIBILIDADE: EU GOSTAVA TANTO DE VOCÊ (PADRE FÁBIO DE MELO) - TEXTO RECEBIDO PELA INTERNET
Eu acho que a gente vive tão mal, que às vezes a gente precisa perder as pessoas pra descobrir o valor que elas têm. Às vezes as pessoas precisam morrer pra gente saber a importância que elas tinham, e isso aconteceu uma vez na minha vida.
Estava eu na minha casa, de manhã, quando recebi um telefonema dizendo que minha irmã estava morta. Minha irmã mais nova, cheia de vida... de repente não existe mais.
Fico pensando assim, que às vezes, na vida, o ensinamento mais doído seja esse: quando na vida nós já não temos mais a oportunidade de fazer alguma coisa, o inferno talvez seja isso - a impossibilidade de mudar alguma situação. E quando as pessoas morrem, já não há mais o que dizer, porque mortos não podem perdoar, mortos não podem sorrir, mortos não podem amar, nem tão pouco ouvir de nós que os amamos.
Eu me lembro que uma semana antes de minha irmã morrer, ela havia me ligado. Foi a última vez que eu falei com ela, e eu me recordo que naquele dia eu estava apressado, com muita coisa pra fazer, e fiz questão de desligar o telefone rápido. Sabe quando você fala, mas fala na correria, porque você tem muita coisa pra fazer? E foi assim... se eu soubesse que aquela seria a última oportunidade de ver minha irmã, de olhar nos olhos dela, de falar com ela, eu certamente teria esquecido toda a pressa, porque quando a vida é assim, e você sabe que é a ultima oportunidade, você não tem pressa pra mais nada. Já não há mais o que eu fazer, e essa é a beleza da última ceia de Jesus.
Não há pressa, o momento é feito para celebrar, a mística da última ceia está ali, Jesus reúne aqueles que pra ele tinha um valor especial, inclusive o traidor estava lá.
E eu descobrir com isso, com a morte da minha irmã, que eu não tenho o direito de esperar amanhã pra dizer que amo, pra perdoar, para abraçar, dizer que é importante que é especial.
O amanhã eu não sei se existe, mas o agora eu sei que existe, e às vezes, na vida, nos perdemos... Eu me lembro quantas vezes na minha vida de irmão com ela, nós passávamos uma semana sem nos falarmos, porque houve uma briga, uma confusão. A gente se dava o luxo de passar uma semana sem se falar, e hoje eu não tenho mais nem 5 minutos pra conversar com alguém que foi importante, que foi parte de mim.
Não espere as pessoas morrerem, irem embora, não espere o definitivo bater na sua porta. Nós não conhecemos a vida e não sabemos o que virá amanhã. Viva como se fosse o último dia da sua história. Se hoje você tivesse que realizar a sua última ceia, porque é conhecedor que hoje é o último de sua vida, certamente você não teria tempo pra pressa. Você celebraria até o fim, e gostaria de ficar ao lado de quem você ama.
Viver o cristianismo é fazer a dinâmica da última ceia todos os dias. Viva como se fosse o último dia da sua vida; viva como se fosse a última oportunidade de amar quem você ama, de olhar nos olhos de quem pra você é especial.
E depois que minha irmã morreu, um tempo bem passado, eu descobrir porque eu gostava tanto dessa música que vou cantar agora. Ela não fala de um amor que foi embora; o compositor fez para a filha que morreu em um acidente; então, fica muito mais especial cantá-la e descobrir o cristianismo que está no meio das palavras, porque é assim, quando o outro vai embora é que a gente descobre o tamanho do espaço que ele ocupava.
Não sei por que você se foi,
Quantas saudades eu senti,
E de tristezas vou viver,
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou a minha vida
Viveu, morreu
Na minha história;
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...
E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado,
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato.
Não quero ver pra não lembrar,
Pensei até em me mudar...
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...
E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Agora o triste da música é que a gente precisa conjugar o verbo no passado, a pessoa já morreu, já não há mais o que fazer. Mas não tem nenhum sofrimento nessa vida que passe por nós sem deixar nenhum ensinamento...
Tem que nos ensinar, não dá pra sofrer em vão. Alguma coisa a gente tem que extrair...
Extraia o sofrimento e descubra o ensinamento. Se ele algum dia me tocou e me deixou algum ensinamento, eu faço questão de partilhá-lo com você agora. Depois da morte da minha irmã eu faço questão de viver a vida como se fosse o último dia.
Já que o passado é coisa do inferno, e a gente não está no passado, muito menos no inferno, resta a possibilidade de mudar o verbo, de trazê-lo para o presente e de cantá-lo olhando para as pessoas que são especiais. Quem sabe cantando pra ela nesse momento...
Se ela está ao seu lado, se você tem algum amigo que mereça ouvir isso de você, alguém que faz diferença na sua história...
Ao invés de você dizer que gostava, você diz que gosta!
Vamos mudar o verbo! Vamos amar a vida! Vamos amar as pessoas antes que elas vão embora!
E eu...
EU GOSTO TANTO DE VOCÊ! EU GOSTO TANTO DE VOCÊ!
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 19/11/2009
“O que precisamos salvaguardar e proteger atualmente são a Verdade e a Retidão, não a nação. Quando a Verdade e a Retidão forem protegidas, elas protegerão a nação. Portanto, a Retidão deveria ser nutrida em cada lar. Um lar não é um lugar trivial: ele é a morada da Retidão (Dharma), que protege e salvaguarda o país. O lar é o farol que ilumina e sustenta o mundo. As mulheres deveriam compreender que, independentemente de sua educação ou de sua posição, sua obrigação principal é proteger o lar. Onde as mulheres são honradas, há prosperidade e felicidade. As mulheres nunca deveriam ser menosprezadas ou tratadas com desrespeito. Um lar onde uma mulher derrama lágrimas estará privado de toda prosperidade.”
Sathya Sai Baba
terça-feira, 17 de novembro de 2009
OS ENSINAMENTOS DE DON JUAN E CARLOS CASTÃNEDA: OS PONTOS DE AGLUTINAÇÃO E O PODER INTERIOR (PARTE I)
CASTÃNEDA, CARLOS - O Poder do Silêncio: Novos Ensinamentos de Don Juan, Rio de Janeiro: Record, 1988.
obs>: As figuras foram extraídas do livro MÃOS DE LUZ de Barbara Ann Brenam e de algumas revistas da área espiritualista.
“Disse [D.Juan] que nós, como homens comuns, não sabíamos, nem jamais iríamos saber, que havia algo inteiramente real e funcional - nosso elo de ligação com o intento - que nos dava nossa preocupação hereditária com o destino. Assegurou que durante nossas vidas ativas nunca temos a chance de ir além do nível da mera preocupação, porque desde tempos imemoriais a rotina dos afazeres diários nos entorpeceu. É apenas quando nossas vidas quase se encontram para terminar que nossa preocupação com o destino começa a assumir um caráter diferente. Começa a fazer-nos ver através da neblina das ocupações diárias. Infelizmente, esse despertar sempre vem de mãos dadas com a perda da energia causada pelo envelhecimento, quando não temos mais força para transformar nossa preocupação em descoberta pragmática e positiva. Nesse ponto, tudo que é deixado é uma angústia amorfa e penetrante, um desejo por algo indescritível, e simples raiva por ter errado o alvo” (p. 64)
“Segundo ele [D.Juan], os poetas eram profundamente conscientes de nosso elo de ligação com o espírito, mas que essa consciência era intuitiva, não de modo deliberado e pragmático dos feiticeiros.
- Os poetas não têm conhecimento de primeira mão do espírito - continuou .- É por isso que seus poemas não podem realmente atingir o centro dos verdadeiros gestos para o espírito. No entanto, atingem muito perto dele.” (p.65).
“Don Juan explicou que a percepção é o gonzo para tudo que o homem é ou faz, e que essa percepção é governada pela localização do ponto de aglutinação [identifico como sendo os 7 CHAKRAS]. Portanto, se esse ponto muda de posição, a percepção de mundo do homem muda de acordo. O feiticeiro que conhecesse exatamente onde colocar seu ponto de aglutinação podia transformar-se em qualquer coisa que desejasse.
A proficiência do nagual Julian em mover seu ponto de aglutinação era tão magnífica que ele podia realizar as transformações mais sutis - continuou D.Juan. - Quando um feiticeiro se transforma num corvo, por exemplo, esta é definitivamente uma grande realização. Mas isso implica uma vasta e portanto grosseira mudança do ponto de aglutinação. Entretanto, movê-lo para a posição de um homem gordo, ou um homem velho, requer a mudança mínima e o conhecimento mais aguçado da natureza humana” (p.71)
“Don Juan explicou-me que a implacabilidade, esperteza, paciência e docibilidade eram a essência da espreita. Eram o básico que com todas as suas ramificações precisava ser ensinado em passos cuidadosos e meticulosos.
...Salientou repetidas vezes que ensinar a espreitar era uma das coisas mais difíceis que os feiticeiros faziam. E insistiu que não importa quanto eles próprios fizessem para ensinar-me espreitar, e não importa quanto eu acreditasse no contrário, era a impecabilidade que ditava seus atos.
... Don Juan reiterou que um ponto muito importante a considerar era que, para um observador, o comportamento dos feiticeiros podia parecer malicioso, quando na realidade seu comportamento era sempre impecável.
- Como pode saber a diferença, quando está no lado que recebe? - perguntei.
- Atos maliciosos são executados por pessoas pelo ganho pessoal - explicou. - Os feiticeiros, no entanto, têm um propósito ulterior para seus atos, que nada tem a ver com ganho pessoal. O fato de que se divertem com seus atos não conta como ganho. Antes, trata-se de uma condição de seu caráter. O homem comum age apenas se há oportunidade de lucro. Os guerreiros dizem que agem não pelo lucro, mas pelo espírito.
Pensei a respeito. Agir sem considerar ganho era realmente um conceito estranho. Eu fora educado para investir e ter esperança por alguma espécie de retribuição por tudo que fazia.
Don Juan deve ter tomado meu silêncio e compenetração como ceticismo. Riu e olhou para seus dois companheiros.
- Tome a nós quatro, como exemplo - continuou. - Você, você próprio, acredita que está investindo nessa situação e no final irá lucrar com ela. Se ficar bravo conosco, ou se nós o desapontarmos, você pode recorrer a atos maliciosos para tirar sua desforra, pois nós, pelo contrário, não pensamos em ganho pessoal. Nossos atos são ditados pela impecabilidade, não podemos ficar zangados ou desiludidos com você.”(p.90)
“Os feiticeiros têm uma regra básica: dizem que quanto mais profundamente se move o ponto de aglutinação, tanto maior a sensação que um indivíduo tem conhecimento, mas não as palavras para explicá-lo. Ás vezes o ponto de aglutinação de pessoas comuns pode mover-se sem uma causa conhecida e sem eles estarem conscientes disso, exceto que ficam com a língua presa, confusos e evasivos.
Vicente interrompeu e sugeriu que eu ficasse com eles um pouco mais. Don Juan concordou e voltou-se para encarar-me.
_ O primeiríssimo princípio da espreita é que um guerreiro espreita a si mesmo. Espreita a si mesmo implacavelmente, com esperteza, paciência e docilmente.
Eu queria rir, mas ele não me deu tempo. De modo muito sucinto definiu a espreita como a arte de usar o comportamento de maneiras novas para propósitos específicos. Disse que o comportamento humano normal no mundo da vida cotidiana era rotina. Qualquer comportamento que escapava à rotina causava um efeito incomum em nosso ser total. Esse efeito incomum era o que os feiticeiros buscavam, porque era cumulativo.
Explicou que os feiticeiros videntes dos tempos antigos, através de sua visão, primeiro haviam notado que o comportamento incomum produzia um tremor no ponto de aglutinação. Breve descobriram que se o comportamento incomum era praticado sistematicamente e dirigido com sabedoria, forçava no final o movimento do ponto de aglutinação.
O desafio real para aqueles feiticeiros videntes - continuou Don Juan. - era encontrar um sistema de comportamento que não fosse mesquinho nem caprichoso, mas que combinasse a moralidade e o senso de beleza que diferencia os videntes feiticeiros das bruxas comuns.
Parou de falar, e todos olharam para mim como que buscando sinais de fadiga em meus olhos ou rosto.
- Qualquer um que tenha sucesso em mover seu ponto de aglutinação para uma nova posição é um feiticeiro - continuou Don Juan.- E a partir dessa nova posição, pode fazer todos os tipos de coisas boas e más aos seus semelhantes. Ser um feiticeiro, portanto, pode ser o mesmo que ser um sapateiro, ou um padeiro. A causa dos feiticeiros videntes é ir além dessa posição. E para fazê-lo necessitam de moralidade e beleza.
Disse que, para os feiticeiros, a espreita era o alicerce sobre o qual tudo o mais que faziam era construído.” (p.92-93).
“ [Don Juan] : _ O quarto cerne abstrato é o ímpeto total da descida do espírito. O quarto cerne abstrato é um ato de revelação. O espírito revela-se a nós. Os feiticeiros o descrevem como o espírito postado em emboscada e depois baixando sobre nós, sua presa. Os feiticeiros dizem que a descida do espírito é sempre oculta. Acontece, e no entanto parece não ter acontecido de maneira nenhuma.”(p.98)
“_ Há uma passagem que uma vez cruzada não permite regresso. Ordinariamente, desde o momento em que o espírito assalta, passam-se anos antes que o aprendiz atinja essa passagem. Às vezes, entretanto, a passagem é atingida quase que de imediato. O caso do meu benfeitor é um exemplo.
Don Juan disse que todo feiticeiro devia ter uma memória clara dessa passagem de modo que pudesse lembrar do seu novo potencial de percepção. Explicou que não era necessário ser aprendiz de feitiçaria para alcançar essa passagem, e que a única diferença entre um homem comum e um feiticeiro, em tais casos, é o que cada um enfatiza. Um feiticeiro enfatiza o cruzamento dessa passagem e usa a lembrança do fato como ponto de referência. Um homem comum não atravessa a passagem e faz o máximo para esquecer tudo a seu respeito.“(pp.98-99)
[Don Juan]: “_ Os feiticeiros dizem que o quarto cerne abstrato ocorre quando o espírito corta nossas cadeias de auto-reflexão. Cortar nossas cadeias é maravilhoso, mas também muito indesejável, pois ninguém deseja ser livre”(p.99)
[Don Juan]: _ Que sensação estranha: perceber que tudo que pensamos, tudo que dizemos depende da posição do ponto de aglutinação - comentou.”(p.99)
[Don Juan]: Sei que nesse momento seu ponto de aglutinação moveu-se e que você compreendeu o segredo de nossas correntes. Elas nos aprisionam, mas mantendo-nos pregados em nosso confortável ponto de auto-reflexão, defendem-nos dos assaltos do desconhecido.
...Uma vez que nossas correntes são cortadas - continuou Don Juan -, não estamos mais presos pelas preocupações do mundo cotidiano. Permanecemos num mundo cotidiano, mas não pertencemos mais a ele. Para isso ocorrer, devemos partilhar das preocupações das pessoas, e sem correntes não conseguimos.
Don Juan contou que o nagual Elias explicara-lhe que o que distingue pessoas normais é que partilhamos de um punhal metafórico. As preocupações de nossa auto-reflexão. Com esse punhal, cortamo-nos e sangramos; e o trabalho de nossas cadeias de auto-reflexão é proporcionar-nos a sensação de que estamos sangrando juntos, que estamos partilhando de algo maravilhoso: nossa humanidade. Mas se fôssemos examiná-lo, iríamos descobrir que sangramos sozinhos; que não estamos partilhando nada; que tudo o que estamos fazendo é brincar com nossa reflexão, manipulável e irreal, feita pelo homem.
_ Os feiticeiros não se encontram mais no mundo dos afazeres diários - continuou Don Juan - porque não são mais presa de sua auto-reflexão”(p.100)
“Ouvi [Castãneda] seus pensamentos como se fossem minhas próprias palavras, enunciadas para mim mesmo.
Senti um comando que não estava expresso em pensamento. Algo coordenou-me a olhar de novo para a pradaria.
Quando olhei para a maravilhosa paisagem, filamentos de luz começaram a radiar de tudo, naquela pradaria. No início foi como uma explosão de um número infinito de fibras curtas, depois as fibras se tornaram longos feixes filamentosos de luminosidade reunidos em faixas de luz vibrante que alcançaram o infinito. De fato não havia modo de extrair o sentido do que estava vendo, ou de descrevê-lo, exceto como filamentos de luz vibratória. Os filamentos não estavam misturados ou entrelaçados. Entretanto saltavam e continuavam a saltar, em todas as direções, e cada um era separado, embora todos estivessem inexplicavelmente enfeixados.
obs>: As figuras foram extraídas do livro MÃOS DE LUZ de Barbara Ann Brenam e de algumas revistas da área espiritualista.
“Disse [D.Juan] que nós, como homens comuns, não sabíamos, nem jamais iríamos saber, que havia algo inteiramente real e funcional - nosso elo de ligação com o intento - que nos dava nossa preocupação hereditária com o destino. Assegurou que durante nossas vidas ativas nunca temos a chance de ir além do nível da mera preocupação, porque desde tempos imemoriais a rotina dos afazeres diários nos entorpeceu. É apenas quando nossas vidas quase se encontram para terminar que nossa preocupação com o destino começa a assumir um caráter diferente. Começa a fazer-nos ver através da neblina das ocupações diárias. Infelizmente, esse despertar sempre vem de mãos dadas com a perda da energia causada pelo envelhecimento, quando não temos mais força para transformar nossa preocupação em descoberta pragmática e positiva. Nesse ponto, tudo que é deixado é uma angústia amorfa e penetrante, um desejo por algo indescritível, e simples raiva por ter errado o alvo” (p. 64)
“Segundo ele [D.Juan], os poetas eram profundamente conscientes de nosso elo de ligação com o espírito, mas que essa consciência era intuitiva, não de modo deliberado e pragmático dos feiticeiros.
- Os poetas não têm conhecimento de primeira mão do espírito - continuou .- É por isso que seus poemas não podem realmente atingir o centro dos verdadeiros gestos para o espírito. No entanto, atingem muito perto dele.” (p.65).
“Don Juan explicou que a percepção é o gonzo para tudo que o homem é ou faz, e que essa percepção é governada pela localização do ponto de aglutinação [identifico como sendo os 7 CHAKRAS]. Portanto, se esse ponto muda de posição, a percepção de mundo do homem muda de acordo. O feiticeiro que conhecesse exatamente onde colocar seu ponto de aglutinação podia transformar-se em qualquer coisa que desejasse.
A proficiência do nagual Julian em mover seu ponto de aglutinação era tão magnífica que ele podia realizar as transformações mais sutis - continuou D.Juan. - Quando um feiticeiro se transforma num corvo, por exemplo, esta é definitivamente uma grande realização. Mas isso implica uma vasta e portanto grosseira mudança do ponto de aglutinação. Entretanto, movê-lo para a posição de um homem gordo, ou um homem velho, requer a mudança mínima e o conhecimento mais aguçado da natureza humana” (p.71)
“Don Juan explicou-me que a implacabilidade, esperteza, paciência e docibilidade eram a essência da espreita. Eram o básico que com todas as suas ramificações precisava ser ensinado em passos cuidadosos e meticulosos.
...Salientou repetidas vezes que ensinar a espreitar era uma das coisas mais difíceis que os feiticeiros faziam. E insistiu que não importa quanto eles próprios fizessem para ensinar-me espreitar, e não importa quanto eu acreditasse no contrário, era a impecabilidade que ditava seus atos.
... Don Juan reiterou que um ponto muito importante a considerar era que, para um observador, o comportamento dos feiticeiros podia parecer malicioso, quando na realidade seu comportamento era sempre impecável.
- Como pode saber a diferença, quando está no lado que recebe? - perguntei.
- Atos maliciosos são executados por pessoas pelo ganho pessoal - explicou. - Os feiticeiros, no entanto, têm um propósito ulterior para seus atos, que nada tem a ver com ganho pessoal. O fato de que se divertem com seus atos não conta como ganho. Antes, trata-se de uma condição de seu caráter. O homem comum age apenas se há oportunidade de lucro. Os guerreiros dizem que agem não pelo lucro, mas pelo espírito.
Pensei a respeito. Agir sem considerar ganho era realmente um conceito estranho. Eu fora educado para investir e ter esperança por alguma espécie de retribuição por tudo que fazia.
Don Juan deve ter tomado meu silêncio e compenetração como ceticismo. Riu e olhou para seus dois companheiros.
- Tome a nós quatro, como exemplo - continuou. - Você, você próprio, acredita que está investindo nessa situação e no final irá lucrar com ela. Se ficar bravo conosco, ou se nós o desapontarmos, você pode recorrer a atos maliciosos para tirar sua desforra, pois nós, pelo contrário, não pensamos em ganho pessoal. Nossos atos são ditados pela impecabilidade, não podemos ficar zangados ou desiludidos com você.”(p.90)
“Os feiticeiros têm uma regra básica: dizem que quanto mais profundamente se move o ponto de aglutinação, tanto maior a sensação que um indivíduo tem conhecimento, mas não as palavras para explicá-lo. Ás vezes o ponto de aglutinação de pessoas comuns pode mover-se sem uma causa conhecida e sem eles estarem conscientes disso, exceto que ficam com a língua presa, confusos e evasivos.
Vicente interrompeu e sugeriu que eu ficasse com eles um pouco mais. Don Juan concordou e voltou-se para encarar-me.
_ O primeiríssimo princípio da espreita é que um guerreiro espreita a si mesmo. Espreita a si mesmo implacavelmente, com esperteza, paciência e docilmente.
Eu queria rir, mas ele não me deu tempo. De modo muito sucinto definiu a espreita como a arte de usar o comportamento de maneiras novas para propósitos específicos. Disse que o comportamento humano normal no mundo da vida cotidiana era rotina. Qualquer comportamento que escapava à rotina causava um efeito incomum em nosso ser total. Esse efeito incomum era o que os feiticeiros buscavam, porque era cumulativo.
Explicou que os feiticeiros videntes dos tempos antigos, através de sua visão, primeiro haviam notado que o comportamento incomum produzia um tremor no ponto de aglutinação. Breve descobriram que se o comportamento incomum era praticado sistematicamente e dirigido com sabedoria, forçava no final o movimento do ponto de aglutinação.
O desafio real para aqueles feiticeiros videntes - continuou Don Juan. - era encontrar um sistema de comportamento que não fosse mesquinho nem caprichoso, mas que combinasse a moralidade e o senso de beleza que diferencia os videntes feiticeiros das bruxas comuns.
Parou de falar, e todos olharam para mim como que buscando sinais de fadiga em meus olhos ou rosto.
- Qualquer um que tenha sucesso em mover seu ponto de aglutinação para uma nova posição é um feiticeiro - continuou Don Juan.- E a partir dessa nova posição, pode fazer todos os tipos de coisas boas e más aos seus semelhantes. Ser um feiticeiro, portanto, pode ser o mesmo que ser um sapateiro, ou um padeiro. A causa dos feiticeiros videntes é ir além dessa posição. E para fazê-lo necessitam de moralidade e beleza.
Disse que, para os feiticeiros, a espreita era o alicerce sobre o qual tudo o mais que faziam era construído.” (p.92-93).
“ [Don Juan] : _ O quarto cerne abstrato é o ímpeto total da descida do espírito. O quarto cerne abstrato é um ato de revelação. O espírito revela-se a nós. Os feiticeiros o descrevem como o espírito postado em emboscada e depois baixando sobre nós, sua presa. Os feiticeiros dizem que a descida do espírito é sempre oculta. Acontece, e no entanto parece não ter acontecido de maneira nenhuma.”(p.98)
“_ Há uma passagem que uma vez cruzada não permite regresso. Ordinariamente, desde o momento em que o espírito assalta, passam-se anos antes que o aprendiz atinja essa passagem. Às vezes, entretanto, a passagem é atingida quase que de imediato. O caso do meu benfeitor é um exemplo.
Don Juan disse que todo feiticeiro devia ter uma memória clara dessa passagem de modo que pudesse lembrar do seu novo potencial de percepção. Explicou que não era necessário ser aprendiz de feitiçaria para alcançar essa passagem, e que a única diferença entre um homem comum e um feiticeiro, em tais casos, é o que cada um enfatiza. Um feiticeiro enfatiza o cruzamento dessa passagem e usa a lembrança do fato como ponto de referência. Um homem comum não atravessa a passagem e faz o máximo para esquecer tudo a seu respeito.“(pp.98-99)
[Don Juan]: “_ Os feiticeiros dizem que o quarto cerne abstrato ocorre quando o espírito corta nossas cadeias de auto-reflexão. Cortar nossas cadeias é maravilhoso, mas também muito indesejável, pois ninguém deseja ser livre”(p.99)
[Don Juan]: _ Que sensação estranha: perceber que tudo que pensamos, tudo que dizemos depende da posição do ponto de aglutinação - comentou.”(p.99)
[Don Juan]: Sei que nesse momento seu ponto de aglutinação moveu-se e que você compreendeu o segredo de nossas correntes. Elas nos aprisionam, mas mantendo-nos pregados em nosso confortável ponto de auto-reflexão, defendem-nos dos assaltos do desconhecido.
...Uma vez que nossas correntes são cortadas - continuou Don Juan -, não estamos mais presos pelas preocupações do mundo cotidiano. Permanecemos num mundo cotidiano, mas não pertencemos mais a ele. Para isso ocorrer, devemos partilhar das preocupações das pessoas, e sem correntes não conseguimos.
Don Juan contou que o nagual Elias explicara-lhe que o que distingue pessoas normais é que partilhamos de um punhal metafórico. As preocupações de nossa auto-reflexão. Com esse punhal, cortamo-nos e sangramos; e o trabalho de nossas cadeias de auto-reflexão é proporcionar-nos a sensação de que estamos sangrando juntos, que estamos partilhando de algo maravilhoso: nossa humanidade. Mas se fôssemos examiná-lo, iríamos descobrir que sangramos sozinhos; que não estamos partilhando nada; que tudo o que estamos fazendo é brincar com nossa reflexão, manipulável e irreal, feita pelo homem.
_ Os feiticeiros não se encontram mais no mundo dos afazeres diários - continuou Don Juan - porque não são mais presa de sua auto-reflexão”(p.100)
“Ouvi [Castãneda] seus pensamentos como se fossem minhas próprias palavras, enunciadas para mim mesmo.
Senti um comando que não estava expresso em pensamento. Algo coordenou-me a olhar de novo para a pradaria.
Quando olhei para a maravilhosa paisagem, filamentos de luz começaram a radiar de tudo, naquela pradaria. No início foi como uma explosão de um número infinito de fibras curtas, depois as fibras se tornaram longos feixes filamentosos de luminosidade reunidos em faixas de luz vibrante que alcançaram o infinito. De fato não havia modo de extrair o sentido do que estava vendo, ou de descrevê-lo, exceto como filamentos de luz vibratória. Os filamentos não estavam misturados ou entrelaçados. Entretanto saltavam e continuavam a saltar, em todas as direções, e cada um era separado, embora todos estivessem inexplicavelmente enfeixados.
Pensamento para o Dia 17/11/2009
“Nesta vida mundana o amor se manifesta de várias formas, como o amor entre mãe e filho, marido e esposa e entre parentes. Esse amor baseado em relações físicas provém de motivos egoístas e de interesse próprio. Mas o amor pelo Divino é destituído de qualquer traço de egoísmo. É o amor somente por causa do amor. Isso é chamado devoção (Bhakti). Uma característica desse amor é dar e não receber. Em segundo lugar, o amor não reconhece qualquer medo. Em terceiro lugar, é somente por causa do amor e não por um motivo egoísta. Todos esses três ângulos do amor significam, em conjunto, Rendição (Prapatthi). Quando alguém se deleita nessa atitude de Rendição, ele experimenta a bem-aventurança do Divino.”
Sathya Sai Baba
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“O sândalo libera cada vez mais fragrância à medida que é continuamente moído. A cana-de-açúcar libera o suco à medida que é mais e mais mastigada. O ouro fica puro quando é derretido no fogo. Do mesmo modo, um verdadeiro devoto não vacilará em seu amor por Deus mesmo quando enfrenta problemas e obstáculos em sua vida. Deus testa Seus devotos somente para levá-los a um nível mais elevado na escada espiritual.”
Sathya Sai Baba
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 16/11/2009
“Somente seguindo o caminho do amor você pode experimentar a bem-aventurança. Assim como apenas ler os nomes dos pratos não pode aplacar sua fome, assim também você não poderá desfrutar a doçura da vida e ser feliz a não ser que fale palavras doces e realize ações sagradas. Todos vocês são filhos da imortalidade e encarnações da bem-aventurança. É porque você emergiu da bem-aventurança que procura retornar à Fonte: a bem-aventurança. Assim como um peixe nascido na água não pode viver fora dela, o homem também sempre anseia pela felicidade, onde quer que ele esteja e o que quer que faça. O homem fica inquieto até retornar à bem-aventurança de onde emergiu. A bem-aventurança verdadeira não é encontrada neste mundo. Mantenha sua mente sempre em Deus – somente então você terá paz e felicidade.”
Sathya Sai Baba
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“Desapego, fé e amor – esses são os pilares sobre os quais a paz assenta. Desses, a fé é decisiva, pois sem ela toda a disciplina espiritual é inútil. Somente o desapego pode tornar efetiva a disciplina espiritual; o amor é o que conduz a pessoa rapidamente a Deus. A fé nutre a agonia da separação de Deus, o desapego a canaliza ao longo do caminho de Deus, e o amor ilumina o caminho. Deus lhe concederá o que você precisa e merece; não há necessidade de pedir e nem razão para se queixar. Esteja contente. Nada pode ocorrer contra Sua vontade.”
Sathya Sai Baba
sábado, 14 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 14/11/2009
“Quem é você? O Atma. De onde você veio? Do Atma. Para onde você vai indo? Ao Atma. Quanto tempo você estará aqui? Enquanto estiver envolvido em buscas sensuais. Onde você está? No mundo irreal e mutável. Em que forma? Como aquele que não é o Atma (Anatma). Em que você está interessado? Em tarefas efêmeras. Portanto, o que você deveria fazer daqui por diante? Abandonar tais tarefas efêmeras e esforçar-se em fundir-se ao Atma.”
Sathya Sai Baba
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
O APAGÃO MATERIAL E ESPIRITUAL
Acredito que a vida guarda uma simetria e semelhança cosmológica e ontológica. Um mundo de fenômenos sutis e invisíveis acontece paralelo ao nosso mundo de fenômenos concretos e visíveis. E muitas das vezes não percebemos, ou seja, não vemos porque não temos ainda sensibilidade para tal. Quantos de nós já se deu conta de uma fonte de luz importante que existe interiormente desligada de nossa consciência? Uma multidão vive num apagão psicológico-espiritual! E por causa disso, não consegue ver e caminhar de forma consciente pelas avenidas, estradas, becos e ruas escuras ou mal iluminadas da realidade. É um transtorno individual e coletivo psico-espiritual. O apagão material é fácil de se perceber imediatamente porque pode ser observado no instante em que acontece. Os sinais estão no contexto social e energético em que vivemos, e dependemos dessa energia que nos é familiar. É o gás que falta; é a lâmpada que não acende; é o televisor que não funciona; é o computador que não liga etc. Nos identificamos com essa energia-tecnologia e pagamos pelo seu uso. E quando tudo deixa de funcionar de uma vez só percebemos que foi um apagão, algo que aconteceu de forma geral em quase todos os lugares em que habitamos e convivemos. E logo queremos uma explicação racional dos motivos ou causas que fizeram acontecer o apagão indesejável. No apagão mais recente as autoridades alegaram interferência atmosférica: um raio atingiu um ponto crucial da malha de distribuição elétrica!!! (????) Outros por sua vez dirão que tem algo mais que não querem trazer à luz os fatos verdadeiros: falta de investimento no setor de gestão da mega-rede elétrica interligada. E assim, comissões de políticos se formam para debater e cobrar uma verdade mais convincente e real. Todos querem a verdade sobre o apagão material! Pois, o prejuízo material-econômico é imenso: perdas de produção na indústria, acidentes nas estradas e cruzamentos, assaltos, cirurgias que são afetadas, indivíduos que sofrem por falha de instrumentos que garantem a sua sobrevivência, bancos que não permitem a retirada do dinheiro etc. O caos!
E o apagão espiritual? Os sinais dele estão no comportamento dos indivíduos em suas atitudes cotidianas. É o consumo de drogas em geral; a violência gratuita; a banalização da vida; o desrespeito aos valores fundamentais-sagrados; a desigualdade e injustiça social; a riqueza concentrada nas mãos de poucos; os muros e cercas que isolam consciências e acirram disputas por mercados ou poder (político ou econômico) ; a corrupção como cultura do mais “esperto” do que o outro; a exploração do trabalho socialmente necessário em detrimento do trabalho espiritual (pessoalmente imprescindível); a massificação de propagandas persuasivas negando ou retirando a oportunidade do outro pensar, decidir e agir por sua própria consciência; a tecnologia que serve para escravizar a mente humana; a aceleração do ritmo de produção e consumo ad infinitum; a destruição e poluição do ecossistema; a exploração dos recursos naturais de forma desequilibrada e desenfreada; a perda da idéia primeira da hierarquia dos processos sutis internos e externos da natureza. É, portanto, a alienação de uma civilização dita “moderna” que mais exclui do que inclui. É a miséria interior em cada um de nós. Pois, 2/3 da humanidade não tem a oportunidade de viver dignamente como seres humanos normais. Uma boa parte da nossa população vive como animal defendendo sua propriedade e ganho material-econômico com unhas e dentes enquanto ao lado alguém sofre e precisa de uma ajuda solidária: uma palavra amiga, um pedaço de chão irmão, um prato de comida saudável, uma oportunidade de trabalho justo etc.
O apagão espiritual é, portanto, a ausência de uma consciência solidária, amorosa e holística. Infelizmente o apagão espiritual continuará porque ainda só enxergamos o apagão material-econômico. Todo nosso viver é para assegurar a luz dos valores materiais-econômicos. Enquanto isso, o caos da escuridão interior ocorre ferozmente destruindo psiques e consciências em desenvolvimento. Nossa civilização está se desabando e escurecendo por falta de luz-consciência-de-si. Hoje, precisamos mais de luz-ontologia do que de luz-tecnologia; mais de homens conscientes do que animais racionais; mais gentileza no agir do que retórica no discursar; mais verdades profundas do que conhecimentos que não falam a língua do Espírito que habita o mundo interior humano. Falta, portanto, a presença de uma super-consciência universal, holística, ética, equilibrada e fraterna em cada mundo individual humano. Sem isso, poderemos até iluminar o planeta todo com luz eletromagnética, mas com certeza escureceremos o mundo interior fazendo com que deixemos de enxergar a fonte de todas as energias e verdades.
Infelizmente nos tornaremos cada vez mais cercados de escuridão, destruição, ignorância de si e infelicidade!
Bernardo Melgaço da Silva
Pensamento para o Dia 13/11/2009
“Abandonar o pequeno “eu” é o que realmente significa renúncia. Isso quer dizer: sublimar cada pensamento, palavra e ação em uma oferta a Deus, saturando todos os atos com intenção Divina. Cultivar o amor é a melhor disciplina espiritual. O amor se dá eternamente e nunca pede algo em troca. Derrame amor sobre os outros e você receberá de volta. Pare de compartilhar o amor e não haverá nada mais para compartilhar. O amor prospera com a renúncia; de fato, eles são inseparáveis.”
Sathya Sai Baba
MUROS & PONTES – POR JOSÉ FLÁVIO VIEIRA
(http://cariricaturas.blogspot.com/ - 13/11/2009)
Não terá sido, certamente, por mero acaso que se considera a Grande muralha da China , por consenso, a maior obra da engenharia humana. Os seus mais de 8000 kilometros, construídos por mais de quinze séculos, além de ser a única construção humana visível do espaço sideral, credenciam-na a este posto. Acredito, no entanto, que existe, como em tudo neste mundo, uma razão subjacente, para tamanho encantamento. A humanidade é fascinada por muralhas. Desde o Gênesis, quando nossos ascendentes primevos – Adão e Eva—foram escorraçados “para fora dos jardins do Éden” , subentende-se que alguma fronteira existia entre o paraíso e o resto do terra: quem sabe uma muralha? A queda de Tróia pressupôs um drible nas suas muralhas através das peripécias de um Cavalo oco, atapetado de guerreiros no seu bojo. O crescimento das nossas antigas civilizações aconteceram pela a construção de fortes, muros , cercas, com o objetivo claro de protegê-las contra o ataque dos inimigos. Um Muro, também, - o “das Lamentações—é o lugar mais sagrado dos judeus, nos dias de hoje. O desenvolvimento da Sociedade Feudal e depois Capitalista erigiu o muro como seu tótem: o símbolo da propriedade privada. Após a Ia. Grande Guerra, a França criou também a sua muralhinha na Fronteira entre ela, a Itália e a Alemanha: a Linha Maginot. A Guerra da Coréia criou um muro virtual : o Paralelo 38. Mesmo com o advento do comunismo, nos primórdios do Século XX, o muro continuou plenamente em voga, basta lembrar a Construção do mais famoso deles, o de Berlim, em 1961. A queda do de Berlim , em 09/11/89, há exatos vinte anos, não cessou a construção de muitos outros muros . Os Estados Unidos erigiram um imenso na sua fronteira com o México na tentativa desesperada de impedir a entrada de migrantes hispânicos. Israel elevou em 2002, na Cisjordânia, um outro muro com o fito de afastá-la dos palestinos. Nos tempos atuais, as grandes cidades dividem-se entre os criminosos presos por trás dos muros das prisões e o resto da humanidade presa atrás de muros altíssimos construídos ao redor de suas residências. Os maiores conflitos mundiais entre nações e entre pessoas encontram-se centrados em limites de fronteiras: até onde vai o meu muro e onde começa o seu ? O adolescente, na esquina, se pergunta : deve ou não usar um muro plástico ( a camisinha) , na tentativa de evitar a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis ? Existem ainda as paredes que construímos sem nenhuma argamassa: intuitivamente cada um dos nós delimita um espaço. Até aqui é meu, até aqui é seu : no ônibus, na rua, no trabalho, na escola, em casa. Sem falar nas imensas paredes que erguemos ,psicologicamente, entre nós mesmos e as outras pessoas: inimizades, picuinhas, despeito, inveja, competição. A raiz da intolerância no mundo encontra-se no soerguimento paulatino de muitas barreiras : ideológicas, religiosas, culturais, étnicas, econômicas.
A queda do Muro de Berlim, há vinte anos, representa muito mais que o esfacelamento de uma ideologia, de uma outra maneira fechada e maniqueísta de interpretar o mundo. O Muro talvez seja o maior símbolo histórico da humanidade. A respiração do planeta depende da queda de infinitas muralhas construídas física, virtual e psicologicamente ao longo de toda nossa história. O futuro depende da nossa capacidade de fabricar pontes, passarelas, no lugar de muros e cercas. Quando levantamos uma fortaleza , nem percebemos, mas na outra sala, simultaneamente, já começamos a confeccionar o nosso próprio Cavalo de Tróia.
J. Flávio Vieira
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Pensamento para o Dia 12/11/2009
“A atitude correta de um devoto deveria ser de uma total rendição. Como um devoto declarou, ‘Estou lhe oferecendo o coração que Você me deu. Não tenho nada que possa chamar de meu, pois tudo pertence a Você. Eu Lhe ofereço o que é Seu.’ Enquanto este espírito de entrega não for desenvolvido, o homem terá que nascer repetidas vezes. Deve-se oferecer o próprio coração ao Divino e não se contentar em oferecer apenas flores e frutos.”
Sathya Sai Baba
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
YUNG E A PERCEPÇÃO DO REAL
"O ideal e objetivo da ciência não consistem em dar uma descrição, a mais exata possível, dos fatos - a ciência não pode competir com a câmara fotográfica ou com o gravador de som - mas em estabelecer a lei que nada mais é do que a expressão abreviada de processos múltiplos que, no entanto, mantêm certa unidade. Este objetivo se sobrepõe, por intermédio da concepção, ao puramente empírico, mas será sempre, apesar de sua validade geral e comprovada, um produto da constelação psicológica subjetiva do pesquisador. Na elaboração de teorias e conceitos científicos há muita coisa de sorte pessoal. Há também uma equação pessoal psicológica e não apenas psicofísica. Enxergamos cores, mas não o comprimento das ondas. Esta realidade bem conhecida deve ser levada em conta na psicologia, mais do que em qualquer outro campo. O efeito dessa equação pessoal já começa na observação. Vemos aquilo que melhor podemos ver a partir de nós mesmos. Assim, vemos, em primeiro lugar, o cisco no olho do irmão. Sem dúvida o cisco está lá, mas a trave está no nosso olho - e pertubará de certa forma o ato de ver. Desconfio do princípio da "pura observação" na assim chamada psicologia objetiva, a não ser que nos limitemos á lente do cronoscópio, taquistoscópio e outros aparelhos "psicológicos". Assim nos garantimos também contra uma demasia exploração dos fatos psicológicos da experiência. Esta equação pessoal psicológica aparece mais ainda guando se trata de expor ou comunicar o que se observou, sem falar da concepção e abstração do material experimental. Em parte alguma, como no campo da psicologia, é exigência absolutamente básica que o observador e pesquisador sejam adequados a seu objeto, no sentido de serem capazes de ver uma e outra coisa. Exigir que só se olhe objetivamente nem entra em cogitação, pois isto é demais. O fato de a observação e a interpretação subjetivas concordarem com os fatos objetivos prova a verdade da concepção apenas na medida em que esta última não pretenda ser válida em geral, mas tão-somente para aquela área do objeto que está sendo considerada. Nesse sentido, é exatamente a trave no nosso próprio olho que nos possibilita ver o cisco no olho do irmão. E nesse caso a trave no nosso olho não prova que o irmão não tenha um cisco no seu olho, como ficou dito. Mas a pertubação de nossa visão leva facilmente a uma teoria geral de que todos os ciscos são traves. Reconhecer e levar em consideração o condicionamento subjetivo dos conhecimentos em geral e dos conhecimentos psicológicos em particular é a condição essencial e correta de uma psique diferente da do sujeito que observa. Esta condição só será satisfeita quando o observador estiver suficientemente informado sobre a extensão e a natureza de sua própria personalidade. E só poderá estar suficientemente informado quando se tiver libertado da influência niveladora das opiniões coletivas e, assim, tiver chegado a uma concepção clara de sua própria individualidade" (p.25-27).
terça-feira, 10 de novembro de 2009
ÉTICA - MAURÍCIO C. DELAMARO
PARTE DA TESE DE DOUTORADO DEFENDIDA, EM 1997 NA COPPE/UFRJ, POR MAURÍCIO CÉSAR DELAMARO:
“Numa primeira aproximação, digo que a Ética surge como ciência do ethos. Ou, como saber racional sobre o ethos. Nela está presente a centralidade do logos discursivo.
Para Aristóteles - que, seguindo Sócrates e Platão, se propõe a constituir a Ética com um estatuto de saber autônomo - a existência do ethos é indiscutível. O ethos se apresenta, primeiramente, como “costume, esquema praxeológico durável, estilo de vida e ação”. Neste sentido, ethos é morada do homem. Torna o mundo habitável, pois rompe com o reino da natureza ou physis - caracterizado pela regularidade e onde impera a necessidade - para abri-lo ao reino da liberdade, onde imperam os costumes, os hábitos, as normas, os interditos, os valores e as ações significantes. O ethos é “morada a partir da qual a realidade se descobre como dotada de significação e valor”. A sua característica de durabilidade não significa que o ethos em tanto que espaço existencial humano possa vir a ser, em qualquer tempo, uma morada pronta e acabada. Cabe ao homem, incessantemente, reconstruí-la.
Num segundo sentido, ethos diz respeito aos hábitos apreendidos pelo sujeito singular, graças à repetição. O ethos, aqui, manifesta-se como constância no agir que se contrapõe aos impulsos do desejo e das paixões. A constância, adquirida pela repetição dos mesmos atos, não advém do reino da necessidade que é a physis, mas, sim, do ethos, em tanto que costume.
Uma questão fundamental. O ethos como costume, estilo de vida e ação; enfim, como morada; embora construído e incessantemente reconstruído, não é pura invenção e criação da arbitrariedade humana. Ele é o espaço, por excelência, onde se manifesta o finalismo do Bem. É um espaço teleológico. É na morada do ethos “que o logos torna-se compreensão e expressão do ser do homem como exigência radical do dever ser ou do Bem”. O ethos, então, não é pura e simplesmente construção do homem tal qual ele se apresente, casuisticamente, nas diversas épocas histórico-culturais; é, antes, espaço de auto-construção do homem segundo uma finalidade que é sua: o Bem.
A articulação entre ethos como morada e ethos como hábito pode, então, aparecer. O primeiro é o conjunto de princípios, normas e estilos que plasmam o segundo. Quando a praxis humana - não acidental, mas regida pela constância do hábito - está conforme ao ethos como morada - ela pode ser chamada ética. E o hábito, aí, é virtude.
Esses dois momentos do ethos é que possibilitam Platão a edificar a ciência do ethos não apenas como ciência da Justiça e do Bem, mas, também, como ciência da ação boa e justa, que é ação segundo o hábito que é virtude. É justamente a ação humana - que, repito, é o percurso entre o que o agente é e o que o agente tende a ser, segundo o finalismo da ação - que representa a instância mediadora entre a universalidade abstrata do ethos como costume e a universalidade singularizada do agente no ethos como hábito.
A concepção do ethos como espaço teleologicamente orientado para o Bem - ou “como a face da cultura que se volta para o horizonte do dever-ser ou do Bem” - é congruente com a formulação de uma ciência do ethos como ciência do Bem. Mas, para tanto, a Ética deferia ser fundada sobre um tipo de conhecimento ou saber absolutamente primeiro: uma ontologia. Ela depende da possibilidade de se chegar ao conhecimento do logos do ser, a uma arqué panton - um princípio de tudo -, um Absoluto transcendente, eterno, imutável. A forma de se chegar a tal conhecimento seria a contemplação, ou teoria. Então - entendendo teoria como era entendida por Platão e Aristóteles, ou seja, como contemplação do Absoluto - podemos perceber a Ética como instância mediadora entre a teoria e a praxis.
A teoria e a praxis expressam dois modos do homem ser, com posturas específicas frente ao mundo. A teoria está “voltada para as coisas, aliás, em última análise, para aquilo que, nas coisas, (é) imutável, eterno, divino. Ela pretende articular um saber apodíctico da ordem universal de todas as coisas em suas estruturas essenciais. Através desse saber, o homem entrava em sintonia com a harmonia da ordem cósmica e se assemelhava ao ser divino, pensando como contemplação pura”. A praxis, em contrapartida, refere-se à ordem do contingente e do condicionado: aos modos concretos de viver institucionalizados na convivência dos homens através dos costumes e estilos que regulam e sustentam as formas concretas de ser homem. No entanto, é dentro desse mundo condicionado que está em jogo a conquista da humanidade do homem: a praxis é “ação através de que o homem se faz homem, isto é, através de que suas potencialidades se atualizam e ele conquista seu ser,(...) é a ação dos homens na busca de si mesmos, e o realizar-se do homem na ação pela mediação da ação, é, em última análise, auto-construção do homem segundo a ordem cósmica universal”. E, como a teoria tematizava a ordem universal, perante a qual o homem situa sua ação, o papel primeiro da Ética como ciência era o de oferecer ao saber prático os pressupostos gerais da ação, sempre adequados à teoria.
Eis, aqui, o porquê da Ética não ser pura e simplesmente a codificação racional do ethos histórico vivido por uma comunidade. Mais que codificadora, ela tem um papel de crítica, de reforma, de atualização e revigoramento dos costumes e instituições vigentes em determinado momento histórico, pois que busca adequá-los aos pressupostos gerais advindos das intuições da teoria e, em suma, do Absoluto eterno, a-histórico, transcendente.
Faço notar, ainda, que o fundamento primeiro - o Absoluto, que é origem de tudo, princípio absoluto, causa inicial - é também causa final ou objetivo último da vida humana. Tal concepção foi trabalhada filosoficamente de distintas formas na história do ocidente, mas permaneceu uma constante em diversas de nossas modernidades. Por exemplo, o Bem platônico, a Natureza aristotélica e o Deus cristão são, ao mesmo tempo, causa inicial e final. A busca humana desse Bem fundamental último está articulada a bens que lhe são subalternos, cuja vivência concreta pelo sujeito singular e histórico dá-se como exercício de virtudes. Cada uma dessas vivências é “... como uma atualização de uma excelência segundo um fim não redutível ao indivíduo-tal-como-ele-é, mas que o molda, através da moral, para ser tal-como-ele-deve-ser-segundo-o-fim-que-é-seu”.
“Numa primeira aproximação, digo que a Ética surge como ciência do ethos. Ou, como saber racional sobre o ethos. Nela está presente a centralidade do logos discursivo.
Para Aristóteles - que, seguindo Sócrates e Platão, se propõe a constituir a Ética com um estatuto de saber autônomo - a existência do ethos é indiscutível. O ethos se apresenta, primeiramente, como “costume, esquema praxeológico durável, estilo de vida e ação”. Neste sentido, ethos é morada do homem. Torna o mundo habitável, pois rompe com o reino da natureza ou physis - caracterizado pela regularidade e onde impera a necessidade - para abri-lo ao reino da liberdade, onde imperam os costumes, os hábitos, as normas, os interditos, os valores e as ações significantes. O ethos é “morada a partir da qual a realidade se descobre como dotada de significação e valor”. A sua característica de durabilidade não significa que o ethos em tanto que espaço existencial humano possa vir a ser, em qualquer tempo, uma morada pronta e acabada. Cabe ao homem, incessantemente, reconstruí-la.
Num segundo sentido, ethos diz respeito aos hábitos apreendidos pelo sujeito singular, graças à repetição. O ethos, aqui, manifesta-se como constância no agir que se contrapõe aos impulsos do desejo e das paixões. A constância, adquirida pela repetição dos mesmos atos, não advém do reino da necessidade que é a physis, mas, sim, do ethos, em tanto que costume.
Uma questão fundamental. O ethos como costume, estilo de vida e ação; enfim, como morada; embora construído e incessantemente reconstruído, não é pura invenção e criação da arbitrariedade humana. Ele é o espaço, por excelência, onde se manifesta o finalismo do Bem. É um espaço teleológico. É na morada do ethos “que o logos torna-se compreensão e expressão do ser do homem como exigência radical do dever ser ou do Bem”. O ethos, então, não é pura e simplesmente construção do homem tal qual ele se apresente, casuisticamente, nas diversas épocas histórico-culturais; é, antes, espaço de auto-construção do homem segundo uma finalidade que é sua: o Bem.
A articulação entre ethos como morada e ethos como hábito pode, então, aparecer. O primeiro é o conjunto de princípios, normas e estilos que plasmam o segundo. Quando a praxis humana - não acidental, mas regida pela constância do hábito - está conforme ao ethos como morada - ela pode ser chamada ética. E o hábito, aí, é virtude.
Esses dois momentos do ethos é que possibilitam Platão a edificar a ciência do ethos não apenas como ciência da Justiça e do Bem, mas, também, como ciência da ação boa e justa, que é ação segundo o hábito que é virtude. É justamente a ação humana - que, repito, é o percurso entre o que o agente é e o que o agente tende a ser, segundo o finalismo da ação - que representa a instância mediadora entre a universalidade abstrata do ethos como costume e a universalidade singularizada do agente no ethos como hábito.
A concepção do ethos como espaço teleologicamente orientado para o Bem - ou “como a face da cultura que se volta para o horizonte do dever-ser ou do Bem” - é congruente com a formulação de uma ciência do ethos como ciência do Bem. Mas, para tanto, a Ética deferia ser fundada sobre um tipo de conhecimento ou saber absolutamente primeiro: uma ontologia. Ela depende da possibilidade de se chegar ao conhecimento do logos do ser, a uma arqué panton - um princípio de tudo -, um Absoluto transcendente, eterno, imutável. A forma de se chegar a tal conhecimento seria a contemplação, ou teoria. Então - entendendo teoria como era entendida por Platão e Aristóteles, ou seja, como contemplação do Absoluto - podemos perceber a Ética como instância mediadora entre a teoria e a praxis.
A teoria e a praxis expressam dois modos do homem ser, com posturas específicas frente ao mundo. A teoria está “voltada para as coisas, aliás, em última análise, para aquilo que, nas coisas, (é) imutável, eterno, divino. Ela pretende articular um saber apodíctico da ordem universal de todas as coisas em suas estruturas essenciais. Através desse saber, o homem entrava em sintonia com a harmonia da ordem cósmica e se assemelhava ao ser divino, pensando como contemplação pura”. A praxis, em contrapartida, refere-se à ordem do contingente e do condicionado: aos modos concretos de viver institucionalizados na convivência dos homens através dos costumes e estilos que regulam e sustentam as formas concretas de ser homem. No entanto, é dentro desse mundo condicionado que está em jogo a conquista da humanidade do homem: a praxis é “ação através de que o homem se faz homem, isto é, através de que suas potencialidades se atualizam e ele conquista seu ser,(...) é a ação dos homens na busca de si mesmos, e o realizar-se do homem na ação pela mediação da ação, é, em última análise, auto-construção do homem segundo a ordem cósmica universal”. E, como a teoria tematizava a ordem universal, perante a qual o homem situa sua ação, o papel primeiro da Ética como ciência era o de oferecer ao saber prático os pressupostos gerais da ação, sempre adequados à teoria.
Eis, aqui, o porquê da Ética não ser pura e simplesmente a codificação racional do ethos histórico vivido por uma comunidade. Mais que codificadora, ela tem um papel de crítica, de reforma, de atualização e revigoramento dos costumes e instituições vigentes em determinado momento histórico, pois que busca adequá-los aos pressupostos gerais advindos das intuições da teoria e, em suma, do Absoluto eterno, a-histórico, transcendente.
Faço notar, ainda, que o fundamento primeiro - o Absoluto, que é origem de tudo, princípio absoluto, causa inicial - é também causa final ou objetivo último da vida humana. Tal concepção foi trabalhada filosoficamente de distintas formas na história do ocidente, mas permaneceu uma constante em diversas de nossas modernidades. Por exemplo, o Bem platônico, a Natureza aristotélica e o Deus cristão são, ao mesmo tempo, causa inicial e final. A busca humana desse Bem fundamental último está articulada a bens que lhe são subalternos, cuja vivência concreta pelo sujeito singular e histórico dá-se como exercício de virtudes. Cada uma dessas vivências é “... como uma atualização de uma excelência segundo um fim não redutível ao indivíduo-tal-como-ele-é, mas que o molda, através da moral, para ser tal-como-ele-deve-ser-segundo-o-fim-que-é-seu”.
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